4.17.2009

Agrotóxico à mesa do consumidor

Agrotóxico à mesa do consumidor

Análise mostra que pimentões, morangos, uvas e cenouras são os vegetais que mais contêm produtos químicos que podem fazer mal

De cada dez pimentões vendidos em supermercados, pelo menos seis estão com níveis altos de agrotóxicos. Morango, uva e cenoura também apresentaram elevados índices de amostras irregulares, segundo pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O órgão analisou, ano passado, 1.773 amostras de 17 alimentos e 15,29% delas apresentaram problemas.

“Consumir alimentos contaminados por agrotóxicos pode causar problemas nos sistemas neurológico, reprodutor e imunológico. Além disso, o produto pode ficar muitos anos no organismo, aumentando o risco de doenças”, explica o pesquisador da Fiocruz William Waissmann.

A boa notícia, segundo a Anvisa, veio da cultura de tomate. Em 2007, 44,72% das amostras apresentaram resíduos de agrotóxicos acima do permitido. Ano passado, esse número caiu para 18,27%. Além disso, a batata, que em 2002 registrou 22% de reprovação, teve o índice reduzido para 2%.

A pesquisa do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos verificou o teor de agrotóxicos acima do permitido e o uso de substâncias não autorizadas. As amostras foram coletadas em mercados de 25 estados. A escolha dos alimentos levou em consideração a importância deles na cesta básica do brasileiro.

Os resultados do estudo foram apresentados ontem em Brasília com a presença do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que afirmou não comer mais pimentão: “Aumentar o consumo de frutas e verduras é importante para saúde. Queremos que esses produtos sejam seguros. Nosso famoso arroz com feijão está bem, agora com a cenoura, o morango e o pimentão o negócio está complicado”.

Sinais e Sintomas do Envenenamento por Agrotóxicos
A ação dos agrotóxicos sobre a saúde humana costuma ser deletéria, muitas vezes fatal, provocando desde náuseas, tonteiras, dores de cabeça ou alergias até lesões renais e hepáticas, cânceres, alterações genéticas, doença de Parkinson etc. Essa ação pode ser sentida logo após o contato com o produto (os chamados efeitos agudos) ou após semanas/anos (são os efeitos crônicos) que, neste caso, muitas vezes requerem exames sofisticados para a sua identificação.

Sintomas de intoxicação podem não aparecer de imediato. Deve-se prestar atenção à possível ocorrência desses sintomas, para que possam ser relatados com precisão. O agricultor intoxicado pode apresentar as seguintes alterações:


irritação ou nervosismo;
ansiedade e angústia;
fala com frases desconexas;
tremores no corpo;
indisposição, fraqueza e mal estar, dor de cabeça, tonturas, vertigem, alterações visuais;
salivação e sudorese aumentadas;
náuseas, vômitos, cólicas abdominais;
respiração difícil, com dores no peito e falta de ar;
queimaduras e alterações da pele;
dores pelo corpo inteiro, em especial nos braços, nas pernas, no peito;
irritação de nariz, garganta e olhos, provocando tosse e lágrimas;
urina alterada, seja na quantidade ou cor;
convulsões ou ataques: a pessoa cai no chão, soltando saliva em grande quantidade, com movimentos desencadeados de braços e pernas, sem entender o que está acontecendo;
desmaios, perda de consciência até o coma.
É preciso salientar que sintomas inespecíficos (dor de cabeça, vertigens, falta deapetite, falta de forças, nervosismo, dificuldade para dormir) presentes em diversas patologias, freqüentemente são as únicas manifestações da intoxicação por agrotóxicos, razão pela qual raramente se estabelece esta suspeita diagnóstica. A presença desses sintomas em pessoas com história de exposição a agrotóxicos deve conduzir à investigação diagnóstica de intoxicação. É importante lembrar também que enfermidades podem ter outras causas, além dos produtos envolvidos. Um tratamento equivocado pode piorar as condições do enfermo.

Sinais e Sintomas


Sinais e Sintomas Única ou por curto período Continuada por longo período

Agudos: cefaléia, tontura, náusea, vômito, fasciculação muscular, parestesias, desorientação, dificuldade respiratória, coma, morte. hemorragias, hipersensibilidade, teratogênese, morte fetal.

Crônicos: paresia e paralisias reversíveis, ação neurotóxica retardada irreversível, pancitopenia, distúrbios neuro-psicológicos. lesão cerebral irreversível, tumores malignos, atrofia testicular, esterilidade masculina, alterações neuro-comportamentais, neurites periféricas, dermatites de contato, formação de catarata, atrofia do nervo óptico, lesões hepáticas, etc.
Fonte: www.geofiscal.eng.br


Efeitos da Ação Prolongada de agrotóxicos

Sistema nervoso Síndrome asteno-vegetativa, polineurite, radiculite, encefalopatia, distonia vascular, esclerose cerebral, neurite retrobulbar, angiopatia da retina

Sistema respiratório Traqueíte crônica, pneumofibrose, enfisema pulmonar, asma brônquica

Sistema cardiovascular Miocardite tóxica crônica, insuficiência coronária crônica, hipertensão, hipotensão

Fígado Hepatite crônica, colecistite, insuficiência hepática

Rins Albuminúria, nictúria, alteração do clearance da uréia, nitrogênio e creatinina
Trato gastrointestinal Gastrite crônica, duodenite, úlcera, colite crônica (hemorrágica, espástica, formações polipóides), hipersecreção e hiperacidez gástrica, prejuízo da motricidade

Sistema hematopoético Leucopenia, eosinopenia, monocitose, alterações na hemoglobina

Pele Dermatites, eczemas

Olhos Conjuntivite, blefarite

Fonte: www.geofiscal.eng.br

As hortaliças e as culturas do tomate, morango, batata e fumo utilizam agrotóxicos conhecidos como organofosforados e ditiocarbamatos, que são considerados por pesquisadores como os prováveis causadores das doenças neurocomportamentais, depressão e do consequente suicídio.

PRINCIPAIS SINTOMAS DE INTOXICAÇÃO E DIAGNÓSTICO
ORGANOCLORADOS
Podem iniciar-se logo após o acidente ou até 24 horas depois. Em casos de inalação, podem ocorrer sintomas específicos, como tosse, rouquidão, irritação de garganta, coriza, dificuldade respiratória, hipertensão arterial, pneumonia por irritação química, edema pulmonar.

Em casos de intoxicação aguda, por atuarem no sistema nervoso central, impedindo a transmissão nervosa normal, podem ocorrer estimulação do sistema nervoso central e hiperirritabilidade, cefaléia (que não cede aos analgésicos comuns), sensação de cansaço, mal estar, náuseas e vertigens com confusão mental passageira e transpiração fria, redução da sensibilidade (língua, lábio, face, mãos), contrações musculares involuntárias, perdas de apetite e peso, tremores, lesões hepáticas e renais, crise convulsiva, coma. Fonte: www.sucen.sp.gov.br

A confirmação de exposição aos organoclorados poderá ser feita através de dosagem do teorde resíduos no sangue, utilizando-se cromatografia em fase gasosa. A simples presença de resíduos no sangue não indica intoxicação; a concentração é que confirma o resultado.

Alguns compostos organoclorados:
DDT, DDD, BHC, Aldrin e Endossulfan.


ORGANOFOSFORADOS/CARBAMATOS
Inicialmente: suor e salivação abundante, lacrimejamento, debilidade, cefaléia, tontura e vertigens, perda de apetite, dores de estômago, visão turva, tosse com expectoração clara, possíveis casos de irritação na pele (organofosforados). Posteriormente: pupilas contraídas e não reativas à luz, náuseas, vômitos e cólicas abdominais, diarréia, dificuldade respiratória (principalmente com os carbamatos), contraturas musculares e cãibras, opressão torácica, confusão mental, perda de sono, redução da freqüência cardíaca/pulso, crises convulsivas (nos casos graves), coma, parada cardíaca (nos casos graves, é a causa freqüente de óbito).

A determinação das atividades das colinesterases, que desempenham papel fundamental na transmissão dos impulsos nervosos - tem grande significado para o diagnóstico e acompanhamento das intoxicações agudas.

Intoxicações graves, por exemplo, apresentarão níveis muito baixos de colinestareses.

No Sul do País o agrotóxico Tamaron é utilizado em larga escala na cultura do fumo e está associado ao elevado índice de suicídios em 1995 na cidade de Venâncio Aires (RS): 37 casos/100.000 habitantes, quando no Estado, o índice é de 8/cem mil.

Estudos conduzidos no Rio Grande do Sul por 4 pesquisadores brasileiros mostraram que os agrotóxicos organofosforados causam basicamente 3 tipos de sequelas neurológicas após intoxicação aguda ou devido a exposição crônica:

1) Polineuropatia retardada:fraqueza progressiva e ataxia das pernas, podendo evoluir até uma paralisia flácida; sintomas provocados pelos agrotóxicos: Triclorphon, Triclornato, Metamidophos e Clorpyriphos.

2) Síndrome intermediária: paralisia dos músculos do pescoço, perna e pulmão, além de diarréia intensa; ocorre de um a quatro dias após o envenenamento e apresenta risco de morte devido a depressão respiratória associada. Causada por: Fenthion, Dimethoate, Monocrotophos e Metamidophos.

3) Efeitos comportamentais: insônia ou sono perturbado, ansiedade, retardo de reações, dificuldade de concentração e uma variedade de sequelas psiquiátricas: apatia, irritabilidade, depressão, esquizofrenia.

Alguns compostos organofosforados:
Clorpirifós, Coumafós, Diazinon, Diclorvos (DDVP), Fenitrotion, Fenthion, Supona (Clorfenvinfos) e Triclorfon (Metrifonato).

Alguns compostos carbamatos:
Carbaril, Propoxur, Trisdimetilditiocarbamato, Aldicarb e Carbofuran.


PIRETRÓIDES
Embora pouco tóxicos do ponto de vista agudo, são irritantes para os olhos e mucosas, causando tanto alergias de pele (coceira intensa, manchas) como crises de asma brônquica (dificuldade respiratória, espirros, secreção, obstrução nasal).

Em exposições ocupacionais a altas concentrações, algumas pessoas relatam sensação de adormecimento (formigamento) das pálpebras e ao redor da boca (sensação semelhante à do anestésico usado por dentistas), que desaparece espontaneamente em poucas horas. Não existem provas laboratoriais específicas para dosar resíduos ou efeitos de piretróides no organismo humano ou animal.

Alguns compostos à base de piretrinas e piretróides:
Usos: como inseticidas e/ou acaricidas.
Cipermetrina, Deltametrina, Permetrina; Piretrinas naturais: Piretro e Tetrametrina. Outros: Aletrina e Fenvalerato

2 comentários:

Antonio Celso Brandao disse...

Anvisa reavalia permissão para uso de 14 agrotóxicos no País

Brasília - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou nesta sexta-feira que trabalha na reavaliação da liberação e das condições de uso de 14 tipos de agrotóxicos utilizados no Brasil. A maior parte deles já foi proibida em países da União Européia e África, além dos Estados Unidos e China. Os agrotóxicos estiveram presentes em nível elevado nas amostras de 17 tipos de alimentos analisadas pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos (Para), da Anvisa.

A reavaliação não vai significar necessariamente que os produtos terão seu uso proibido. A Anvisa poderá manter a atual permissão, porém com critérios mais rigorosos de liberação, como já aconteceu anteriormente com o veneno conhecido como chumbinho.

"O aldicarb, que é o tal do chumbinho, a gente reavaliou e estabeleceu um programa severíssimo de controle. Ele só pode ser utilizado em quatro Estados, com seis mil produtores cadastrados. Porque o produto era desviado e um monte de gente se contaminava nas cidades grandes", disse o gerente-geral de toxicologia da Anvisa, Luís Cláudio Meireles.

Para ele, a proibição de alguns produtos em outros países é um indicativo de que eles têm grandes chances de serem, também, banidos do Brasil. "É um bom indicativo. Até porque o Brasil é signatário de acordos internacionais, são produtos que estão em listas de controle internacional. E dificilmente os países proíbem por questões agronômicas exclusivamente. Geralmente os produtos são banidos por causar danos à saúde e ao meio ambiente. E eu acho que nós não somos muito diferentes dos outros seres humanos do planeta", afirmou.

A principal preocupação das autoridades de saúde com o uso de agrotóxicos é com os trabalhadores rurais. No Brasil, o clima quente propicia maior absorção das substâncias, e a carga de trabalho dos trabalhadores do campo é mais alta que em outros países. Além disso, eles, geralmente, não utilizam proteção na hora de aplicar os produtos, e muitas vezes sequer lêem os rótulos.

A professora de toxicologia da Universidade de Brasília, Eloísa Caldas, afirmou que os trabalhadores rurais estão mais expostos aos efeitos danosos dos agrotóxicos do que a população que consome os produtos. "Nenhum dos pesticidas utilizados no Brasil têm efeito cumulativo. E algum efeito pode ser causado no organismo somente se for consumida uma quantidade excessiva do produto durante um período longo de tempo", disse.

Na opinião de Eloísa Caldas, não basta apenas alertar à população sobre as hortaliças e os legumes com quantidades de resíduos de agrotóxicos acima do permitido, mas que ela seja orientada sobre a melhor maneira de como consumir os produtos contaminados. "A população em geral não deve deixar de comer pimentão nem nenhuma outra coisa. As pessoas precisam apenas lavar os produtos bem lavados, com água e sabão e podem ingerir sem medo", afirma a professora, mencionando pimentão, tomate e morango, alimentos nos quais foram detectados resíduos de agrotóxicos acima do permitido pela Anvisa.

"Os riscos que as presenças dessas quantidades de resíduos significam são muito menores que os riscos que uma pessoa corre se deixar de se alimentar corretamente. Uma dieta pobre em nutrientes que estão contidos nessas frutas e legumes que contém resíduos de pesticidas, isso sim causa câncer", disse ainda Eloísa Caldas.

A professora também ressaltou que os produtos não precisam ser cozidos ou ingeridos sem casca para evitar uma possível contaminação de agrotóxicos. Segundo ela, a lavagem é suficiente.

As informações são da Agência Brasil

Antonio Celso da Costa Brandão disse...

Apesar de alerta da Anvisa sobre índices de agrotóxicos, não é preciso mudar alimentação
Toxicologista afirma que estudo da Agência que revela alta concentração da substância é válido para monitorar produção agrícola, mas não deve alarmar consumidor
Da Redação, com Agência Estado
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Alerta serve para população higienizar melhor os alimetos
Alerta serve para população higienizar melhor os alimetos

O médico toxicologista Sérgio Graff, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) afirma que o estudo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre alimentos com índices inadequados de agrotóxicos é extremamente válido para monitorar a produção agrícola, mas ressalta que não pode servir para a população direcionar o consumo. “Não significa que as pessoas devem parar de comer frutas ou as verduras estudadas. Não é preciso mudar o hábito alimentar.”

Graff diz que as quantidades de agrotóxicos que chegam ao consumidor, ainda que em excesso, são insuficientes para provocar algum problema de saúde. “É difícil evidenciar com segurança quais são os efeitos para o consumidor porque todos os estudos (feitos com animais) avaliam os riscos após longo período de exposição. No geral, as pesquisas simulam metade de uma vida.”

Alimentos funcionais
Dicas da medicina preventiva

Ainda assim, o ministro da Saúde José Gomes Temporão, que participou do evento de divulgação dos resultados, disse que suspendeu o consumo de pimentão ontem mesmo. “Pimentão, adeus; arroz, feijão e banana, bem vindos”, disse ele. “Essa quantidade de agrotóxico é crime. Acho que já é um caso de polícia”, afirmou o ministro.

Os produtos orgânicos são apontados como uma alternativa para fugir dos efeitos nocivos do agrotóxico, embora a população ainda tenha dúvida sobre origem desses produtos e eles sejam mais caros. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou o Selo Único do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica, que atesta a qualidade dos orgânicos.

Outra forma para tentar reduzir o agrotóxico dos alimentos é lavá-los bem, descascá-los, quando possível, além de ferver os legumes. No caso das verduras, uma saída é dar preferência às folhas nos miolos dos maços. Altos níveis de agrotóxicos levam à intoxicação. Entre os sintomas estão respiração fraca, temperatura baixa e alterações no hálito. Em casos graves pode haver hemorragias, convulsões e alucinação.