2.24.2008

ESPECIALISTAS ALERTAM PARA RISCOS DAS NANOPARTÍCULAS

ESPECIALISTAS ALERTAM PARA RISCOS DAS NANOPARTÍCULAS
08/02/2008
Preocupante resultado do desenvolvimento das nanotecnologias, as nanopartículas se infiltram de modo inédito no corpo humano e em outros organismos vivos, obrigando os profissionais e os consumidores a revisarem as medidas de prevenção sanitárias, alertaram os especialistas. Os profissionais que participam da elaboração ou da produção destes novos materiais, que serão dois milhões até 2015, são os mais expostos à inalação destas partículas pelo menos de duas a três vezes inferiores a 100 nanômetros. As nanopartículas, extremamente diferentes entre si no que diz respeito às suas propriedades químicas, têm como ponto comum uma massa muito fraca, que, no entanto, ocupa proporcionalmente uma superfície considerável. "Quanto mais a matéria se divide em pedaços pequenos, mais reativa é e, por isso, mais perigosa", afirmou Daniel Bloch, médico laboratorista da Comissão Francesa de Energia Nuclear (CEA), em uma entrevista concedida em Paris no Observatório de Micro e Nanotecnologias (OMNT), uma estrutura comum ao CEA e ao Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS). Na indústria, a exposição ao pó é tradicionalmente medida com a ajuda da massa de partículas, mas com os nanomateriais "a superfície será provavelmente um parâmetro mais pertinente que a massa", avaliou. Segundo Bloch, "os valores limites de exposição profissional poderiam ser muito elevados caso se trate de aerossóis de nanopartículas". Felizmente, existem meios para evitar a exposição, já que os dispositivos que são eficazes com os gases também o são com as nanopartículas. Mais de 550 produtos que estas novas matérias contêm já são comercializados, em quantidades cada vez maiores. As substâncias mais freqüentes são o óxido de titânio e o óxido de silício, usados nos cremes corporais. Francelyne Marano, diretora do laboratório de citofisiologia e toxicologia celular da Universidade Paris 7, lembra que "a ultrapassagem da barreira cutânea não se produz quando a pele está sã, mas é possível em caso de insolação, por exemplo". Alguns destes materiais são também utilizados na alimentação, como o silício coloidal, que entra na composição do chocolate em pó para evitar a formação de grânulos. A capacidade destes novos materiais de passar dos pulmões ao sangue e depois aos outros órgãos continua sendo pouco conhecida, ressalta Marano, ressaltando a preocupação oriunda do fato de que se voltou "a encontrar o tipo de conformação do amianto nos nanotubos". Já se sabe que as nanopartículas podem provocar, em concentrações elevadas, um estresse oxidante e, por isso, inflamações. Na natureza, "podem transportar pela grama grandes quantidades de contaminantes conhecidos" como o arsênico ou os pesticidas, explicou, por sua vez, Jean-Yves Bottero, diretor do Centro Europeu de Geociência do Meio Ambiente (Cerege), na Aix-en-Provence (sul da França). Por sorte, seu impacto em curto prazo se vê limitado pelo fato de que "as nanopartículas parecem ser rapidamente bloqueadas em sua transferência e se mantêm no solo sem alcançar o lençol freático", afirma. Isso, no entanto, não impede que, ao que parece, se tenha "em escassas doses e em longo prazo, uma alteração mascarada do DNA (patrimônio genético)", assim como efeitos sobre a biodiversidade.
Fonte: AFP - Notícias Terra

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