1.05.2009

Sexo inseguro, conhecido como barebacking, aumenta cada vez mais


O aumento do sexo inseguro (sem camnisinha) entre homens com comportamento homossexual - prática mais conhecida como barebacking.
Segundo a publicação, o Federal Health Research (centro de pesquisas de saúde), órgão governamental americano, divulgou recentemente a informação de que muitos homens com comportamento homossexual, bem como agentes de prevenção contra o HIV, confirmaram que a prática está se tornando cada vez mais comum. Um estudo com 554 homens assumidamente homo ou bissexuais, residentes na Califórnia, apontou que 70% estavam familiarizados com o termo barebacking e que 14% já o haviam praticado, muitos em relacionamentos extraconjugais.

Pesquisa: sexo inseguro aumenta cada vez mais

O Federal Health Research (centro de pesquisas de saúde), órgão governamental americano, divulgou recentemente a informação de que muitos homens com comportamento homossexual, bem como agentes de prevenção contra o HIV, confirmaram que a prática de sexo inseguro está se tornando cada vez mais comum. Um estudo com 554 homens assumidamente homo ou bissexuais, residentes na Califórnia, apontou que 70% estavam familiarizados com o termo barebacking e que 14% já o haviam praticado, muitos em relacionamentos extraconjugais.

De acordo com a pesquisa, dos homens HIV positivos que participaram do estudo, 22% declararam ser barebackers e 10% dos negativos também tinham feito sexo inseguro nos últimos dois anos. Não há informações sobre qual o número de pessoas em geral (homo, bi ou hetero) que pratica sexo inseguro nem sobre que motivos as levariam à auto-exposição.

Interesse dos jovens

Nas principais metrópoles, o fenômeno tem chamado a atenção de jovens. Comunidades sobre o tema se espalham por sites de relacionamento como o Orkut. No Rio e em São Paulo, a adesão ganha força. Na indústria pornô, os filmes bare são os mais procurados. No YouTube, as postagens com cenas de sexo sem o uso de PRESERVATIVOS lideram o ranking das mais assistidas. Muitos dos que não praticam ou não têm coragem para fazê-lo buscam o prazer lançando mão de DVDs ou de vídeos na internet. O conceito de barebacking se dissemina.

- Colocar-se frente à possibilidade de contágio do HIV por meio do barebacking traz motivações psicológicas que podem ir do sadismo ao masoquismo. A possibilidade de uma relação sexual mais livre, com maior contato íntimo e afetivo pode estar encobrindo uma caráter suicida - avalia Paulo Bonança, sexólogo e psicólogo, membro da Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana e da Associação Brasileira para o Estudo da Inadequação Sexual.

Risco assumido

HIV positivo, o administrador T.W., 45 anos, ratifica a análise de Bonança. Para ele, os adeptos do movimento sabem os riscos da superexposição e, alguns, ressalta, desejam o contágio conscientemente:

- Quem pratica sexo sem PRESERVATIVO não pode ser considerado ingênuo. Tenho um amigo casado com SOROPOSITIVO. Ele pediu ao parceiro que o contaminasse. Disse que era por solidariedade, mas acho que é masoquismo.

As observações de Bonança e T.W. foram comprovadas pelo JB em outra festa com a mesma proposta. Dessa vez, na Zona Oeste, a mais de 60 km da reunião em Ipanema. O encontro, realizado mensalmente em um sítio, é batizado de Vale Tudo e está em sua 17ª edição. De sunga, de cueca ou nus, exigência para entrar, os participantes se divertem ao som de funk. Dos inocentes à la Perlla aos proibidões, compostos pela "galera da comunidade". Agora não há TVs de plasma, luz ambiente, bebidas ou petiscos sofisticados. Computador? Nem pensar. É uma zona praticamente rural. O bar improvisado oferece cerveja em latão, sopa de ervilha, salsichão na brasa, batata frita na hora e campari. O sexo, claro, também é praticado sem timidez. Na varanda do casarão, na sala, nos quartos, na piscina, na grama. O produtor avisa, na entrada, que os PRESERVATIVOS estão disponíveis. Percebe-se o zelo pela prevenção. A maioria, no entanto, dispensa, sobretudo em se tratando de sexo oral.

As situações são muito parecidas com as da festa na Zona Sul. Geralmente, dois dão o sinal verde e, em poucos instantes, como num formigueiro, três, quatro, cinco ou dez estão reunidos em busca do prazer. Há um ano e meio, Igor (codinome de J.C., 42 anos, professor dos ensinos fundamental e médio) produz em sociedade com Renato (A.F, 40 anos, militar), a Vale Tudo. Garante que o encontro não incentiva o bare, é freqüentado só por maiores e que o uso de drogas é proibido. Esses são dois de cerca de 20 itens de uma espécie de manual enviado por e-mail aos convidados. Ainda está registrado na mensagem: "Sexo liberal entre todos. A formação de casais ou grupinhos é censurada. Estamos numa orgia e não num consultório matrimonial".

- Menor, cocaína, ecstasy, crack, maconha ou qualquer outra droga são vetados. Mas sempre há os que usam discretamente. Como posso controlar o que os convidados fazem? Se eu vir, peço que se retirem. Mas não vou colocar seguranças. Isso desconfiguraria a proposta da festa. São adultos. Cada um é responsável por seus atos - frisa Igor.

Campanhas do Ministério da Saúde não têm surtido efeito


Mesmo sem ser em orgia, quem não usa proteção é "barebacker"

A prática do sexo sem o uso de PRESERVATIVO continua a conquistar novos adeptos. As campanhas milionárias do Ministério da Saúde sobre o tema não têm sido lá tão eficazes como deveriam. E apesar do conceito de barebacking estar associado a orgias freqüentadas por homens que praticam sexo com homens, qualquer pessoa, independentemente de orientação sexual, que busca o prazer sem lançar mão de CAMISINHA é um barebacker. Também corre o risco de ser infectado, ainda que não seja um participante assíduo das conversion parties, as polêmicas e inconseqüentes festas de roleta-russa, nas quais os convidados brincam com a possibilidade de contrair o vírus HIV.

- Como expliquei, a conceituação de barebacking se transformou ao longo dos anos - ressalta Jorge Eurico Ribeiro, coordenador de Estudos Clínicos da Fiocruz. - Todos os que praticam sexo sem PRESERVATIVO, seja homo, bissexual ou hetero, podem ser considerados, atualmente, um bare.

Risco permanente

Ribeiro destaca a necessidade de de os que se lançam ao sexo sem camisinhas refletirem sobre o polêmico tema e as conseqüências da prática. Os familiarizados com o termo e o movimento partem para o simples "sou contra" ou "sou a favor", estabelecendo-se, assim, dois lados que se mostram inconciliáveis justamente pela falta de consenso sobre a inconseqüência com que muitos homens praticam o unsafe sex. A discussão vai além.

- É importante se informar, pensar e decidir o que se pretende com isso. Ter uma vida saudável passa longe do exercício do bare. A decisão, claro, é exclusivamente pessoal. Da mesma forma que escolheram a orientação sexual, podem assim decidir o que fazer com o próprio corpo - assinala

Números divulgados pelo Ministério da Saúde sedimentam a análise do pesquisador. Em 1996, no Brasil, o índice de heterossexuais com mais de 13 anos contaminados pelo HIV era da ordem de 22,4% do total de 16.938 infectados. Até junho deste ano, esse percentual saltou para 45,7%. Entre os homo/bissexuais houve uma redução de 32,5% (em 1996) para 27,4% (junho de 2008).

Preço mais alto

Garoto de programa desde 2005, Gabriel Chaves, 22 anos, afirma ser heterossexual e ter namorada. Mas assume que, quando um cliente oferece um valor maior do que o cachê estabelecido para praticar sexo sem PRESERVATIVO, não pensa duas vezes:

- Tem uns que dobram ou triplicam o valor. Eu não tenho como recusar. Com mulher também é assim. Há homens que pagam mais para transar com elas no pêlo. É um risco, mas eu, por exemplo, procuro conversar antes e, aos poucos, perceber a qualidade do cliente - conta.

Gabriel não foge à regra dos barebackers e poderá fazer parte da estatística no futuro. Embora se autodenomine heterossexual, integra o grupo HSH (Homens que praticam sexo com Homens). Há 12 anos, o percentual de HSHs infectados era de 24%. Uma década depois, em 2006, eles já somavam 41% do total de soropositivos naquele ano.

Aumento dos índices

Em 2004, a Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas Sexuais do Ministério da Saúde apontou que o índice estimado de HSHs no Brasil, entre 15 a 49 anos, era da ordem de 3,2 % da população, ou cerca de 1,5 milhão de pessoas. A partir dessa base populacional, a pesquisa calculou a taxa de incidência da AIDS nesse grupo. Foram constatados 226,5 casos para cada 100 mil pessoas. Esse índice é 11 vezes maior do que o da taxa da população geral (de heteros), que é de 19,5 casos por grupo de 100 mil.

O crescimento no número de casos, sobretudo entre os homens, está relacionado ao fato de que toda uma geração, que jamais havia tido contato direto com a AIDS, atingiu uma faixa etária sexualmente ativa. Bombardeados por campanhas em favor do uso do PRESERVATIVO, acabaram desenvolvendo uma certa "imunidade" a elas, crendo que a doença não é um "bicho tão feito quanto pintam".

Quando remédio é desculpa para ficar doente

Difundida principalmente nos Estados Unidos (Califórnia, em primeiro lugar) e na Europa, a prática do barebacking é polêmica. Os adeptos do bare alegam que, em função dos avanços atuais relacionados ao tratamento anti-HIV e à facilidade de acesso a ele, caso sejam contaminados não perderão em qualidade de vida. "Temos os ANTI-RETROVIRAIS, medicamentos que inibem a reprodução do vírus e potencializam o sistema imunológico. Isso impede o surgimento de enfermidades oportunistas (AIDS)", ressaltam. Eles ainda defendem como ponto positivo para não abrir mão da prática o fato de a ansiedade e a angústia frente ao possível contágio pelo HIV desaparecerem, assim que se descobrem soropositivos. Isso é sinônimo de libertação, pois que o uso do PRESERVATIVO passa a ser descartado.

O barebacker está à procura da relação sexual mais livre, com maior contato íntimo e afetivo. As conseqüências, no entanto, relacionadas à prática nem sempre se traduzem de forma positiva, como supõem seus praticantes. ANTI-RETROVIRAIS não são os únicos responsáveis pela qualidade de vida de um HIV. Quando expostos, de forma freqüente, a relações de alto risco, os soropositivos podem sofrer o que se chama de "recontágio", uma nova contaminação, acarretando aumento da carga viral e desencadeamento de queda de imunidade e sintomas. Além disso, têm grande chance de contrair outras DSTS, tais com SÍFILIS. Isso, certamente, dificultará o tratamento.

"Montar a pêlo", a tradução literal para barebacking, seria uma lenda urbana se não houvesse comprovação real da prática. A terrível tendência de comportamento existe. Há, de fato, homens, na maioria homossexuais, que querem ser infectados pelo HIV e outros que têm o prazer de ajudá-los a tornar esse desejo realidade. Psicólogos, antropólogos e sociólogos teorizam sobre distúrbios de comportamento ou disfunção social. Para o resto do mundo, não passam de estúpidos ou patéticos.

Ações de combate são repensadas


Pesquisadores tentam fazer profilaxia, a prevenção antes que contágio se torne realidade

O barebacking e o aumento gradativo do número de pessoas infectadas pelo vírus da AIDS têm provocado discussões pelo país e levado centros de estudos a repensar o desenvolvimento de ações para o combate à doença. O Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec), da Fundação Oswaldo Cruz, participa de uma avaliação mundial que pode apontar resultados para uma nova maneira de prevenir a infecção pelo HIV: o iPrEX, Iniciativa Profilaxia Pré-Exposição.

iPrEx é um estudo clínico que tem como finalidade analisar se dois antiretrovirais (ARV), o Tenofovir (TDF) e o Emtricitabine (FTC), juntos em um comprimido chamado Truvada(r), tomado uma vez ao dia, são seguros e eficazes na prevenção da infecção pelo HIV em homens que fazem sexo com homens (HSH), em alto risco. O TDF e FTC já são usados para tratar o HIV/AIDS.

Outros estudos

Chamada também de Quimioprofilaxia para a Prevenção do HIV em Homens, a pesquisa não é uma idéia nova. Existem outros estudos de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) que estão incluindo diferentes populações com alto risco de infecção nos Estados Unidos, Tailândia, Botsuana, Uganda, Malauí, África do Sul, Zâmbia, Zimbábue e Quênia. A pesquisa depende de voluntários. O Brasil terá 600 dos três mil avaliados no mundo. Só a Fiocruz, em Manguinhos, contará com 200. Atualmente, 11 já participam do projeto.

- A principal intervenção até o momento para prevenir a transmissão do HIV tem sido o aconselhamento e o exame voluntário, nos Centros de Triagem Anônima (CTA), e a promoção do uso de PRESERVATIVO - revela Jorge Eurico Ribeiro, coordenador de Estudos Clínicos da Fiocruz. - A eficácia dessas intervenções para reduzir o comportamento de risco foi demonstrada em alguns lugares, mas não em outros. O fato é que a incidência do HIV ainda é alta, mesmo em lugares onde existem políticas de promoção do uso de PRESERVATIVOS em 100% das relações sexuais. No Brasil, o número de casos acumulados de AIDS entre 1980 e junho deste ano chegam a 506.499, 333.485 são do sexo masculino, ou 66% do total.

Desinformação

Ribeiro explica por que os homens que fazem sexo com homens (HSH) compõem um dos grupos mais afetados pela AIDS.

- Em países onde se obtiveram informações concretas, constatou-se que prevalência do HIV em HSH é muito mais alta que na população em geral. E essa situação piora nas nações em que se nega a existência de HSH ou onde ela é causa de discriminação. O resultado é a falta de serviços de prevenção e de cuidados especialmente concebidos para HSH.

Fonte: Jornal do Brasil

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom dia
Parabéns pelo blog está fantástico.
http://www.TudoSobreSexo.net
Um grande abraço

Antonio Celso da Costa Brandão disse...

"boaspraticasfarmaceuticas"
Agradece os elogios ao Blog e acompanha sempre com muito interesse o trabalho do "TudoSobreSexo.net"
Um abraço