Esse problema é constantemente associado a bebês, mas pode
atingir, também, crianças e adultos
Estimativas apontam que a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE)
acomete aproximadamente 35 milhões de brasileiros. “Este distúrbio é
provocado pelo funcionamento incorreto da válvula que separa
o esôfago do estômago. Por causa do ambiente ácido causado pelo
refluxo no esôfago, faringe e boca, há malefícios para os dentes e
as outras estruturas bucais e faríngeas”, explica Gerson Köhler,
especialista em ortodontia e ortopedia facial que atua na equipe
interdisciplinar da Köhler Ortofacial.
É comum confundir a DRGE com azia, gastrite ou úlcera, já que
o distúrbio causa queimação e até retorno da comida e de suco
gástrico pelo esôfago. Segundo Gerson, nos bebês a válvula
é frouxa, pois o organismo está em processo de desenvolvimento
e amadurecimento: “O alimento volta do estômago para o esôfago,
provocando o refluxo. O bebê sente dor, desconforto, fica irritado
e pode vomitar. O suco gástrico causa queimação no esôfago e se
atingir a traqueia há chances da criança sofrer com pneumonia”,
esclarece o ortodontista,
Nos adultos o funcionamento inadequado da válvula é
relacionado a questões genéticas e fatores ambientais
– como o estresse, consumo de tabaco e álcool e
alimentação incorreta. Além da azia, queimação, dores,
enjoos e retorno do conteúdo presente no estômago,
sintomas como tosse crônica, pigarro, rouquidão, sensação
de catarro na garganta, gosto amargo na boca e dores no
peito podem ser sinal de refluxo. “A DRGE pode evoluir
para esofagite, inflamação na parede do esôfago.
A esofagite aumenta as chances do paciente desenvolver
câncer de esôfago, mas a incidência é rara”, observa o especialista.
As consequências para a boca são maléficas.
Quando o refluxo atinge a cavidade bucal surgem lesões
nos tecidos moles, as famosas aftas, erosões, cáries e
desgastes por atrito nos dentes. “Quanto mais erosões nos dentes
pior é a situação da face dos mesmos que fica em contato
com a língua. Os pacientes reclamam também de sensibilidade dentária,
gosto azedo e ardência bucal. Os dentes são acometidos
ainda pelo processo de descalcificação e ficam fragilizados.
A intensidade e diversidade dos sintomas e as complicações
comprometem o bem-estar e a qualidade de vida dos indivíduos
que tem o problema”, ressalta.
Refluxo e bruxismo podem ser associados à apneia obstrutiva do sono:
Um estudo apresentado em 2009 em um congresso nos
Estados Unidos apontou que 35% dos pacientes com apneia
obstrutiva do sono têm refluxo gastroesofágico. Os dados
também revelaram que um em cada quatro pessoas com
apneia apresentam bruxismo. “A apneia é uma condição que
pode causar quadros de saúde secundários. Ao diagnosticar o
distúrbio do sono é essencial avaliar a saúde do indivíduo por
completo para garantir que o organismo seja tratado por inteiro”,
acrescenta Juarez Köhler, ortodontista e ortopedista facial que
compõe a equipe clínica da Köhler Ortofacial e que atua de
maneira interdisciplinar em distúrbios do sono.
A associação do bruxismo e do refluxo à apneia está ligada
a ansiedade, ao consumo de cafeína e a necessidade do corpo
de responder a estímulos. “Este distúrbio do sono caracterizado
pela interrupção temporária da respiração vem acompanhado
de ronco e dificuldades para respirar. Os pacientes diagnosticados
com refluxo e apnéia têm mais um agravante, já que o sistema
respiratório é afetado por ambos os males. Se a comida e o
ácido presentes no estômago penetrar - indevidamente
- nas vias aéreas, em direção aos pulmões, há o risco do
surgimento de problemas respiratórios como asma e pneumonia”.
Para prevenir a doença é preciso seguir orientações fundamentais
para uma vida saudável: praticar exercícios físicos, manter uma
dieta equilibrada, controlar o peso corporal e ficar longe de vícios
como o cigarro e o álcool. Abusar da cafeína também é um hábito
condenado para quem não quer sofrer com o distúrbio.
“O diagnóstico é feito com endoscopia e, se necessário,
o médico pode solicitar a realização de um exame que mede o
nível de acidez do esôfago. Mesmo com tratamento os sintomas
podem surgir novamente, já que o refluxo parece não
ter - ainda - uma cura definitiva”, destaca o professor Gerson,
que também exerce atuação interdisciplinar, com médicos
especializados, nas questões de distúrbios do sono, sendo
associado à Associação Brasileira do Sono.
Nenhum comentário:
Postar um comentário