15/07/2009
Vigilância Sanitária libera o medicamento Nexavar para tratar a doença. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar o uso no Brasil do medicamento Nexavar@ (tosilato de sorafenibe - da Bayer Schering Phar-ma) no tratamento do câncer de fígado. O novo medicamento pode prolongar em até quatro meses a sobrevida de portadores desse tipo de câncer - o que, em muitos casos, pode significar o tempo necessário para o aparecimento de um órgão compatível ao paciente para a realização do transplante que lhe poderia salvar a vida. A decisão da Anvisa de aprovar a nova medicação se baseou no fato de o tosilato de sorafenibe ter sido testado com resultados satisfatórios, a partir de um estudo clínico mundial com mais de 600 pacientes com câncer de fígado avançado e chegou a revelar um aumento de 44% na sobrevida desses pacientes. Quinto tipo de câncer mais frequente no mundo e o terceiro em letalidade, o de fígado é o que apresenta a complicação mais grave da cirrose hepática. Até hoje, não havia opção de tratamento para os casos mais graves, que não a quimioterapia com suas muitas implicações e efeitos colaterais. O medicamento é de uso oral e age diretamente nas células doentes, preservando as sadias. A substância também já foi aprovada em mais de 60 países para o tratamento de tumores renais. "Após mais de 30 anos e centenas de estudos clínicos com outras drogas, o tosilato de sorafenibe é o primeiro tratamento a demonstrar resultados efetivos contra o câncer de fígado, que chega a causar mais de 500 mil mortes por ano", esclarece o laboratório. No Brasil, estima-se que sejam feitos entre 2 e 3 mil diagnósticos da doença por ano. Segundo especialistas, até hoje existiam poucas e ineficazes opções de tratamento sistêmico para este câncer, pois nenhuma droga apresentava benefícios comprovados para o seu controle. "Isso acontece porque cerca de 95% dos pacientes com câncer de fígado têm cirrose hepática concomitantemente e a quimioterapia convencional se tornava muito agressiva", diz a gastroenterologista Luciana Kikuchi, médica assistente e coordenadora do Ambulatório de Oncologia Hepática do Serviço de Gastroen-terologia Clínica do Hospital das Clínicas de São Paulo. A especialista explica que quando o paciente descobre a doença por causa de sintomas relacionados ao tumor, como dor e emagrecimento, geralmente o câncer já está em um estagio avançado. "Por isso recomendamos a todos os pacientes com cirrose hepática que realizem ultrassonogra-fia de abdome pelo menos uma vez ao ano, pois desta forma o diagnóstico pode ser feito em uma fase precoce, quando há opções de tratamento curativo." Estudos com o tosilato de sorafenibe trazem nova esperança para pacientes e médicos. "É a primeira terapia que efetivamente demonstrou prolongar a sobrevida dos pacientes com carcinoma hepatocelular", diz o hepatologista Fábio Marinho, médico do Hospital das Clínicas e do Hospital da Beneficência Portuguesa de Pernambuco. Ele também ressaltou o fato de que os estudos demonstraram maior tolerância e poucos efeitos adversos, o que contribui para a melhor qualidade de vida do paciente e facilidade de adesão ao tratamento. "A substância foi capaz de impedir a formação de novos vasos que alimentariam o tumor, além de inibir a sua proliferação."
Fonte: Jornal de Brasília - Portal Médico
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