Cunha, no entanto, tem uma dívida maior com o Brasil. Ao acolher o pedido de impeachment sem crime de responsabilidade formulado pelo PSDB contra a presidente legítima Dilma Rousseff, ele abriu as portas para a destruição da democracia brasileira, da economia nacional e da imagem do País no mundo. De nação admirada e respeitada, o Brasil se converteu numa gigantesca república bananeira, que causa perplexidade.
O momento crucial dessa destruição nacional foi a sessão do dia 17 de abril de 2016, quando os parlamentares justificaram seus votos na sessão do impeachment. Personalidades bizarras, enroladas em bandeiras, vomitavam asneiras, revelando a baixíssima qualidade do parlamento. Naquele "Dia da Infâmia", na sessão presidida por Cunha, ele pediu que Deus protegesse o Brasil.
Não se sabe se depois daquela sessão houve alguma intervenção divina, mas Cunha acabou preso, assim como vários outros personagens que tiveram participação decisiva no golpe, como os peemedebistas Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima. Outros, como Aécio Neves, conseguiram escapar, mas ainda terão pela frente uma maratona de processos judiciais.
Condenado a 15 anos e quatro meses de prisão, Cunha vinha se mantendo em silêncio graças à mesada que recebia da JBS, de Joesley Batista. Agora, mais do que simplesmente contar como atuava a quadrilha do PMDB, ele poderá revelar como se deu a sua própria eleição para a presidência da Câmara, indicando quais deputados foram comprados – e por quanto.
Em seguida, Cunha deveria dizer também como a sua bancada particular se comportou na votação do impeachment e indicar quais foram os empresários que financiaram o golpe. Quem sabe assim ele poderá um dia dormir em paz com a sua consciência, permitindo que o Brasil recupere a sua democracia
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