A falta de provas inocenta o Lula e desespera o Moro.
Com as intermináveis delações da Odebrecht, que fugiram ao controle,
sobrou para todo mundo na alta cúpula política do país, mas o alvo
principal continua sendo o ex-presidente Lula.Faltam 13 dias. Na reta final para o interrogatório em Curitiba, marcado para o próximo dia 3 de maio, o juiz Sergio Moro fecha o cerco ao ex-presidente.
Para esta quinta-feira, está marcado o interrogatório do delator Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, figura central nas denúncias contra Lula na 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba (ver matéria aqui no R7).
Na véspera, advogados do ex-presidente apresentaram documentos para provar que o agora célebre apartamento do Guarujá continua sendo de propriedade da empreiteira, não dele.
A falta de provas tem sido até aqui a principal alegação dos advogados de defesa para inocentar Lula nos cinco processos em que foi declarado réu.
É pouco crível, porém, que o juiz Moro tenha marcado a data para seu primeiro encontro cara a cara com o acusado, três anos após o início da operação, se já não tivesse juntado provas suficientes para incriminá-lo.
Desde o início, Moro tem agido mais como promotor do que como juiz, em parceria com os procuradores da República, e o embate entre os dois saiu da esfera jurídica e política para o campo pessoal.
Isso ficou claro esta semana no episódio das 87 testemunhas arroladas pela defesa, o que levou Sergio Moro a convocar Lula para acompanhar pessoalmente todas as audiências.
Lula se tornou o grande troféu de Moro, o juiz de primeira instância que comanda a força tarefa da Lava Jato em Curitiba, virou celebridade midiática e já teve até seu nome incluído entre os presidenciáveis.
A guerra que se estabeleceu na relação entre juiz e réu divide o país entre os que querem ver Lula condenado e preso e os que querem ver Moro quebrar a cara no interrogatório marcado para daqui a duas semanas.
Aliados dos dois lados já começaram a organizar caravanas para acompanhar a audiência na Justiça Federal em Curitiba, o que faz prever um clima de beligerância também do lado de fora do prédio.
O confronto direto vai ser certamente o dia mais difícil dos 70 anos de vida de Lula e o momento decisivo da carreira do jovem juiz do Paraná.
Dificilmente esta disputa terminará empatada.
Ali se vai decidir não só um dos processos judiciais movidos contra Lula, mas o futuro político do país com vistas ao cenário das eleições presidenciais de 2018, em que o ex-presidente lidera até aqui todas as pesquisas.
As denúncias contidas nas delações dos Odebrecht, pai e filho, além de vários executivos da empreiteira, sobre os benefícios pessoais oferecidos pela maior empreiteira do país ao ex-presidente, ao longo de sua carreira política, podem se tornar o grande trunfo dos acusadores, mas também dependem ainda de comprovação, e o tempo agora é curto.
Até aqui, Lula vem negando tudo e se limita a denunciar uma perseguição política que levou seus defensores a apelarem até para um tribunal da ONU.
Como fraternal amigo de Lula há mais de quarenta anos, é muito difícil para mim tratar deste assunto, mas a minha obrigação como jornalista é ser fiel, acima de tudo, à verdade factual e aos leitores.
Assim como acontece com Moro, reconheço que não tenho isenção para falar de Lula, mas por razões opostas.
Numa democracia, cabe a cada cidadão fazer seu próprio julgamento diante dos fatos apresentados, com base nos autos do processo, neste momento crucial para o destino de todos nós.
Vida que segue;
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