3.17.2009

AIDS ENTRE IDOSOS É ALARMANTE


Aumentam casos de infecção entre idosos
Cresce o número de casos de Aids entre a população com mais de 50 anos no País, tanto em homens, que ainda são os mais acometidos, mas também, e especialmente, entre as mulheres.

Segundo explicações da diretora do Programa Nacional de DST e Aids, Mariângela Simão, a população acima de 50 anos é menos propensa a usar preservativos, expondo-se mais ao risco de infecção pelo HIV. Ela lembrou que o uso de remédios contra a impotência tem intensificado a vida sexual. “São pessoas que iniciaram suas vidas sexuais numa época sem Aids. Pesquisas mostram que quanto mais velho menor o uso de preservativo

Em seu boletim, a Organização Mundial da Saúde chama a atenção para o aumento dos casos de infecção em maiores de 50 anos. No Brasil, número de pessoas com HIV nessa faixa etária dobrou desde 1996. O Viagra e as relações sexuais não protegidas entre as pessoas com mais de 50 anos estão entre as causas do número "assombrosamente elevado" de infecções pelo vírus da Aids nessa faixa etária, segundo estudo publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Nos Estados Unidos, entre a população de soropositivos, a proporção de pessoas com mais de 50 anos passou de 20% a 25% entre 2003 e 2006, relata um estudo divulgado ontem, na edição de março do Boletim da OMS. No Brasil, o número de pessoas com mais de 50 anos soropositivas dobrou entre 1996 e 2006, "pulando de 7,5 casos para 15,7 casos para 100 mil habitantes".

Na Europa, a proporção dos que têm mais de 50 anos entre a população de soropositivos era de 8% em 2005. Para os autores do estudo, o fenômeno se explica em parte pela eficácia de terapias contra a Aids, "que prolongam a sobrevida", fazendo com que as pessoas infectadas venham a aumentar nas estatísticas o percentual dos que têm mais de 50 anos. Mas "supõem, também, que muitas pessoas mais velhas infectadas contraíram o HIV com uma idade avançada", apesar da falta de dados mais precisos sobre a questão.

A pesquisa destaca que o aparecimento, a partir do final dos anos 1990, de medicamentos voltados para problemas de ereção (como o Viagra) permitiu aos homens prolongar sua atividade sexual. Insiste, ainda, no fato de que as pessoas mais idosas são "menos inclinadas que as gerações mais jovens a manter relações sexuais protegidas".

DIAGNÓSTICO TARDIO - No carnaval deste ano, o tema da campanha de combate à Aids lançada pelo governo foi exatamente o avanço dos casos da doença entre pessoas de maior idade. Levantamento do Ministério da Saúde estima que a quantidade de infecções entre brasileiros de 50 a 59 anos aumentou 150% de 1996 para 2006. Entre os maiores de 60 anos, o salto chegou a 152%.

Para a OMS, o avanço do HIV entre os mais velhos é "inquietante", e o número de pessoas desse grupo infectadas "poderia aumentar em todo o mundo". George Schmid, do departamento de HIV/Aids da OMS, pede aos governos que compreendam "por que e como essas pessoas se infectam, de modo a que as campanhas de saúde pública possam chegar de forma mais precisa ao alvo e impedir as infecções".

A organização destaca ainda que é preciso superar o estereótipo da Aids como "uma doença de jovens". "Os médicos raramente submetem seus pacientes (com mais idade) a um teste de HIV. Por isso, o diagnóstico é com frequência tardio", explica o estudo.

Acima dos 65 anos, a expectativa de vida de um paciente contaminado cai para quatro anos, contra 13 anos de um paciente bem mais jovem. "O declínio do sistema imunológico na medida em que a pessoa envelhece pode ser a razão dessa queda", analisa a OMS. E conclui: "Quanto mais velha é uma pessoa, mais rapidamente a infecção pelo HIV dá lugar ao desenvolvimento da Aids".

O NÚMERO - Parcela crescente - 25% dos soropositivos nos Estados Unidos são maiores de 50 anos. -
Fonte: Correio Braziliense -

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