Pesquisadores afirmam que não há razão para parar de tomar aspirina. Micro-hemorragias são inofensivas, embora visíveis em ressonância. É um dos medicamentos mais consumidos no mundo e tem uma infinidade de aplicações. Mas nem tudo são flores. Um estudo conduzido por cientistas holandeses alerta que, para pessoas mais velhas, a aspirina, ou drogas similares, pode causar minúsculas hemorragias cerebrais -- inofensivas, é verdade, mas visíveis em imagens de ressonância magnética. O estudo foi feito por Meike Vernooij e seus colegas do Centro Médico da Universidade Erasmus MC, em Rotterdam, Holanda. Eles analisaram 1.062 indivíduos, com idade média de 69 anos, que passaram por exames cerebrais de ressonância magnética cerebral em 2005 e 2006. Entre esses pacientes, 362 estavam tomando drogas contra coagulação -- a aspirina, ácido acetil-salicílico, é um deles. Desses, 245 estavam tomando aspirina ou um medicamento similar, chamado carbasalato de cálcio. Os resultados mostraram que a probabilidade de um paciente que tomava aspirina ou carbasalato de cálcio ter micro-hemorragias cerebrais era maior do que a dos que não tomavam essas drogas. E o risco ficava ainda maior se as doses consumidas eram altas. Em entrevista ao G1, Vernooij minimiza o impacto dos resultados, mas sugere que mais pesquisas seriam aconselháveis para esclarecer a questão. "Nosso estudo mostrou uma associação entre uso de aspirina e a presença de micro-hemorragias. Mas é muito importante entender que nós não mostramos que a aspirina causa as hemorragias e nem que as pessoas que têm micro-hemorragias e estão usando a aspirina terão um risco maior de hemorragias cerebrais sintomáticas, ou seja, grandes." "Por isso, não há razão para causar alarme sobre o uso da aspirina. Mas nosso estudo mostrou uma relação interessante entre a aspirina e as micro-hemorragias que precisa ser mais explorada -- especialmente porque a aspirina é uma droga tão usada." Os pesquisadores entendem que, por ora, a despeito dos resultados, segue sendo vantajoso o consumo da droga. "Temos de entender que as pessoas que estavam usando aspirina ou outras drogas contra coágulos faziam isso por uma razão muito clara: ou tinham chance maior de ter isquemia cardíaco, ou seja, infarto, ou isquemia cerebral, ou seja, derrame", diz Vernooij. "Por isso, os efeitos benéficos da aspirina não devem ser descartados e podem muito bem superar todos os efeitos negativos na maioria das pessoas que usam a droga." Entretanto, os pesquisadores apontam em seu artigo científico -- a ser publicado numa edição futura dos "Archives of Neurology" -- que a descoberta da relação pode ajudar os médicos a determinar no futuro qual tipo de droga anticoágulo pode ser melhor para seu paciente. - Salvador Nogueira, do G1, em São Paulo -
Fonte: G1 globo.com
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