Cesar Fonseca em 05/10/2015
VATICANO ALIA-SE AO PLANALTO
Papa
Francisco sai em defesa da presidenta Dilma Rousseff na semana
em que
os golpistas, ancorado em parecer do TCU sobre pedaladas,
cheio de
motivações políticas, arregimentam todas as suas energias
para tentar
levar adiante o golpe , cujas consequências
podem levar ao
impasse político em meio à crise econômica,
intensificando luta de
classes no Brasil.
ASSUNTO GANHA INTENSIDADE E EXCITAÇÃO
EM REUNIÃO NA CNBB NA SEMANA PASSADA
Dom
Leonardo, depois de conversar com o Papa, cuja mão beija, declarou
que o golpe que a oposição brasileira tenta emplacar para derrubar
a
presidenta Dilma Rousseff não é solução.
Deixa furos para todos os
lados. Os especialistas, na avaliação dele, ainda,
não encontraram
motivos suficientes, concretos, convincentes, para formar opinião
abalizada.
Falta diálogo entre
as forças políticas no Brasil. Ou seja, a
Igreja Católica alerta para o perigo
que a democracia
brasileira corre
se for concretizado o golpismo lacerdista antinacionalista em
marcha
pelos
antidemocratas que não engoliram ainda a derrota eleitoral de
2014.
O Papa Francisco pode estar por trás da declaração do
Secretário Geral da CNBB, D. Leonardo Ulrich Steiner, ao Valor
Econômico, sexta feira, 02.10, de que não representa solução o Golpe que a oposição[ golpista lacerdista antinacionalista]
tenta conduzir contra a presidenta Dilma Rousseff.
Estaria, sobretudo, faltando comprovações abalizadas
sobre o assunto entre os maiores especialistas com os quais a Igreja tem
dialogado, buscando o entendimento amplo.
Igualmente, falta diálogo entre as forças políticas
brasileiras, no cipoal partidário produzido pelo modelo político, tocado
por financiamento privado de campanha eleitoral, que determina o poder
econômico no comando do Congresso, na avaliação do Secretário Geral.
Choca essa carência de entendimento, especialmente,
no momento em que o Vaticano trabalha pela aproximação
dialógica Cuba-Estados Unidos, ganhando sonoridade global o gesto papal
em favor da conciliação entre os dois países.
D. Leonardo se pronunciou sobre assunto tão candente
depois de encontrar com o Sumo Pontífice em Roma na semana anterior à
viagem deste a Cuba e aos Estados Unidos, segundo apuramos.
Não soa estranha, portanto, a observação do Bispo D.
Leonardo quanto à carência de diálogo entre as forças políticas no
Brasil, sabendo que o que mais busca o titular do Vaticano é
justamente a aproximação Cuba-Estados Unidos para acelerar entendimentos
positivos na superação dos impasses.
Há, pelo menos, um ano antes da troca de embaixadas entre os dois países, o Papa intermediou aproximação Washington-Havana.
Nesse sentido, estariam ou não as palavras do
Secretário Geral sintonizadas com conversas que manteve com Francisco
antes da entrevista ao jornal de economia mais influente do País, que,
aliás, sequer deu chamada de primeira página para tão importante
assunto?
Teria o Secretario Geral se disposto a falar sobre tema tão espinhoso, sem antes acordar-se com seu chefe maior, no Vaticano?
Ou teria ido a Roma, especificamente, para tratar do
mesmo, dada sua importância máxima para a vida do País de maioria
católica mais expressiva do mundo?
O Papa, por sua vez, teria ou não concordado com o Secretário Geral relativamente às declarações dele?
Evidentemente, se o Papa ponderasse que não seria
conveniente tocar em tal assunto nesse momento, o Secretário Geral
teria, ainda assim, contrariado recomendação papal?
Ou ambos, depois de dialogar sobre a situação
brasileira, resolveram por bem ser conveniente à Igreja expressar-se
dentro das suas possibilidades de influir nos acontecimentos, numa linha
de pacifismo político diplomático?
Nesses termos, as declarações de D. Leonardo
representariam ou não, tacitamente, concordância papal sobre
necessidade de a Igreja posicionar contrariamente ao golpe, cujas consequências políticas são incógnitas totais, quanto
ao desenrolar político de tal fato realmente impactante para a vida
nacional, para o bem e para o mal?
Teria ou não Francisco, como primeiro papa
sul-americano, argentino e peronista, interesse em influir nos
acontecimentos políticos, no Brasil, no sentido de promover o bem,
segundo o entendimento do Vaticano, na medida em que não vê como solução o golpe, conforme declarou o Secretário Geral?
O Secretário Geral da CNBB diria algo dessa natureza sem estar inteiramente sintonizado com a diplomacia do Vaticano?
Ora, se a Santa Sé, politicamente, luta para
aproximar Cuba dos Estados Unidos e vice-versa, empenhando-se pela
remoção do bloqueio comercial imposto por Washginton a Havana há mais de
cinquenta anos, por que não faria o mesmo para evitar rachas políticos
no Brasil que, fatalmente, emergiriam de eventual e previsível
tumultuado golpe para tirar uma presidenta eleita pelo voto popular?
Seria ou não, enfim, calculada a declaração de D.
Leonardo, combinada com o Papa, para dar recado aos brasileiros de que o
Vaticano considera perigoso politicamente o golpismo lacerdista
antinacionalista que a oposição brasileira tenta contra a democracia
brasileira por ainda resistir à derrota eleitoral de 2014?
Em suas declarações ao Valor Econômico, D. Leonardo,
diplomaticamente, critica o modelo político que estimula procriação
partidária sem limites e vê nele raíz dos desentendimentos partidários e
fonte de conflitos que dificultam o diálogo nacional.
Não é à toa que a CNBB se aliou às correntes
nacionalistas defensoras do fim do financiamento de empresas privadas às
campanhas eleitorais, por entender estar aí a fonte da corrupção e
represenar primeiro passo para efetiva reforma política capaz de
democratizar poder político no Brasil.
A CNBB não discorda da necessidade do ajuste fiscal,
mas lembra que o processo político em marcha, de viés nacionalista, nos
últimos anos, contribuiu para minorar as desigualdades sociais, de modo
que essa caminhada precisa seguir adiante, em meio às dificuldades
econômicas.
Ou seja, o ajuste fiscal não pode, na avaliação do
Secretário Geral da CNBB, afetar o social, sob pena de conflitos de
classe se intensificarem, no ambiente de paixões que eventual julgamento
de impeachment despertaria, levantando ódios e violências.
A CNBB vê aumento de imposto como mais sacrifício aos
pobres, de modo que se for necessário aumento de carga tributária, que
esta ocorra para não sacrificar mais os mais necessitados, indo em cima
dos que podem pagar por que ganham mais.
Estaria a Igreja a favor ou na da CPMF que tem esse espírito essencial como proposta, de cobrar mais de quem ganha mais?
A Operação Lavajato, para D. Leonardo, é a
comprovação da influência do poder econômico sobre o processo político,
razão pela qual a Igreja aplaude decisão do Supremo Tribunal Federal que
votou pela inconstitucionalidade do financiamento privado de campanha
eleitoral.
A CNBB, portanto, está inteiramente mergulhada nos
assuntos políticos brasileiros no contexto explosivo do processo de
impeachment e toma partido consequente aos interesses da Igreja, na
linha de Francisco.
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