1.04.2009

Reeducação alimentar solução para evitar o efeito sanfona


Quilos que vão, quilos que voltam

‘Efeito sanfona’ ameaça não apenas a beleza, mas a saúde. Reeducação alimentar é a solução
Rio - O número de pessoas acima do peso vem crescendo. Em 1980, segundo dados do Ministério da Saúde, 12% dos brasileiros estavam de gordinhos a obesos. Hoje, são 24%. E certamente muitos já passaram pela frustrante experiência de chegar ao peso ideal, com dieta e exercício, mas voltar a engordar. O famoso ‘efeito sanfona’, ou ‘iô-iô’, muito mais do que problema estético, pode levar a doenças graves, como diabetes tipo 2 e hipertensão.

“O efeito sanfona ocorre porque as pessoas realizam longos períodos de jejum para emagrecer. Mas ninguém consegue resistir por muito tempo, e volta a comer em dobro para saciar aquela fome exacerbada que criou”, explica o endocrinologista Tércio Rocha. Ou seja, o efeito sanfona é uma espécie de ‘vingança’ de um organismo submetido a dieta rigorosa. Daí a necessidade de se seguir um programa alimentar que inclua refeições a cada três horas, leves e saudáveis, para manter sempre a fome sob controle — a famosa reeducação alimentar.

“Trabalhando melhor a causa psicológica da saciedade, podemos definir uma linha de tratamento com reeducação alimentar gradual e até o auxílio de antidepressivos, se for preciso”, diz o especialista.

A nutricionista da academia Contours, Daniele Ferreira, conta que são comuns os casos de efeito sanfona. “Uma vez não se alimentando regularmente, o organismo se manifesta na tentativa de preservar o estoque de energia. Com isso, o gasto de energia fica cada vez menor. Quando voltamos a comer, ficamos mais propícios a ganhar peso com a desaceleração da queima de gordura”, explica Daniele.

Tércio ressalta que esse ‘vaivém’ na balança também causa estresse nas funções do pâncreas. “O organismo fica desregulado, estimulando grande produção de insulina, que logo é disparada no sangue. Por fim, o fígado desenvolve resistência à insulina, que é o primeiro passo para o desenvolvimento de diabetes tipo 2”.

Depois de várias tentativas de rápido emagrecimento, sem sucesso, a agente de viagens Aline Gomes conseguiu perder gradativamente 18 kg em 7 meses. Para isso, buscou orientação de nutricionista e passou a malhar diariamente. “Após a gravidez engordei 22kg, mas com muita disciplina superei essa fase e até consegui promover reeducação alimentar dentro de casa. Com as novas receitas saudáveis, até meu marido já perdeu 4 kg”, sorri. Aline acaba de comemorar seus 30 anos. No bolo, havia uma boneca gordinha e outra magrinha. “Meus antes e depois”, brinca.

Coma devagar e seja alegre

A atriz Fabíula Nascimento, que teve que engordar 7 kg para interpretar uma “gordinha sexy e gulosa” no filme ‘Estômago’, do diretor Marcos Jorge, defende a atitude de tentar emagrecer de forma mais lenta, aprendendo a se alimentar melhor. “Para perder esses quilinhos a mais, precisei de um ano de reeducação alimentar, malhação e corrida”, revela a atriz, que chegou a comer 18 coxinhas de galinha para realizar uma cena do filme.

Especialista em vida saudável, Gillian McKeith, autora do recentemente lançado ‘Você e sua Dieta – A Bíblia da Alimentação’ (editora Campus-Elsevier), revela que alguns cuidados simples promovem o bem-estar, como fazer boa digestão, comendo devagar;
controlar o nível de açúcar no sangue e até manter o bom-humor para ter mais imunidade.

Muitas vezes a sociedade condena os “gordinhos” por acreditar que eles não perdem peso por falta de disciplina. Mas uma linha de especialistas crê que pode haver uma causa genética relacionada à obesidade. Um grupo de pesquisadores europeus e norte-americanos descobriu seis variações genéticas associadas ao ganho excessivo de peso.

Pessoas portadoras dessas características genéticas têm índice de massa corporal (IMC) aumentado. O estudo avaliou o perfil genético de mais de 90 mil pessoas de origem européia. E o que chamou a atenção foi o fato de as mutações genéticas alterarem as funções cerebrais ligadas à saciedade e à quantidade de alimentos ingeridos.

Fonte:O Dia

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