9.06.2017

“O Aécio é bandidão”, diz Joesley

Delatores negociam divisão de tarefas: "Vamos pegar o Aécio também. Ele vai ficar chateado", disse Saud



Em um dos trechos da gravação que encaminharam na última quinta-feira à Procuradoria-Geral da República, os delatores da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud discutem reservadamente quais autoridades deveriam ser gravadas por eles para compor o acervo do acordo de delação premiada que negociavam com o Ministério Público Federal. Na divisão de tarefas, Saud teria ficado com a incumbência de gravar o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, enquanto a Joesley cabia registrar em áudio conversas com o presidente Michel Temer, o que efetivamente foi feito. “Então vai ser o cerco no Zé e eu com o Temer”, resumiu Joesley.
Na discussão sobre quais autoridades estariam na mira dos delatores, os dois afirmam ter informações que comprometem o senador tucano Aécio Neves (MG). “Vamos pegar o Aécio também. Ele vai ficar chateado”, diz Saud.
Embora Joesley considere Aécio um político de importância menor diante de alvos como Michel Temer, o empresário dono da JBS se justifica: “Ele ficou pequenininho… (risos). Não, nós vamos, só porque ele é bandidão mesmo. Você sabe que esse aqui, os outros vai ficar pequenininho, pequenas causas, não vai precisar”.
Ao longo das investigações, o Ministério Público afirmou que a jornalista Andrea Neves, irmã de Aécio, pediu 40 milhões de reais ao empresário Joesley Batista. A justificativa dada por Andrea, disse o delator, era de que o dinheiro correspondia ao valor que deveria ser pago pelo apartamento da mãe, no Rio de Janeiro. A transação para o futuro repasse de dinheiro envolveu também Aécio, que, conforme depoimentos da delação de Joesley Batista, teria afirmado que, no caso de emplacar Aldemir Bendine na presidência da companhia Vale, o próprio Bendine “resolveria o problema dos 40 milhões pedidos por Andrea Neves”. Aécio disse, na sequência, que já tinha indicado outra pessoa e depois ofereceu a Joesley a escolha de uma de quatro diretorias da Vale. Depois o senador pediu que o empresário esquecesse o assunto dos 40 milhões de reais.
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