9.20.2017

Sal em excesso aumenta em até 73% o risco de diabetes


Segundo um novo estudo, cada grama de sódio acima do limite diário está associado a um risco maior de desenvolver diabetes tipo 2 e auto-imune latente

O sal já é velho inimigo dos hipertensos. Agora, de acordo com um novo estudo apresentado durante congresso da Associação Europeia para Estudos do Diabetes, em Portugal, cada grama de sódio (ou cada 2,5 gramas de sal) consumido em excesso pode elevar em até 43% o risco do indivíduo desenvolver diabetes tipo 2 e em 73% o risco de diabetes autoimune latente em adultos (Lada), variação da doença em que anticorpos também afetam a produção de insulina.
Segundo orientações da OMS, o consumo diário de sal deve ser limitado a cinco gramas de sal, equivalente a duas gramas de sódio.

Sal e diabetes

Segundo os pesquisadores, do Instituto Karolinska, de Estocolmo, na Suécia, além de levar à hipertensão, o sódio pode impactar a resistência insulínica. Estudos anteriores já haviam sugerido uma associação entre o consumo excessivo de sal e o diabetes tipo 2, mas nenhum observou como o consumo do sal também poderia afetar a forma autoimune da doença.
“Dada a característica autoimune do diabetes latente, uma dieta com alto teor de sódio pode acelerar a ação dos anticorpos e desempenhar um papel na patogênese da doença”, disse Bahareh Rasouli, líder da equipe de pesquisa, ao Medical News Today.

Diabetes auto-imune latente

O diagnóstico do diabetes auto-imune latente é frequentemente confundido com o diabetes tipo 2 por causa aos sinais semelhantes. No entanto, nessa variação da doença, o próprio sistema imunológico ataca as células que produzem insulina, de forma muito parecida com o diabetes tipo 1.
A diferença é que a latente tem uma progressão muito mais lenta, surgindo apenas na vida adulta. Muitas vezes, um paciente com diabetes latente recebe um tratamento para diabetes tipo 2 e não percebe melhora, pois os anticorpos continuam a atacar.

O estudo

No estudo, os cientistas analisaram dados de uma pesquisa de saúde feita na Suécia, que obteve informações sobre a dieta de indivíduos com as condições – 355 com diabetes autoimune latente e 1136 com diabetes tipo 2 – e compararam com dados de outras 1.379 pessoas saudáveis.
Os participantes foram divididos em grupos conforme a quantidade diária de sal que consumiam, consumo baixo (até seis gramas), consumo médio (até 7,9 gramas) e consumo alto (mais de 7,9 gramas).

Consumo excessivo

Além do risco elevado a cada grama ingerida, aqueles que entraram na categoria de consumo alto mostraram 58% de chances de desenvolver o diabetes tipo 2 comparados aos que consumiam até seis gramas de sal por dia.
Enquanto isso, as pessoas que já tinham uma predisposição genética para a doença e que também tiveram um alto consumo diário tiveram uma probabilidade quatro vezes maior de desenvolver o diabetes autoimune do que aqueles com o menor nível de ingestão.

Variáveis

Os pesquisadores também levaram em consideração variáveis como idade, sexo, IMC, frequência de atividade física, fumo e consumo alcoólico, que poderiam afetar os resultados gerais. Mesmo assim, o estudo teve uma limitação: por ter sido baseada em questionários, é possível que os participantes tenham ocultado detalhes importantes ou comedido as quantidades consumidas de fato.
Dessa forma, a pesquisa pode ter indicado efeitos subestimados do consumo de sal em excesso. Segundo Bahareh, investigações mais aprofundadas sobre a interação entre dieta e fatores genéticos no contexto do diabetes pode ajudar descobrir novos meios de prevenir a doença.

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