24/06/2009
Cientistas ainda lutam para desvendar quais são as causas do mal de Parkinson. São 11 anos de uma convivência atribulada com o mal de Parkinson. Em 1998, a paulistana Teresa Corrêa começou a andar de modo arrastado, sentindo dificuldade para erguer o pé esquerdo. Um ano depois, percebeu lentidão nos movimentos da mão esquerda. Como estava pintando a casa, culpou o cansaço. Mas a reforma terminou e as limitações continuaram. Passou por reumatologista, cinco neurologistas, cardiologista, hematologista, ortopedista, entre outros médicos. Foram dois anos de peregrinações até chegar ao diagnóstico, em 2002. Hoje, essa coordenadora de marketing de 48 anos enfrenta altos e baixos.
"Há dias em que caminho sozinha nas ruas, faço compras e carrego peso. Há outros em que escovar os dentes ou varrer o chão são tarefas penosas", conta. Na tentativa de ajudar outros portadores, ela criou uma página no Orkut e um blog (http://simplesmentetete.blogspot.com). Apesar de manter autonomia quase total, precisou receber apoio de um psiquiatra, para lidar com a depressão. Os exercícios para voz nas aulas de coral a ajudaram a superar os problemas de deglutição. Também teve de enfrentar as reações adversas dos medicamentos, que incluíam taquicardia e problemas renais. Assim como Teresa, cerca de 400 mil brasileiros têm Parkinson, que continua um mistério para especialistas, apesar de avanços da ciência. Uma das últimas façanhas partiu do neurobiólogo paulistano Miguel Nicolelis, professor da Universidade Duke, nos Estados Unidos: a reversão dos sintomas em ratos, por meio de dispositivo que estimula a medula espinhal. Mas Teresa não acredita em cura imediata. "O que acho é que nos próximos dois ou três anos teremos novidades que minimizem os sintomas", opina. Pioneiro na técnica de estímulo profundo do cérebro e um dos mais renomados especialistas do mundo, o iraniano Ali Rezai - codiretor do Centro de Restauração Neurológica da Cleveland Clinic - afirma ao Correio que os sinais da enfermidade surgem quando 80% da área do cérebro chamada de substância negra é danificada (veja arte). "Se pudermos detectar o dano cerebral nessa região mais cedo, será um grande passo. A pesquisa com testes genéticos e tomografia cerebral de alta resolução nos permitirá detectar a doença prematuramente", acredita. Em relação aos tratamentos médicos, porém, Rezai admite que não houve grande progresso. Ele reconhece que pouco se sabe sobre como a doença é deflagrada. Ele suspeita que um elemento genético esteja envolvido, mas não descarta a influência de toxinas. "Provavelmente haja uma combinação de suscetibilidade genética e de fatores ambientais", arrisca. Na semana passada, cientistas descobriram que videogames podem ajudar no tratamento. "Eles aprimoram a interação entre mente e músculos", explica. Diretor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland, o norte-americano William Weiner afirma que a morte da substância negra resulta na perda de dopamina, uma substância química usada pelos neurônios para se comunicar entre si. "Os tratamentos para o tremor, a lentidão e a rigidez muscular envolvem a substituição da dopamina no cérebro", explica. Segundo ele, a ciência começa a entender que as complexas influências genéticas no surgimento da doença podem ser mais importantes do que se imaginava. "A questão da cura é sempre importante, mas acho melhor nos focarmos nos pequenos avanços que possam reduzir a progressão da doença." - Rodrigo Craveiro -
Fonte: Correio Braziliense - Portal Médico
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