6.17.2013

Ex-chefe da PM suspeito de ligação como assassinato da juíza Patrícia Acioli

MP também quer apurar relação do secretário de Ordem Pública de Niterói com o bicho

Adriana Cruz
Rio - Ex-comandante da PM, o secretário de Políticas de Segurança de Duque de Caxias, Mário Sérgio Duarte, e cinco oficiais serão investigados por suspeita de envolvimento no assassinato da juíza Patrícia Acioli — morta com 21 tiros, em Niterói, em agosto de 2011. A determinação de abertura de Inquérito Policial Militar (IPM) foi feita pelo Ministério Público, que atua junto à Auditoria de Justiça Militar. Mário Sérgio pediu exoneração do cargo após o crime contra a magistrada.

No documento enviado à Corregedoria da PM, há ainda o pedido de investigação sobre a ligação do secretário de Ordem Pública de Niterói, coronel Marcus Jardim, com o jogo do bicho, aliado a outros sete oficiais que atuaram no 7ª BPM (São Gonçalo) — entre eles o tenente-coronel Claudio Luiz de Oliveira, ex-comandante da unidade, e o tenente Daniel Benitez — presos em unidades federais de Roraima e Mato Grosso do Sul, respectivamente, acusados da morte.


Secretário de Ordem Pública de Niterói, coronel Marcus Jardim, e o secretário de Políticas de Segurança de Duque de Caxias, Mário Sérgio Duarte
Foto:  Foto: Carlos Wrede e Alexandre Vieira / Agência O Dia


CARTA ANÔNIMA

Uma carta anônima, encaminhada ao Ministério Público em agosto de 2012, é a base da abertura do IPM. Nela, é citado que Mário Sérgio, que nomeou Claudio para o 7º BPM, teria dívida com o oficial e relembra que o então comandante-geral retirou a escolta da magistrada. À época, foi publicado no boletim interno da corporação que só Mário Sérgio poderia transferir novamente os três policiais. “A juíza não tinha escolta. Eles estavam ferindo o convênio com o Tribunal de Justiça, que era de fazer a segurança do Fórum de São Gonçalo”, afirmou Mário Sérgio.

O coronel argumenta que a magistrada não reclamou sobre a transferência dos militares.
Segundo o ex-comandante da PM, é a segunda vez que o Ministério Público pede investigação sobre ele com relação ao caso Patrícia. “Há um ano, dei todas as explicações em sindicância, arquivada. O material foi para a 3ª Vara Criminal de Niterói, onde tramita o processo sobre a morte”, alegou Mário Sérgio. Ele é testemunha de defesa do coronel Claudio. Na Justiça, 11 PMs respondem pelo crime, com cinco condenados.
Jardim nega ter recebido dinheiro

De acordo com denúncia feita na carta anônima, os policiais do 7º BPM (São Gonçalo) receberiam até R$ 80 mil do jogo do bicho. Parte do dinheiro iria para o então comandante do 1º Comando de Policiamento de Área, coronel Marcus Jardim. “Nunca recebi dinheiro do bicho”, reagiu.
Jardim lembrou que ele foi excluído de investigação feita por Patrícia Acioli sobre o envolvimento de PMs com a contravenção . “Ela disse, na minha casa, que eu e dois coronéis éramos os únicos que não tinham ligação com o bicho. Essa denúncia é mentira”, protestou. Na Justiça, Jardim é testemunha de defesa do tenente-coronel Claudio.
Extorsões e orgias

Os cinco oficiais que serão investigados pela morte da juíza eram da equipe do tenente-coronel Claudio de Oliveira. O grupo é suspeito de envolvimento com o jogo do bicho. Segundo a denúncia, eles seriam suspeitos de extorquir dinheiro de comerciantes e de participar de orgias em casas noturnas de São Gonçalo.

Um deles é o major Rodrigo Bezerra, que chefiou o Serviço Reservado do 7º BPM e era braço direito de Claudio. Bezerra teve a prisão decreta por Patrícia Acioli, que era titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, em janeiro de 2011. Ele e outros quatro policiais foram presos acusados de matar George Silvestre, 17 anos.

Bezerra é testemunha de defesa de Claudio. As investigações sobre o assassinato revelaram que a juíza foi morta por combater autos de resistência — mortes em supostos confrontos com a PM — que eram forjados pelos PMs do 7º BPM.

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