Condição afetaria DNA, ampliando o risco de doenças e envelhecimento precoce
O Dia
Rio - Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade gera um grande impacto emocional nas famílias. “Desde pequeno meu filho deu trabalho, e ninguém queria
ficar com ele.Até eu perceber que meu filho tinha TDAH foi um
sofrimento”, conta Cristina Araújo. O distúrbio psiquiátrico ocorre em
3% a 5% das crianças. Em mais da metade dos casos, acompanha o indivíduo
na vida adulta, com sintomas de desatenção, hiperatividade e
impulsividade. O que a ciência desconhecia até agora é que esta condição
afeta o DNA dos pacientes e também o de suas mães, aumentando o risco
de envelhecimento precoce e o surgimento de doenças, o que pode levar à
diminuição da expectativa de vida.
Pesquisadores
brasileiros da UFRJ, do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor) e da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) identificaram que crianças
com TDAH e suas mães possuem telômeros reduzidos, as estruturas que
ficam na ponta dos nossos cromossomos, impedindo a sua deterioração.
Eles servem como marcadores biológicos para a estimativa de vida. Quanto
menor o telômero, menor a “expectativa de vida biológica”.
A criança não consegue controlar comportamentos inadequados
Foto: Divulgação
“Verificamos que havia o desgaste do telômero não só no paciente, mas também na mãe, que apresentava um encurtamento adquirido”, explicou o neuropsiquiatria Paulo Mattos, autor do estudo e pesquisador do Idor e da UFRJ.
“Foi
na escola que meu filho me deu mais trabalho. Mas, graças a Deus, aos 4
anos consegui uma consulta no neurologista e foi aí que descobri o
transtorno. De lá pra cá ele se trata e hoje é um menino maravilhoso. Ele está indo bem na escola e está bem mais tranquilo”, conta Cristina, que ainda não tinha conhecimento sobre o novo estudo. Estresse pode contribuir
O
novo estudo, publicado na ‘Frontiers of Molecular Neuroscience’,
analisou o material genético de 61 crianças entre 6 e 16 anos
diagnosticadas com TDAH e de seus pais. O encurtamento dessas estruturas
foi visto apenas nas mães e filhos e não nos pais. Os pesquisadores
acreditam que o fenômeno se deva ao estresse gerado pela doença para a
criança e para mãe, que, na maioria dos casos, é a principal responsável
pelo cuidado com os filhos.
O TDAH é um transtorno
neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância. A criança
tem dificuldade de inibição do comportamento (isto é, controlar ou
evitar comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção,
memória, autocontrole, organização e planejamento, inquietude e
impulsividade.
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