10.14.2014

PSB-Marina-Aécio: farsa e rendição de um partido de esquerda ao projeto elitista

O apoio do PSB e da ex-senadora Marina Silva ao candidato da coligação PSDB-DEM ao Planalto, senador Aécio Neves, é um marco na recente história política brasileira. Marco, não pelo apoio em si, um direito do PSB e de sua ex-candidata a presidente da República, mas pela farsa e pela rendição completa de um partido de esquerda e socialista e da candidata derrotada no 1º turno ao projeto elitista de governo. No caso de Marina ela nega, assim, todo o ideário também da sua Rede Sustentabilidade.
Ao contrário do que quer dourar Marina, não há nada programático nesse apoio. Aliás, ao vir com esse refrão, ela só repete o mesmo discurso com que firmou a parceria com Eduardo Campos nos primeiros dias de outubro de 2013, lembram-se? Agora vem com a história, também, de que o candidato Aécio se comprometeu com educação integral, sustentabilidade e fim da reeleição (…mas não em 2018…)
Mas, quem é contra a educação integral e a sustentabilidade? Vamos aos fatos, aos exemplos. Os tucanos governam São Paulo há 20 anos e Minas há 12 e não fizeram nada de destaque nessas áreas. O apoio de Marina a Aécio, então, tem um único objetivo: o poder.  Mas, uma busca do poder de forma escamoteada,  se escondendo no antipetismo – “chega de PT”, ponto final, dizem eles.
É sabido que o programa de Aécio foi escondido exatamente por seu caráter de arrocho econômico, as chamadas medidas impopulares sobre as quais ele só fala com empresários em regabofes e encontros reservados, fechados entre quatro paredes. Seu programa foi substituído por promessas vagas, pontuais – 13º para o Bolsa Família, fim do fator previdenciário…igualzinho ao que Marina teve e, com recuos, mudava a toda hora.
O mais grave é apresentar Aécio como herdeiro do legado de Arraes
Depois eles, Aécio e Marina,  passaram a defender todos os programas sociais do governo do PT, até a manutenção da regra que reajusta o salário mínimo e a negar toda e qualquer política de ajuste econômico rígido. Aí, sem propostas próprias, passaram a   concentrar todo o discurso apenas na critica ao governo.
Mais grave, ainda, nesse apoio de Marina a Aécio é apresentar o candidato tucano como herdeiro do legado do governador Miguel Arraes e de seu neto, Eduardo Campos. Isso é a maior falsificação histórica e política já vista numa campanha presidencial brasileira. Ora, toda historia de lutas e resistência que Arraes liderou tanto em Pernambuco como no Brasil foi contra as ideias, programas, e governos da aliança PSDB-PFL.
Arraes nunca apoiaria Aécio e sua política externa ou esse seu ideário econômico defendido pela dupla Arminio Fraga-Eduardo Giannetti da Fonseca, os dois principais economistas das equipes de Aécio e Marina respectivamente.
Os que agora querem se apresentar como herdeiros de Arraes, e os que se prestam ao serviço de apresentá-los como herdeiros foram, na verdade, algozes de Arraes enquanto ele esteve no PMDB e fizeram oposição feroz aos seus governos quando ele passou para o PSB. Criaram e alimentaram contra Eduardo Campos a denúncia dos precatórios.
Com militantes pagos achincalhavam Eduardo no Aeroporto dos Guararapes
Para eles Eduardo Campos, secretário de Fazenda do governo do avô Miguel Arraes, era o “Dudu precatório” – assim o chamavam. Eduardo era perseguido por furiosos militantes pagos do PSDB-PFL (hoje DEM, da coligação de Aécio) no Aeroporto dos Guararapes (Recife) a cada vez cada vez que voltava de Brasília.
Nós do PT  sempre estivemos, ao lado de Eduardo e de Arraes. Como estávamos na volta de Arraes do exílio, na luta contra a ditadura, nos seus governos em Pernambuco, mesmo com todas as divergências e conflitos conhecidos na construção da Frente Brasil Popular em 1989, pela qual Lula disputou o Planalto naquele ano. Estivemos juntos nos governos do presidente Lula e de Eduardo Campos, apesar de separados na disputa eleitoral de 2002 e de termos disputado com Eduardo o 1º turno da eleição em Pernambuco em 2006.
Mas, ao final, estivemos juntos nas campanhas de 2006 e 2010. Depois da vitória de 2002 o presidente Lula disse enfático ao ministro José Dirceu: “Arraes e o PSB não são aliados, são companheiros, participarão no Governo como decidirem”. E assim foi.
O presidente Lula e o PT, por uma dívida histórica do país com o Nordeste e porque Eduardo soube reivindicar e construir com sua competência e capacidade política, contribuíram para que Pernambuco vivesse a maior transformação recente já vista em um Estado de nossa Federação. Nunca um Estado recebeu tantas investimentos e apoio do Governo Federal quanto nos governos de Eduardo Campos no Estado e do PT no plano federal.  É impossível apagar essa história de nossas lutas e governos em comum e de nossas alianças.
Porque precisam esconder a hipócrita e vergonhosa adesão ao projeto elitista
É por isso, amigos leitores, que precisam agora esconder a hipócrita e vergonhosa adesão a um projeto elitista contra os interesses do povo e do Brasil. Escondem assumindo o ódio e o preconceito contra o PT e a desqualificação total dos 11 anos que juntos governamos o Brasil e partilhamos dos mesmos sonhos e esperanças.
Felizmente em defesa e respeito à memória de Arraes e de Eduardo Campos um importante setor do PSB representado pelo seu ex-presidente nacional, Roberto Amaral, pelos senadores João Capiberibe (PSB-AP) e Lídice da Mata (PSB-BA), pelos governadores do Amapá, Camilo Capiberibe e da Paraíba, Ricardo Coutinho, pelos diretórios do partido no Acre, Amapá, Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba e Rondônia, e por muitos outros filiados e dirigentes do partido em todo país declararam apoio à presidenta Dilma e ao projeto que construímos juntos.
Estes, sim, resgatam e representam a memória de Arraes e Eduardo Campos.

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