9.18.2017

Corrupção no Paraná é muito maior que divulgado, denuncia Zeca Dirceu


Paraná 247 - Segundo o jornal Gazeta do Povo, por meio de acordo de delação premiada, Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora Valor, que foi preso pela Operação "Quadro Negro", que investiga desvios de cerca de R$ 20 milhões da Secretaria Estadual de Educação do Paraná, falou sobre o esquema de desvios em obras de escolas estaduais e acusou Ademar Traiano, presidente da Assembleia Legislativa do Estado, e o governador Beto Richa de participarem do esquema. Os recursos desviados teriam abastecido campanhas políticas do PSDB no Paraná. O nome de Valdir Rossoni, braço direito de Richa, aparece no esquema. Uma das empresas investigadas atuava no mesmo endereço de seu escritório político, no Edifício Palladium.
As irregularidades nas construções e reformas de escolas do Paraná não foram praticadas apenas por uma, mas por cinco construtoras que operaram no padrão Quadro Negro e financiaram campanhas do PSDB no Estado. Destas, duas foram citadas na delação de Lopes Souza: Talento M.I e Machado Valente.
"O (Maurício) Fanini (ex-diretor da Superintendência de Educação) comentou comigo que um esquema semelhante ao meu acontecia também com a Talento, M.I. e a Machado Valente, em relação às quais também teria havido medições antecipadas e repasses de recursos destinados à campanha do governador Beto Richa do PSDB", disse o delator.
Uma das construtoras citadas, a Machado Valente, construía o Centro Estadual de Educação Profissional (Ceep) de Campo Largo. A obra foi orçada em R$ 7 milhões e deveria ter sido concluída no início de 2015. Porém, por causa de uma série de irregularidades e atrasos, o Tribunal de Contas (TC) determinou a paralisação e a impugnação de R$ 2,8 milhões, que deverão ser devolvidos pela construtora aos cofres públicos. Já a M.I Construtora fazia dois colégios em Guarapuava: o Pedro Carli e o Leni Marlene Jacob. O tribunal também encontrou distorções e determinou a devolução de R$ 1,6 milhão.
Outras três construtoras, que não foram mencionadas na delação de Lopes Souza, também foram condenadas pelo TC. São elas: Atro Construção Civil, Brioschi Engenharia e TS Construção Civil que terão que devolver, juntas, quase R$ 700 mil.
Para o deputado federal Zeca Dirceu do Partido dos Trabalhadores (PT), que tem a educação pública como uma das áreas prioritárias em seu mandato, "eu vejo esse esquema de desvios como algo muito grave, pois provocou a destruição da educação pública e agrediu professores roubando o fundo da previdência", disse.
Esse esquema de desvio das obras da educação não é o primeiro escândalo envolvendo Beto Richa. Na página do Jornal Nacional, no site da Globo, uma notícia informou que o governador já havida sido citado por delatores da Odebrecht. Segundo um deles, Valter Lana, Richa havia recebido R$ 3 milhões nas três últimas campanhas. O nome dele aparecia vinculado a dois apelidos, Brigão e Piloto, em planilhas da Odebrecht.
"Os pagamentos foram encaixados, planejados e executados dentro do sistema Drousys, estruturados pelo setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. A gente adotou o codinome Piloto para esses pagamentos, como uma menção ao doutor Beto Richa. Os pagamentos foram executados nas datas de 9 de setembro de 2014, R$ 500 mil - 18 de setembro de 2014, R$ 1 milhão - e 25 de setembro de 2014, R$ 1 milhão", disse o delator.
O governador foi investigado, ainda, pela Procuradoria Geral da República (PGR), suspeito de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. À época, segundo a RPC, o pedido de abertura da investigação contra o governador, feito ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), apontava que sua campanha à reeleição havia recebido dinheiro captado em um esquema de corrupção na Receita Estadual. Um auditor fiscal, que integrava o esquema no fisco paranaense, afirmou em delação premiada que ele e seus colegas arrecadaram cerca de R$ 2 milhões, via caixa dois, em 2014. O escândalo de corrupção envolveu, inclusive, a esposa do governador.
Como se não bastasse tudo isso, ainda houve o massacre aos professores da rede estadual de ensino do Paraná em 2015. Segundo o site Carta Capital, cerca de 20 mil professores protestavam contra mudanças na previdência em frente à Assembleia Legislativa e apanharam da polícia. Mais de 200 pessoas ficaram feridas e oito em estado grave. "Aquele foi um dia amargo, de dor e desrespeito ao setor da educação e, principalmente, aos professores, que são nossos heróis. Tenho certeza que aquele massacre jamais será esquecido pelos profissionais, pela sociedade e por mim. O que o governo do Estado tem feito é vergonhoso", finalizou Zeca Dirceu

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