4.13.2009

Embalagem de medicamento terá mais alertas



SÃO PAULO, 13 de abril de 2009 - As embalagens de medicamentos vão ficar mais informativas. Uma proposta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer incluir, por exemplo, nos medicamentos com efeito sedativo, um símbolo de alerta, acompanhado da expressão 'não dirigir'. As embalagens também deverão trazer informações em braile (nome do ativo, concentração, forma farmacêutica e SAC), para garantir a acessibilidade ao produto.

Essas alterações e muitas outras sugeridas pela Consulta Pública nº08/2009 recebem contribuições até o dia 11 de maio. O objetivo da CP é que a rotulagem permita a identificação adequada do medicamento durante sua dispensação e uso, e oriente sobre o armazenamento adequado dos produtos, bem como quanto ao uso seguro do medicamento, com a disposição de informações e advertências que se fazem necessárias para o uso racional.

"A proposta foi feita para solucionar problemas que vêm sendo identificados no mercado e reclamados tanto pela população quanto por associações do setor", afirma o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello. "O objetivo é tornar as informações da embalagem do medicamento mais claras e úteis para o cidadão", ressalta.

O documento também propõe que informações que já figuram nas bulas também sejam colocadas nas embalagens, tais como substâncias presentes no medicamento e mudanças nos cuidados de conservação após a abertura do produto. "Essas mudanças são importantes para que pessoas que têm alergia a algum componente da fórmula saibam disto antes de abrir a embalagem", completa Raposo.

Até o final deste mês, será encaminhada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a proposta de criação do selo “proibido dirigir” específico para remédios. A marca será colocada nos medicamentos que causam sonolência, com o objetivo de alertar os motoristas sobre os riscos de assumir a direção de um veículo após a sua ingestão. Na lista, estão analgésicos, antidepressivos, estimulantes, anticonvulsivos, dentre outros.

A criação do selo foi uma idéia da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), em parceria com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (Aborl - CCF). Pesquisas que relacionaram o sono com os acidentes de trânsito mostraram que 30% das ocorrências foram causadas por motoristas que cochilaram enquanto estavam ao volante. Especialistas afirmam que pelo menos 20% dos motoristas têm algum tipo de distúrbio do sono.

De acordo com o presidente da Academia Brasileira de Ronco e Apnéia do Sono, José Antônio Pinto, é preciso alertar os condutores, antes mesmo da ingestão, para evitar que um simples antialérgico se transforme em risco. “Deve-se buscar informações sobre os efeitos de cada medicação. E se souber que causa sonolência, o melhor é não dirigir, ainda mais na estrada”, completa o médico, que também é membro da Aborl – CCF.

EFEITOS – Entre as substâncias que exigem cuidados está a codeína, muito comum em analgésicos que causam tontura, sonolência e dão sensação de relaxamento. Outro exemplo são os benzodiazepínicos, utilizados em tranqüilizantes e sedativos. A depender do paciente, esses medicamentos começam a fazer efeito entre 30 e 40 minutos após a ingestão. Os efeitos duram até duas horas, com impactos diretos no sistema nervoso central do paciente.

O presidente da Abramet, Flávio Adura, acredita que a proposta não enfrentará dificuldades de aprovação na Anvisa. “Esse tipo de ação existe em países da Europa e o Brasil tem investido em ações de combate aos acidentes de trânsito. Um exemplo é o rigor da Lei Seca. Ninguém mais quer tolerar tantas mortes”, comenta.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Anvisa garantiu que a criação do selo “proibido dirigir” será analisada por um grupo de trabalho formado por técnicos. Em seguida, a sugestão será submetida à população por meio de uma consulta pública no site oficial da instituição. Esse processo de consulta dura entre 30 e 60 dias e se for aprovado pela sociedade se torna uma resolução com prazo fixado para entrar em vigor.

Quem ainda não quer comentar o assunto é a Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma). Por meio de sua gerência de comunicação, a entidade afirmou que já existe nas bulas o indicativo de que os medicamentos têm sonolência como efeito. Alem disso, os médicos são orientados a alertar os pacientes sobre a ação de cada remédio no organismo. A Febrafarma garante que só irá emitir parecer oficial quando a norma estiver sendo discutida na Anvisa.

Apesar da Anvisa fiscalizar todos os medicamentos, suas bulas e as embalagens, o presidente da Abramet, Flávio Adura, acredita que o selo será um avanço. “As pessoas nem sempre lêem a bula. E muitas vezes se habituam a comprar o mesmo medicamento e deixam de se informar sobre quais os efeitos de cada medicação”, assinala.

Veja os medicamentos que podem receber o selo:

Analgésicos
Anticolinérgicos
Anticonvulsivantes
Antidepressivos
Anti-eméticos
Anti-histamínicos
Anti-hipertensivos (alfametildopa)
Antiparkinsonianos
Antipsicóticos
Benzodiazepínicos
Estimulantes
Hipoglicemiantes (insulina)
Miorelaxantes

Fonte:Anvisa.

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