Temer admite ter participado da reunião da propina de US$ 40 milhões
Michel Temer, que ontem soltou nota para contestar a delação do
executivo Marcio Faria, que o acusou de presidir uma reunião em que se
acertou pagamento de propina de US$ 40 milhões, que equivalem a R$ 126
milhões, para o PMDB, hoje recuou e disse que esteve sim no encontro;
"Participei de uma reunião com o representante de uma das maiores
empresas do País", afirmou; Faria afirmou que o valor doado ao PMDB foi
totalmente ilegal e indevido, uma vez que representava 5% de um contrato
da Petrobras; "A mentira é que eu teria ouvido referência a valores ou
negócios escusos da empresa. Isso jamais aconteceu. Nem nessa reunião
nem em qualquer outra reunião que eu tenha feito ao longo de minha vida
pública com qualquer pessoa física ou jurídica. Jamais colocaria a minha
biografia em risco", disse
Michel Temer comandou uma reunião com a Odebrecht na qual foi
acertado pagamento de propina de 40 milhões de dólares ao PMDB em 2010,
quando era candidato a vice-presidente da República, afirmou Marcio
Faria, um dos delatores da empreiteira em depoimento no âmbito da
operação Lava Jato; a história é contada em detalhes numa reportagem da
Agência Reuters; segundo o delator, o encontro aconteceu no escritório
político de Temer em São Paulo, e o valor se referia a 5 por cento de um
contrato da Odebrecht com a Petrobras; "Totalmente vantagem indevida,
porque era um percentual em cima de um contrato", disse Faria no
depoimento, quando perguntado se havia ficado claro na reunião que o
repasse era relativo a pagamento de propina; pesquisa CUT/Vox revela que
só 5% dos brasileiros aprovam Michel Teme
A liberação do conteúdo das delações da Odebrecht revelou que a
participação do senador José Serra (PSDB-SP) nos esquemas de corrupção
da empreiteira era ainda maior do que se pensava; além do apelido
"Careca", Serra também aparece como o "Vizinho" na famosa lista de
propinas da empresa; segundo delação do ex-superintendente na Odebrecht
Infraestrutura Fábio Gandolfo, a Odebrecht teria feito pagamentos a
Serra no valor de 3% do contrato das obras de extensão da Linha 2
(Verde) do Metrô; Serra era batizado na empresa como "Vizinho", por
morar perto do então presidente da Odebrecht Pedro Novis; Gandolfo
identificou R$ 4,670 milhões para o "Vizinho"
A presidente deposta Dilma Rousseff (PT) negou veementemente as
acusações feitas pelo empresário Marcelo Odebrecht e por outros membros
da cúpula de sua empreiteira; Dilma foi categórica ao afirmar que
Odebrecht "faltou com a verdade" nas acusações contra ela e reiterou que
jamais teve relação de amizade com o empresário; Dilma destacou que
muitas vezes agiu contra os interesses da construtora, em favor do
interesse público de todos os brasileiros; "Muitas vezes os pleitos da
empresa não foram atendidos por decisões do governo, em respeito ao
interesse público. Essa relação distante, e em certa medida conflituosa,
ficou evidenciada em passagens do depoimento prestado pelo senhor
Marcelo Odebrecht", disse Dilma
Em entrevista à rádio Metrópole, em Salvador, nesta quinta-feira, o
ex-presidente Lula reiterou que não teme ser preso, pelo fato de não
haver prova contra ele em nenhuma das acusações que ele sofre no âmbito
da Lava Jato; "Eu tenho consciência de que não vou ser preso. Eu não
cometi crime, eu quero que os acusadores provem", afirmou Lula; ele
voltou a criticar os vazamentos dos depoimentos colhidos pela força
tarefa da operação. "Nós estamos vivendo uma situação que o vazamento
das denúncias acontece de dentro da sala do juiz. Os advogados são os
últimos a saber"; Lula diz ainda que Marcelo Odebrecht foi "coagido a
delatar"
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e seu pai, o vereador e
ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (DEM), que são alvo de
inquérito por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) pela suspeita dos
crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, teriam recebido R$
350 mil da Odebrecht para campanhas eleitorais em 2008; detalhe: naquele
ano, nem pai e nem filho se candidataram; acusação de que os R$ 350 mil
teriam sido repassados a Rodrigo Maia foi feita pelo delator da Lava
Jato e ex-executivo da empreiteira Benedicto Barbosa da Silva Júnior
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