Deputado Zeca Dirceu (PT-PR) denunciou a gravidade
do escândalo de de desvio de dinheiro de obras de escolas para
abastecer a campanha do governador de Beto Richa (PSDB), revelada em
delação premiada pelo Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora
Valor; "Eu vejo esse esquema de desvios como algo muito grave, pois
provocou a destruição da educação pública e agrediu professores roubando
o fundo da previdência", disse Dirceu
As irregularidades nas construções e reformas de escolas do Paraná não foram praticadas apenas por uma, mas por cinco construtoras que operaram no padrão Quadro Negro e financiaram campanhas do PSDB no Estado. Destas, duas foram citadas na delação de Lopes Souza: Talento M.I e Machado Valente.
"O (Maurício) Fanini (ex-diretor da Superintendência de Educação) comentou comigo que um esquema semelhante ao meu acontecia também com a Talento, M.I. e a Machado Valente, em relação às quais também teria havido medições antecipadas e repasses de recursos destinados à campanha do governador Beto Richa do PSDB", disse o delator.
Uma das construtoras citadas, a Machado Valente, construía o Centro Estadual de Educação Profissional (Ceep) de Campo Largo. A obra foi orçada em R$ 7 milhões e deveria ter sido concluída no início de 2015. Porém, por causa de uma série de irregularidades e atrasos, o Tribunal de Contas (TC) determinou a paralisação e a impugnação de R$ 2,8 milhões, que deverão ser devolvidos pela construtora aos cofres públicos. Já a M.I Construtora fazia dois colégios em Guarapuava: o Pedro Carli e o Leni Marlene Jacob. O tribunal também encontrou distorções e determinou a devolução de R$ 1,6 milhão.
Outras três construtoras, que não foram mencionadas na delação de Lopes Souza, também foram condenadas pelo TC. São elas: Atro Construção Civil, Brioschi Engenharia e TS Construção Civil que terão que devolver, juntas, quase R$ 700 mil.
Para o deputado federal Zeca Dirceu do Partido dos Trabalhadores (PT), que tem a educação pública como uma das áreas prioritárias em seu mandato, "eu vejo esse esquema de desvios como algo muito grave, pois provocou a destruição da educação pública e agrediu professores roubando o fundo da previdência", disse.
Esse esquema de desvio das obras da educação não é o primeiro escândalo envolvendo Beto Richa. Na página do Jornal Nacional, no site da Globo, uma notícia informou que o governador já havida sido citado por delatores da Odebrecht. Segundo um deles, Valter Lana, Richa havia recebido R$ 3 milhões nas três últimas campanhas. O nome dele aparecia vinculado a dois apelidos, Brigão e Piloto, em planilhas da Odebrecht.
"Os pagamentos foram encaixados, planejados e executados dentro do sistema Drousys, estruturados pelo setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. A gente adotou o codinome Piloto para esses pagamentos, como uma menção ao doutor Beto Richa. Os pagamentos foram executados nas datas de 9 de setembro de 2014, R$ 500 mil - 18 de setembro de 2014, R$ 1 milhão - e 25 de setembro de 2014, R$ 1 milhão", disse o delator.
O governador foi investigado, ainda, pela Procuradoria Geral da República (PGR), suspeito de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. À época, segundo a RPC, o pedido de abertura da investigação contra o governador, feito ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), apontava que sua campanha à reeleição havia recebido dinheiro captado em um esquema de corrupção na Receita Estadual. Um auditor fiscal, que integrava o esquema no fisco paranaense, afirmou em delação premiada que ele e seus colegas arrecadaram cerca de R$ 2 milhões, via caixa dois, em 2014. O escândalo de corrupção envolveu, inclusive, a esposa do governador.
Como se não bastasse tudo isso, ainda houve o massacre aos professores da rede estadual de ensino do Paraná em 2015. Segundo o site Carta Capital, cerca de 20 mil professores protestavam contra mudanças na previdência em frente à Assembleia Legislativa e apanharam da polícia. Mais de 200 pessoas ficaram feridas e oito em estado grave. "Aquele foi um dia amargo, de dor e desrespeito ao setor da educação e, principalmente, aos professores, que são nossos heróis. Tenho certeza que aquele massacre jamais será esquecido pelos profissionais, pela sociedade e por mim. O que o governo do Estado tem feito é vergonhoso", finalizou Zeca Dirceu
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