Mulher de João Santana diz que eles esperam mandado para voltar ao país
Nova fase da Lava Jato tem como um dos alvos o marqueteiro João Santana.
Casal está na República Dominicana; Monica Moura falou à GloboNews.
A mulher e sócia do publicitário João Santana,
Monica Moura, disse nesta segunda-feira (22) à GloboNews que eles
retornarão ao Brasil assim que chegar alguma ordem oficial até eles. O
casal está na República Dominicana, trabalhando em uma campanha.
Nesta segunda, a Polícia Federal deflagrou a 23ª fase da Operação Lava Jato, que tem como um dos alvos o publicitário baiano. Há mandados de prisão temporária (de 5 dias de duração, prazo que pode ser prorrogado) expedido contra ela e Santana mas, como eles estão no exterior, ainda não foram presos.
Em uma troca de mensagens por meio de um aplicativo de celular, Monica Moura disse à reportagem que considera "absurda" a possibilidade de os dois não voltarem ao Brasil para se entregar.
Questionada sobre se os dois voltarão ao país, ela respondeu: "Claro. É só chegar algo oficial até nossos advogados."
Investigação
João Santana foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Santana é alvo porque os investigadores têm indícios suficientes de que ele possui contas no exterior, com origem não declarada. O publicitário começou a ser investigado na Lava Jato em um inquérito sigiloso depois que a PF apreendeu, na casa de Zwi Skornicki, um manuscrito atribuído à mulher de João Santana indicando contas dele fora do país. A informação sobre a apreensão foi revelado pela revista "Veja".
Quando a denúncia foi publicada, a empresa de Santana, Pólis Propaganda & Marketing, divulgou uma nota negando caixa 2. "O grupo recolhe todos os impostos devidos", diz o texto.
"O Grupo Pólis possui agências autônomas no Brasil, e em outros países. As empresas funcionam de forma independente, operacional e financeiramente. Não há trânsito de recursos entre elas. Valores recebidos de campanhas brasileiras sempre foram pagos no Brasil, e valores recebidos por campanhas no exterior foram pagos no exterior, seguindo as regras e a legislação de cada país", afirma a nota.
Além de marqueteiro das campanhas, Santana chegou a ser conselheiro da presidente Dilma em várias decisões de governo, chamado a participar de reuniões decisivas, com voz de influência em debates políticos no primeiro escalão.
De acordo com a polícia, as investigações desta etapa apontam para o pagamento de vantagens ilícitas por um grupo empresarial a outro grupo. Segundo a PF, os pagamentos, de cerca de mais de US$ 7 milhões, foram recebidos em contas no exterior.
Investigadores rastrearam supostos pagamentos ilegais no exterior em conta secreta de João Santana provenientes da Odebrecht e de Skornicki. A suspeita é de que o pagamento veio de serviços eleitorais prestados ao PT.
Mandados
A 23ª fase da Lava Jato tem 51 mandados ao todo, sendo 38 são de busca e apreensão, 2 de prisão preventiva, 6 de prisão temporária e 5 de condução coercitiva – quando os presos são obrigados a prestar depoimento.
Participam da ação 300 homens da PF. Na Bahia, a operação é realizada nas cidades de Salvador e Camaçari. No Rio de Janeiro, na capital, em Angra dos Reis, Petropolis e Mangaratiba. Em São Paulo, além da capital, a operação foi às cidades de Campinas e Poá
Nesta segunda, a Polícia Federal deflagrou a 23ª fase da Operação Lava Jato, que tem como um dos alvos o publicitário baiano. Há mandados de prisão temporária (de 5 dias de duração, prazo que pode ser prorrogado) expedido contra ela e Santana mas, como eles estão no exterior, ainda não foram presos.
Em uma troca de mensagens por meio de um aplicativo de celular, Monica Moura disse à reportagem que considera "absurda" a possibilidade de os dois não voltarem ao Brasil para se entregar.
Questionada sobre se os dois voltarão ao país, ela respondeu: "Claro. É só chegar algo oficial até nossos advogados."
João Santana foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Santana é alvo porque os investigadores têm indícios suficientes de que ele possui contas no exterior, com origem não declarada. O publicitário começou a ser investigado na Lava Jato em um inquérito sigiloso depois que a PF apreendeu, na casa de Zwi Skornicki, um manuscrito atribuído à mulher de João Santana indicando contas dele fora do país. A informação sobre a apreensão foi revelado pela revista "Veja".
Quando a denúncia foi publicada, a empresa de Santana, Pólis Propaganda & Marketing, divulgou uma nota negando caixa 2. "O grupo recolhe todos os impostos devidos", diz o texto.
"O Grupo Pólis possui agências autônomas no Brasil, e em outros países. As empresas funcionam de forma independente, operacional e financeiramente. Não há trânsito de recursos entre elas. Valores recebidos de campanhas brasileiras sempre foram pagos no Brasil, e valores recebidos por campanhas no exterior foram pagos no exterior, seguindo as regras e a legislação de cada país", afirma a nota.
Além de marqueteiro das campanhas, Santana chegou a ser conselheiro da presidente Dilma em várias decisões de governo, chamado a participar de reuniões decisivas, com voz de influência em debates políticos no primeiro escalão.
De acordo com a polícia, as investigações desta etapa apontam para o pagamento de vantagens ilícitas por um grupo empresarial a outro grupo. Segundo a PF, os pagamentos, de cerca de mais de US$ 7 milhões, foram recebidos em contas no exterior.
Investigadores rastrearam supostos pagamentos ilegais no exterior em conta secreta de João Santana provenientes da Odebrecht e de Skornicki. A suspeita é de que o pagamento veio de serviços eleitorais prestados ao PT.
Mandados
A 23ª fase da Lava Jato tem 51 mandados ao todo, sendo 38 são de busca e apreensão, 2 de prisão preventiva, 6 de prisão temporária e 5 de condução coercitiva – quando os presos são obrigados a prestar depoimento.
Participam da ação 300 homens da PF. Na Bahia, a operação é realizada nas cidades de Salvador e Camaçari. No Rio de Janeiro, na capital, em Angra dos Reis, Petropolis e Mangaratiba. Em São Paulo, além da capital, a operação foi às cidades de Campinas e Poá
Quem é e o que faz João Santana
Baiano da cidade de Tucano, jornalista por
vocação e compositor engajado nos anos 70 e 80, João Santana se tornou
uma espécie de Midas da política nacional e internacional
Pouco mais de quatro décadas atrás surgiu
uma nova espécie de personagem no universo político brasileiro: o
marqueteiro, misto de estrategista, analista político e pitonisa.
Publicitários sempre estiveram próximos ao poder, mas desde os anos 80,
eles se tornaram estrelas de primeira grandeza. Hoje o nome mais
destacado é o de João Cerqueira de Santana Filho, consultor político de
Dilma Rousseff, muitas vezes apontado, com uma boa dose de maledicência,
como o mais importante ministro da presidente.
A presença dos marqueteiros não é nova. Nos anos 70, analistas vindos dos Estados Unidos organizavam campanhas eleitorais na América Latina, caso do pioneiro David Sawyer, que atuou nas eleições presidenciais da Venezuela e de importantes deputados, senadores e governadores norte-americanos, além de estender sua influência do Oriente Médio às Filipinas.
No Brasil, Fernando Henrique Cardoso fez uso das prestidigitações do também americano James Carville, um bem- sucedido marqueteiro responsável pela primeira campanha de Bill Clinton à Casa Branca, além de pencas de congressistas e outros líderes no exterior, como Tony Blair, no Reino Unido, e Gonzalo de Lozada, na Bolívia.
João Santana, de 60 anos, pode ser considerado de uma nova geração de consultores políticos brasileiros. E passou a exportar seu know-how para outros países. Dirigiu as campanhas de Lula e Dilma no Brasil, de Hugo Chávez na Venezuela, de Mauricio Funes em El Salvador, de Danilo Medina na República Dominicana e de José Eduardo dos Santos em Angola. Acredita-se que esta última investida servirá como cabeça de praia para uma invasão marqueteira na África, onde partidos sequiosos de assumir – ou se manter – o poder necessitem de um "tapa" no visual.
No Brasil, também esteve à frente das campanhas de Marta Suplicy, em 2008, e Fernando Haddad, em 2012, para a Prefeitura de São Paulo. Entre seus maiores orgulhos estão as vitoriosas campanhas de José Manuel de la Sota para o governo de Córdoba, em 1998, na Argentina, e a do senador Delcídio Amaral, em 2002, no Mato Grosso do Sul, quando o candidato começou com 2% dos votos e ganhou.
Curitiba
- O marqueteiro João Santana - responsável pelas campanhas do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, e nas campanhas da
presidente Dilma Rousseff em 2010 e 2014 - é suspeito de ter oculto
dinheiro ilegal recebido da Odebrecht na compra de um apartamento de R$ 3
milhões, em São Paulo.
O juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, decretou o sequestro do imóvel a pedido da força-tarefa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.
O casal seria controlador da offshore Shellbill Finance SA, aberta no Panamá. A conta recebeu pelo menos US$ 3 milhões entre 2012 e 2013 que teria relação direta com o PT.
"Nossa suspeita é que ele (Santana) usou parte do dinheiro que ganhou da Odebrecht para adquirir imóvel no Brasil. Há indícios de que ele tenha adquirido com recursos espúrios, traduzindo atos de lavagem", afirmou o delegado, em entrevista coletiva concedida na manhã desta segunda-feira, em Curitiba.
Santana e mulher não embarcaram em voo que chegaria ontem ao Brasil
A presença dos marqueteiros não é nova. Nos anos 70, analistas vindos dos Estados Unidos organizavam campanhas eleitorais na América Latina, caso do pioneiro David Sawyer, que atuou nas eleições presidenciais da Venezuela e de importantes deputados, senadores e governadores norte-americanos, além de estender sua influência do Oriente Médio às Filipinas.
No Brasil, Fernando Henrique Cardoso fez uso das prestidigitações do também americano James Carville, um bem- sucedido marqueteiro responsável pela primeira campanha de Bill Clinton à Casa Branca, além de pencas de congressistas e outros líderes no exterior, como Tony Blair, no Reino Unido, e Gonzalo de Lozada, na Bolívia.
João Santana, de 60 anos, pode ser considerado de uma nova geração de consultores políticos brasileiros. E passou a exportar seu know-how para outros países. Dirigiu as campanhas de Lula e Dilma no Brasil, de Hugo Chávez na Venezuela, de Mauricio Funes em El Salvador, de Danilo Medina na República Dominicana e de José Eduardo dos Santos em Angola. Acredita-se que esta última investida servirá como cabeça de praia para uma invasão marqueteira na África, onde partidos sequiosos de assumir – ou se manter – o poder necessitem de um "tapa" no visual.
No Brasil, também esteve à frente das campanhas de Marta Suplicy, em 2008, e Fernando Haddad, em 2012, para a Prefeitura de São Paulo. Entre seus maiores orgulhos estão as vitoriosas campanhas de José Manuel de la Sota para o governo de Córdoba, em 1998, na Argentina, e a do senador Delcídio Amaral, em 2002, no Mato Grosso do Sul, quando o candidato começou com 2% dos votos e ganhou.
"Sou um anfíbio. Sou baiano, mas vim do meio jornalístico e artístico e desemboquei na publicidade"
A despeito da desenvoltura que exibe ao realizar grandes mudanças na imagem de políticos, o marqueteiro mais valorizado do Brasil não veio da publicidade. Ao contrário de outros consultores, como Nizan Guanaes e Duda Mendonça, João Santana se notabilizou como jornalista. O próprio marqueteiro lembra que, depois de mais de duas décadas de ditadura, o Brasil teve de reaprender a fazer campanhas políticas e destaca nessa nova fase da democracia os baianos Duda Mendonça e Geraldo Walter e os paulistas Chico Santa Rita e Luiz Gonzalez. "Sou um anfíbio nesse meio. Sou baiano, mas vim do meio jornalístico e artístico e desemboquei na publicidade. Modestamente, tento buscar o que há de melhor em cada corrente", define-se.
O gosto pelas palavras é antigo. O garoto de Tucano, cidadezinha na região nordeste da Bahia onde nasceu no dia 5 de janeiro de 1953, sempre demonstrou interesse por arte e cultura. Estudou com os irmãos Maristas, em Salvador, e depois jornalismo na Universidade Federal da Bahia. Nessa época se interessava também por poesia e se tornou letrista da banda de rock Bendegó, liderada pelo cantor e compositor Gereba. Lançou seis LPs entre 1973 e 1989, além de participar da faixa "Canto do povo de um lugar", do disco "Joia", de Caetano Veloso, e também do LP "Norte Forte", de 1977, com a participação de Belchior, Ednardo, Fagner, Banda de Pífanos de Caruaru, Tom Zé e Orquestra Armorial, entre outros grupos e artistas. Uma de suas músicas de maior sucesso foi "Sinal de amor e de perigo", celebrizada pela voz de Diana Pequeno.
Na época, Salvador mantinha uma atividade musical bastante intensa cujos artistas mais conhecidos vinham do Tropicalismo: Caetano Veloso, Tom Zé e Gilberto Gil. O cenário, entretanto, era bem mais amplo e possuía uma consistente programação de música de concerto e contemporânea, com músicos de vanguarda como o alemão Hans-Joachim Koellreutter e o suíço Anton Walter Smetak, já presentes na década de 50 na capital baiana. Este último é uma das influências mais marcantes na vida de João Santana que, na época, utilizava o pseudônimo de Patinhas para assinar suas composições. Segundo ele, nada a ver com a sovinice do pato das histórias em quadrinhos, criado em 1947 pelo cartunista Carl Barks. "Este apelido, que vem da minha adolescência, já estava caindo em desuso. É porque fui tesoureiro do grêmio quando estudava nos Maristas, em Salvador. Depois passei a usá-lo, como pseudônimo, para assinar minhas músicas."
A despeito da desenvoltura que exibe ao realizar grandes mudanças na imagem de políticos, o marqueteiro mais valorizado do Brasil não veio da publicidade. Ao contrário de outros consultores, como Nizan Guanaes e Duda Mendonça, João Santana se notabilizou como jornalista. O próprio marqueteiro lembra que, depois de mais de duas décadas de ditadura, o Brasil teve de reaprender a fazer campanhas políticas e destaca nessa nova fase da democracia os baianos Duda Mendonça e Geraldo Walter e os paulistas Chico Santa Rita e Luiz Gonzalez. "Sou um anfíbio nesse meio. Sou baiano, mas vim do meio jornalístico e artístico e desemboquei na publicidade. Modestamente, tento buscar o que há de melhor em cada corrente", define-se.
O gosto pelas palavras é antigo. O garoto de Tucano, cidadezinha na região nordeste da Bahia onde nasceu no dia 5 de janeiro de 1953, sempre demonstrou interesse por arte e cultura. Estudou com os irmãos Maristas, em Salvador, e depois jornalismo na Universidade Federal da Bahia. Nessa época se interessava também por poesia e se tornou letrista da banda de rock Bendegó, liderada pelo cantor e compositor Gereba. Lançou seis LPs entre 1973 e 1989, além de participar da faixa "Canto do povo de um lugar", do disco "Joia", de Caetano Veloso, e também do LP "Norte Forte", de 1977, com a participação de Belchior, Ednardo, Fagner, Banda de Pífanos de Caruaru, Tom Zé e Orquestra Armorial, entre outros grupos e artistas. Uma de suas músicas de maior sucesso foi "Sinal de amor e de perigo", celebrizada pela voz de Diana Pequeno.
Na época, Salvador mantinha uma atividade musical bastante intensa cujos artistas mais conhecidos vinham do Tropicalismo: Caetano Veloso, Tom Zé e Gilberto Gil. O cenário, entretanto, era bem mais amplo e possuía uma consistente programação de música de concerto e contemporânea, com músicos de vanguarda como o alemão Hans-Joachim Koellreutter e o suíço Anton Walter Smetak, já presentes na década de 50 na capital baiana. Este último é uma das influências mais marcantes na vida de João Santana que, na época, utilizava o pseudônimo de Patinhas para assinar suas composições. Segundo ele, nada a ver com a sovinice do pato das histórias em quadrinhos, criado em 1947 pelo cartunista Carl Barks. "Este apelido, que vem da minha adolescência, já estava caindo em desuso. É porque fui tesoureiro do grêmio quando estudava nos Maristas, em Salvador. Depois passei a usá-lo, como pseudônimo, para assinar minhas músicas."
"O que fazem marketing e propaganda política? Exercício de persuasão, usando instrumentos legítimos"
O período musical acabou substituído pela vida nas redações. Trabalhou no Jornal da Bahia e foi chefe da sucursal de O Globo. Ainda atuou como repórter na revista Veja e, em Brasília, no Jornal do Brasil e na Isto É. Nesta, conseguiu seu maior feito como jornalista ao entrevistar o motorista Eriberto França, o que ajudou a derrubar o então presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. A entrevista lhe deu o Prêmio Esso daquele ano.
Como consultor político chegou a trabalhar – e firmar sociedade – com o hoje distante Duda Mendonça. Desde a entrevista de Eriberto, Santana esteve próximo a políticos do PT, relação que se estabeleceu definitivamente em 2005, quando comandou a reeleição de Lula. Dilma o recebeu como herança do governo anterior e, de encontros ásperos no começo do mandato, a relação evoluiu para uma forte confiança mútua, a ponto de políticos adversários se queixarem da influência do marqueteiro sobre a presidente. Caso típico foram as conversas em junho passado, quando Dilma aconselhou-se com ele antes de fazer seu discurso televisivo sobre as manifestações que varreram o Brasil.
Com um metro e sessenta e oito centímetros de altura e uma barriga cada vez mais dilatada, este sexagenário mantém seu poder persuasivo na fala e no olhar vigilante. É capaz de discutir horas a fio a respeito da psicologia de massas de Tchakhotine e dos escritos de Napoleão Bonaparte. Sua postura é bastante contrária à bullet theory, teoria de comunicação que pensa de forma passiva no consumidor/espectador e da mesma linhagem das ideias racistas do psicólogo francês Gustave Le Bon e de todos que pensam nos eleitores como massa. Para João Santana, o marketing adapta a política ao gosto do eleitor e o maior problema na aceitação do trabalho do marqueteiro está exatamente entre compreender a diferença entre persuasão e manipulação.
"Há um limite entre essas duas ações e muita confusão desde a Grécia antiga. Os detratores da publicidade política eleitoral acham que nós apenas manipulamos e que a massa é imbecil. Hoje, o meu corpo, o meu afeto e minha relação afetiva e sexual passam pelo mundo da mídia. Por que a política não passaria por aí? E o que fazem o marketing e a propaganda política? Um exercício de persuasão, usando instrumentos legítimos. E a democracia é isso: o choque de elementos de persuasão."
O período musical acabou substituído pela vida nas redações. Trabalhou no Jornal da Bahia e foi chefe da sucursal de O Globo. Ainda atuou como repórter na revista Veja e, em Brasília, no Jornal do Brasil e na Isto É. Nesta, conseguiu seu maior feito como jornalista ao entrevistar o motorista Eriberto França, o que ajudou a derrubar o então presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. A entrevista lhe deu o Prêmio Esso daquele ano.
Como consultor político chegou a trabalhar – e firmar sociedade – com o hoje distante Duda Mendonça. Desde a entrevista de Eriberto, Santana esteve próximo a políticos do PT, relação que se estabeleceu definitivamente em 2005, quando comandou a reeleição de Lula. Dilma o recebeu como herança do governo anterior e, de encontros ásperos no começo do mandato, a relação evoluiu para uma forte confiança mútua, a ponto de políticos adversários se queixarem da influência do marqueteiro sobre a presidente. Caso típico foram as conversas em junho passado, quando Dilma aconselhou-se com ele antes de fazer seu discurso televisivo sobre as manifestações que varreram o Brasil.
Com um metro e sessenta e oito centímetros de altura e uma barriga cada vez mais dilatada, este sexagenário mantém seu poder persuasivo na fala e no olhar vigilante. É capaz de discutir horas a fio a respeito da psicologia de massas de Tchakhotine e dos escritos de Napoleão Bonaparte. Sua postura é bastante contrária à bullet theory, teoria de comunicação que pensa de forma passiva no consumidor/espectador e da mesma linhagem das ideias racistas do psicólogo francês Gustave Le Bon e de todos que pensam nos eleitores como massa. Para João Santana, o marketing adapta a política ao gosto do eleitor e o maior problema na aceitação do trabalho do marqueteiro está exatamente entre compreender a diferença entre persuasão e manipulação.
"Há um limite entre essas duas ações e muita confusão desde a Grécia antiga. Os detratores da publicidade política eleitoral acham que nós apenas manipulamos e que a massa é imbecil. Hoje, o meu corpo, o meu afeto e minha relação afetiva e sexual passam pelo mundo da mídia. Por que a política não passaria por aí? E o que fazem o marketing e a propaganda política? Um exercício de persuasão, usando instrumentos legítimos. E a democracia é isso: o choque de elementos de persuasão."
Sérgio Moro 'sequestra' apartamento de R$ 3 milhões de João Santana em SP
Juiz federal, que conduz os processos da Lava Jato, decretou o sequestro do imóvel a pedido da força-tarefa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal
O juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, decretou o sequestro do imóvel a pedido da força-tarefa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.
"Identificamos, com auxílio da Receita Federal que
João Santana adquiriu um apartamento em São Paulo de R$ 3 milhões, que
parecia incompatível. O valor saiu da empresa Polis", afirmou o delegado
da PF Filipe Hille Pace.
Segundo ele, apesar da compra
ter sido declarada em nome da Polis, foi identificado por acordo de
cooperação com o Citibank em Nova Iorque, um pagamento de US$ 1 milhão
para o dono do apartamento.
A 23ª fase da Lava Jato tem como foco
central os pagamentos da Odebrecht e do operador de propinas Zwi
Skornicki para contas secretas do marqueteiro João Santana e de sua
mulher e sócia, Mônica Moura.O casal seria controlador da offshore Shellbill Finance SA, aberta no Panamá. A conta recebeu pelo menos US$ 3 milhões entre 2012 e 2013 que teria relação direta com o PT.
"Nossa suspeita é que ele (Santana) usou parte do dinheiro que ganhou da Odebrecht para adquirir imóvel no Brasil. Há indícios de que ele tenha adquirido com recursos espúrios, traduzindo atos de lavagem", afirmou o delegado, em entrevista coletiva concedida na manhã desta segunda-feira, em Curitiba.
Santana e mulher não embarcaram em voo que chegaria ontem ao Brasil
O
marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura, não embarcaram
nesse domingo, em um voo que partiu da República Dominicana com destino
ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Segundo investigadores, eles
compraram os bilhetes, mas não compareceram no momento do embarque. O
voo registrou 'no show', quando o passageiro não comparece ao check-in
ou ao embarque. Com isso, o casal se livrou do constrangimento de ser
preso em casa pela 23ª fase da Operação Lava Jato deflagrada nessa
segunda-feira. A compra da passagem foi monitorada pela Polícia Federal.
Segundo O Estado de S.Paulo os
publicitários já informaram ao advogado que irão retornar ao Brasil "o
mais breve possível" para se entregar as autoridades. A Polícia Federal
entrou em contato com a República Dominicana onde estão os publicitários
trabalhando na campanha à reeleição do presidente Danilo Medina. Se não
houver comunicado da defesa sobre o paradeiro dos publicitários, a PF
os considerará foragidos até o fim do dia.
No sábado, os
criminalistas que defendem os publicitários haviam informado ao juiz
Sérgio Mouro, por meio de petição, que João Santana estava à disposição
da Justiça para ser ouvido "evitar conclusões precipitadas e prevenir
danos irreparáveis que costumam se seguir a elas". PF cumpre 51 mandados
decretados pelo juiz federal Sérgio Moro(PSDB). São duas prisões preventivas e
seis temporárias.
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