O empresário Joesley Batista, um dos sócios do grupo JBS, afirmou em seu
acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR)
que pagou uma espécie de 'mesada' no valor de R$ 50 mil ao senador
Aécio Neves (PSDB-MG) ao longo de dois anos, entre 2015 e 2017.
A informação é do jornal Folha de S.Paulo .
De acordo com o relato de Joesley, os pagamentos eram feitos por meio
de transferências da JBS a uma rádio de Belo Horizonte da qual
Aécio Neves era sócio. O empresário disse aos investigadores que o
próprio senador solicitou esse recurso durante um encontro entre os
dois no Rio de Janeiro. Segundo reportou a Folha , Joesley disse à PGR que
Aécio pretendia utilizar esse dinheiro no "custeio mensal de suas despesas"
As afirmações do empresário foram cimentadas pela entrega de 16 notas fiscais,
cujos valores somam R$ 864 mil, que indicam a prestação de
"serviço de publicidade" da rádio Arco Íris, afiliada da Jovem Pan na
capital mineira, à rede de frigoríficos JBS.
Joesley disse aos investigadores que não tem certeza se algum serviço
efetivamente foi prestado, mas salientou que seu objetivo com os pagamentos
era somente o repasse dos R$ 50 mil mensais a Aécio.
A primeira nota fiscal entregue por Joesley Batista à PGR data de
julho de 2015, enquanto a última delas foi emitida em junho do ano passado.
Nessa data, a relação de Aécio com o empresário já havia se tornado
pública devido ao vazamento de gravações feitas por Joesley. O caso
chegou a provocar a suspensão do mandato de Aécio como senador
por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin.
Aécio réu
A delação de Joesley foi ponto de partida para Aécio se tornar réu por
corrupção e tentativa de obstrução à Justiça, conforme determinou a Primeira
Turma do STF nesta semana. A primeira acusação trata de episódio
no qual Aécio recebeu, por meio de seu primo Frederico Medeiros,
empréstimo de R$ 2 milhões de Joesley para supostamente arcar
com sua defesa na Operação Lava Jato.
Já em relação ao crime de obstrução à Justiça, a PGR mencionou
na denúncia conversa gravada na qual Aécio cita a Joesley a existência
de suposta estratégia para direcionar as distribuições de inquéritos
da Lava Jato para delegados pré-selecionados na Polícia Federal.
Também é apontada na denúncia "intensa atuação nos bastidores
do Congresso Nacional" por parte do senador para impedir o
avanço das investigações e a punição de políticos.
À Folha , a defesa de Aécio Neves negou que o senador tenha
solicitado 'mesada' de Joesley. O advogado do tucano confirmou
que houve pagamentos da JBS à rádio Arco Íris – da qual o tucano já não é mais sócio –, mas garantiu que trata-se de uma "relação comercial lícita" que foi aproveitada por Joesley para "forjar mais uma falsa acusação" contra o parlamentar.
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