7.24.2017

Dilma: o país que tiramos do mapa da fome hoje é desmontado


247 - A presidente eleita Dilma Rousseff voltou a defender nesta segunda-feira, 24, a realização de eleições gerais diretas como a única saída para a crise política e econômica que assola o País.
"No Brasil, sem eleição direta, não se pode construir legitimidade para fazer as reformas reais – não essas que estão aí", afirmou Dilma em entrevista à rádio Tabajara, da Paraíba. A presidente eleita criticou o golpe parlamentar que a depôs do Palácio do Planalto.
"Eles deram o golpe porque perceberam que por quatro eleições perderam, e são nas eleições presidenciais que se discute projeto de país. Decidiram dar o golpe porque não poderiam aplicar o modelo deles por via de eleições. Agora estão acabando com o Bolsa Família, reduziram em 800 milhões, reduziram o número de famílias em 1 milhão. Em momento de crise, em que tinha que aumentar os benefícios, reduziu o número de famílias. A mágica que fizeram foi da exclusão", afirmou Dilma, arrematando: "O país que tiramos do mapa da fome hoje vemos ser desmontado".
Ao falar da reforma trabalhista, sancionada por Michel Temer, Dilma enfatizou que pela primeira vez em 70 anos se tira a proteção do lado mais fraco da relação entre patrão e empregado. "O que é a regulação do mercado de trabalho? É equilibrar essa relação. Não é pender para um lado, mas garantir que o lado mais fraco tenha a necessária proteção. Pergunto quais são os indicadores de que isso leva ao aumento do emprego, melhoria da atividade econômica, ampliação da demanda. As evidências mostram o contrário. Estudos do BC, do FMI, mostram que não há correlação, não há relação positiva entre reforma trabalhista, desregulamentação do mercado de trabalho e aumento do empregos", afirmou. 
"Acredito que a democracia é a coisa mais importante que nós temos. Sempre que o Brasil teve democracia, ele cresceu. Sempre que a democracia foi reduzida, o Brasil perdeu. Nós precisamos de processo de eleições diretas sem casuísmo, sem tirar ninguém do pleito. O Brasil precisa se reencontrar, precisa de um pacto por baixo, alguém eleito pelo povo", disse a presidente 
Lula candidato 
Durante a entrevista à rádio Tabajara, Dilma criticou a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz Sérgio Moro. "O juiz foi muito pautado por aquele procurador que dizia não ter provas, mas convicções. Aí você cria situação perigosa, porque não se pode romper com o princípio básico da democracia, de que todos são iguais perante a lei. Quando você cria um único que não é igual, você entra no perigoso terreno do fascismo", afirmou.
A presidente eleita defendeu o direito de Lula disputar as eleições. "Sou a favor que agora outrem governe o país. Atualmente, tenho um candidato do meu coração e da minha razão. É o Lula, nosso querido nordestino Lula". "Lula não sofreu só com abuso de autoridade, mas acho que está em curso em relação ao Lula é o lawfare. É um paralelo com a guerra. A guerra quer destruir o inimigo fisicamente, mas no mundo democrático ocorre o uso da lei como arma para destruir do ponto de vista civil uma pessoa. Julga, condena, pune e tira as condições morais e éticas dela se construir e se colocar politicamente. Ela tem como decorrente a justiça do inimigo. Você não quer julgar, quer destruir."

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