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7.26.2009
VIAGRA: UMA ARMADILHA?
"O Viagra pregou uma peça não só nos homens, mas também nas mulheres"
Antes de tudo, gostaria que ficasse subentendido que a denominação Viagra servirá para designar a classe medicamentos que atuam aumentando o aporte sanguíneo ao pênis, já que existem mais quatro marcas disponíveis no mercado, com o objetivo de melhorar a ereção em rigidez e duração.
Essa espécie de medicamentos surgiu na última década do século passado e logo virou uma febre entre os necessitados reais e imaginários, pois até de muleta psicológica serviu. Tirou muito homem do estaleiro, fez a felicidade de muitas mulheres e trouxe o desespero para outras tantas. Essas últimas, por razões que vão desde o aumento da possibilidade de infidelidade conjugal até voltar a ter que ter relações sexuais com um companheiro que já não mais lhe tocava o coração.
A descoberta do Viagra foi fruto de casualidade. O princípio ativo, denominado Sildenafil, estava em testes como hipotensor arterial. Nesse particular não obteve muito sucesso. Contudo, dentre os efeitos colaterais, um parecia desejável: a facilitação da ereção peniana. Foi uma revolução poucas vezes vistas nos campos de estudo da sexualidade humana desde o primeiro relatório de Masters & Johnson, em 1966.
Presenciei a volta da velha e "boa" gonorréia ao meu consultório, desta vez trazida por respeitáveis senhores e vovôs e não mais pelos estouvados adolescentes. Classifico a gonorréia de boa não no sentido estrito da palavra, mas porque ela representava a prova material do abandono da virgindade e não levava à morte como hoje ocorre com a aids. Era o pênis chorando e o coração do dono sorrindo. Quem viveu essa época se lembra. Significava sinal de status sexual, de emancipação masculina, pois passava a fazer companhia ao limitado "5 contra 1" praticado no silêncio dos banheiros.
Mas, nem tudo é tão bom que não tenha defeitos e nem tão defeituoso que não tenha virtudes. O Viagra pregou uma peça não só nos homens, mas também nas mulheres. É co-autor de muita paternidade na 3ª idade, os chamados pais-avôs, e apresentou aos outrora velhinhos inofensivos uma síndrome devastadora, a da imunodeficiência humana adquirida (AIDS) e o retorno triunfal da temida sífilis, doença benigna em seu início, mas deplorável em seu estágio final, pois afeta desastrosamente o comportamento emocional e a capacidade de se movimentar com estabilidade.
Senhoras com o título de vovó se descobriram com doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), desde as mais vulgares até as fatais. Com o Viagra, seus companheiros traziam, irresponsavelmente, um dos frutos da sexualidade furtiva e leviana para dentro de seus lares. Muitos casamentos não resistiram. Sucumbiram à busca pelas requentadas emoções da conquista e luxúria, tanto pelo divórcio, quanto pela viuvez. Sei que muitos relacionamentos reacenderam, ganharam fôlego, mas não poderia ser a um custo tão elevado. Poucos viram ou veem isso acontecer. Eu vi e vejo. E, muitas vezes, da poltrona fria de meu consultório urológico. Quer saber: foi e é triste!
Por Carlos Bayma
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