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12.03.2008
Cada um tem o seu potencial.
> Cada um tem o seu potencial.
>
>
> Durante minha vida profissional,
> eu topei com algumas figuras
> cujo sucesso surpreende muita gente.
>
> Figuras sem um Vistoso currículo acadêmico,
> sem um grande diferencial técnico,
> sem muito networking ou marketing pessoal.
> Figuras como o Raul.
>
> Eu conheço o Raul desde os tempos da
> faculdade.
> Na época, nós tínhamos um colega de classe,
> o Pena, que era um gênio.
>
> Na hora de fazer um trabalho em grupo,
> todos nós queríamos cair no grupo do Pena,
> porque o Pena fazia tudo sozinho.
> Ele escolhia o tema, pesquisava os livros,
> redigia muito bem e ainda desenhava
> a capa do trabalho - com tinta nanquim.
>
> Já o Raul nem dava palpite.
> Ficava ali num canto, dizendo que
> seu papel no grupo era um só, apoiar o Pena.
> Qualquer coisa que o Pena precisasse,
> o Raul já estava providenciando,
> antes que o Pena concluísse a frase.
>
> Deu no que deu.
> O Pena se formou em primeiro lugar na nossa
> turma.
> E o resto de nós passou meio na carona do
> Pena
> - que, além de nos dar uma colher de chá
> nos trabalhos, ainda permitia que a gente
> colasse
> dele nas provas.
>
> No dia da formatura,
> o diretor da escola chamou o Pena de
> 'paradigma do estudante que enobrece
> esta instituição de ensino'.
>
> E o Raul ali, na terceira fila, só
> aplaudindo.
>
> Dez anos depois, o Pena era a estrela da área
> de planejamento de uma multinacional.
> Brilhante como sempre, ele fazia admiráveis
> projeções
> estratégicas de cinco e dez anos.
> E quem era o chefe do Pena?
> O Raul.
> E como é que o Raul tinha conseguido chegar
> àquela posição?
> Ninguém na empresa sabia explicar direito.
> O Raul vivia repetindo que tinha subordinados
> melhores do que ele,
> e ninguém ali parecia discordar de tal
> afirmação.
> Além disso, o Raul continuava a fazer
> o que fazia na escola, ele apoiava.
>
> Alguém tinha um problema?
> Era só falar com o Raul que o Raul dava um
> jeito.
>
> Meu último contato com o Raul foi há um ano.
> Ele havia sido transferido para Miami,
> onde fica a sede da empresa.
> Quando conversou comigo,
> o Raul disse que havia ficado surpreso com o
> convite.
> Porque, ali na matriz,
> o mais burrinho já tinha sido astronauta.
>
> E eu perguntei ao Raul qual era a função
> dele.
> Pergunta inócua, porque eu já sabia a
> resposta.
> O Raul apoiava. Direcionava daqui, facilitava
> dali,
> essas coisas que, na teoria, ninguém
> precisaria
> mandar um brasileiro até Miami para fazer.
>
> Foi quando, num evento em São Paulo,
> eu conheci o Vice-presidente de recursos
> humanos
> da empresa do Raul.
> E ele me contou que o Raul tinha uma
> habilidade
> de valor inestimável:...
> ele entendia de gente.
> Entendia tanto que não se preocupava
> em ficar à sombra dos próprios subordinados
> para fazer com que eles se sentissem melhor,
> e fossem mais produtivos.
> E, para me explicar o Raul,
> o vice-presidente citou Samuel Butler,
> que eu não sei ao certo quem foi,
> mas que tem uma frase ótima:
>
> 'Qualquer tolo pode pintar um quadro,
> mas só um gênio consegue vendê-lo'.
>
> Essa era a habilidade
> aparentemente simples que o Raul tinha,
> de facilitar as relações entre as pessoas.
>
> Perto do Raul, todo comprador normal
> se sentia um expert,
> e todo pintor comum, um gênio.
> Essa era a principal competência dele.
>
> 'Há grandes Homens que fazem
> com que todos se sintam pequenos.
> Mas, o verdadeiro Grande Homem é aquele
> que faz com que todos se sintam Grandes.'
Texto: Max Gehringer
Comentário"boaspraticasfarmaceuticas":
O Raul desenvolveu a técnica da engenharia humana,
e a empresa mesmo tendo genios como o Pena necessitam
de incentivo e percepção para desenvolver os seus talentos.
>
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