Objetivo é desvincular aumento do mínimo para evitar elevação de tributos. Agora, vice diz que antecipar eleições é golpe
O Dia
Brasília - A equipe que prepara medidas para um eventual governo de Michel Temer estuda
proposta para desvincular benefícios — incluindo os da Previdência —
dos reajustes concedidos ao salário mínimo. Hoje, a maior parte das
aposentadorias tem o aumento vinculado ao do mínimo. A ideia é reduzir
as despesas com esses pagamentos e evitar a elevação de impostos. Os conselheiros de Temer reconhecem que a medida é impopular, porém necessária, e afirmam que o melhor momento
para executá-la é no início da gestão, quando o apoio ao governo tende a
ser maior. Outro projeto estudado é eliminar as vinculações
constitucionais, como gastos obrigatórios com saúde e educação, que
engessam o Orçamento federal. Temer promete ainda fazer um corte grande
nos ministérios.
Vice-presidente Michel Temer afirmou que ficou muito “bem impressionado” com Henrique Meirelles
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Nesta terça-feira, o vice-presidente confirmou que seu nome preferido
para ocupar o Ministério da Fazenda é Henrique Meirelles, ex-presidente
do Banco Central no governo Lula. “Das conversas que tive, Meirelles é
de fato o mais cotado”, afirmou Temer, a um dos políticos que o visitou
ontem em Brasília.
OUTRO LADO As ideias da equipe de Temer geraram reações positivas
na Bolsa de Valores — que subiu mais de 2% ontem — e negativas no
governo Dilma. O ministro Miguel Rossetto (Trabalho e Previdência
Social) reagiu com indignação à notícia de que Temer vai insistir na
proposta de desvincular benefícios - incluindo os da Previdência — dos
reajustes ao mínimo. Na avaliação de Rossetto, essa desvinculação é
criminosa. “Essa proposta é um crime contra 22 milhões de aposentados
urbanos e rurais que conquistaram dignidade a partir dessa vinculação”,
analisou Rosseto. “A vinculação dos pagamentos previdenciários
ao reajuste do mínimo é um dos grandes responsáveis pela retirada de
famílias da linha da pobreza”, afirmou. A avaliação da equipe de Temer,
no entanto, é de que esse caminho é mais viável do que a elevação de
tributos nesse momento de recessão. Segundo os assessores do
vice-presidente, agora é hora de investir no emprego. “É preciso ter uma
política econômica que, daqui seis a oito meses, comece a gerar
emprego. É preciso começar a reempregar”, explicou o vice traira. GOLPE Temer
chamou ontem de ‘golpe’ a tentativa de antecipação das eleições
presidenciais para este ano, proposta de alguns parlamentares. Temer
disse que, nos Estados Unidos, “as pessoas ficariam coradas” de
apresentar uma proposta como essa. Comissão elege Anastasia Uma
sessão dominada por discussões acaloradas abriu ontem os trabalhos da
comissão especial que analisa o pedido de impeachment da presidente
Dilma Rousseff no Senado. Como já havia sido acertado, o nome do senador
Raimundo Lira (PB) foi confirmado para a presidência sem nenhuma
contestação de opositores e governantas. Mesmo sendo do PMDB, aliados da
presidente consideram que o senador tem bom trânsito com todos e uma
postura equilibrada. A polêmica de mais de duas horas ocorreu
com a eleição do relator, senador Antônio Anastasia (PSDB-MG). A
confirmação do nome do senador tucano, em votação simbólica, marcou a
primeira grande derrota dos governistas na comissão, que conseguiram
somar apenas cinco votos contrários. Anastasia, segundo os governistas,
também teria praticado pedaladas fiscais quando era governador de Minas e tem o seu nome ligado às investigações da Lava Jato.
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