Haddad vai continuar subindo porque
ainda está longe do teto de Lula que é de 39%. De qualquer forma, o
segundo turno será muito parecido com o de 2014, com Haddad no lugar de
Dilma e Bolsonaro no de Aécio.
O crescimento de Fernando Haddad na disputa presidencial revela a eficácia da política conduzida pelo PT.
Inimigos, adversários e até aliados vaticinavam a derrocada da legenda.
As forças mais conservadoras sonhavam com um sistema político expurgado de alternativa viável à esquerda.
O fracasso do governo Temer, ao
qual estão fundidos os partidos de centro e direita, especialmente o
PSDB de Geraldo Alckmin, despertou o bloco golpista.
O aprofundamento da crise
econômica e social, associado a escândalos de corrupção, criava base
material para possível recuperação do petismo.
As frações do sistema judicial
comprometidas com o consórcio do impeachment logo se movimentaram para
impedir esse eventual renascimento.
Seu alvo passou a ser o
ex-presidente Lula, soterrado por processos que o levassem à cadeia e o
impedissem de ser candidato em 2018.
Não foram poucas as vozes que
passaram a pregar que o campo progressista só teria futuro caso sua
direção se deslocasse mais ao centro, com uma candidatura externa ao
petismo, como a de Ciro Gomes.
A condenação de seu líder
histórico, no entanto, levou o PT a uma tática audaciosa: sustentar a
postulação de Lula, operá-la como instrumento de desobediência civil,
lançando imediatamente a campanha, na forma de caravanas pelo país.
Essa opção permitiu ao petismo se
transformar em coluna vertebral da oposição ao governo Temer, com o
ex-presidente atuando como polo agregador da insatisfação popular,
ocupando a condição de franco favorito da corrida presidencial.
Embora não tenha havido
mobilização popular suficiente para desinterditar a candidatura Lula,
sob sua liderança criou-se forte coesão político-social — especialmente
entre os mais pobres —, decisiva para um novo nome poder ser
impulsionado.
Fernando Haddad não é propriamente
um sucessor ou um candidato comum, aos olhos da base eleitoral do PT e
de Lula, mas representante do ex-presidente.
Essa é a fortaleza de sua candidatura, que poderia ser expressa pelo lema "Haddad ao governo, Lula ao poder".
Setores das elites mal disfarçam
sua natureza antidemocrática, dispostos a agir fora da lei para impedir o
retorno do PT ao comando do Estado, mas também manobram. Diante da
provável falência das candidaturas de centro-direita, especialmente a de
Alckmin, tratam de embaralhar o passo da candidatura petista.
Recorrem à ameaça de Jair
Bolsonaro para pressionar por uma guinada ao centro, capaz de "unir as
forças democráticas", exigindo tanto moderação programática quanto
afastamento em relação a Lula e à sua luta por liberdade.
Imaginam possivelmente criar
fissuras que confundam o campo petista, enfraquecendo a marcha batida de
Haddad para o segundo turno e abrindo flanco para o renascimento de
alguma candidatura ao centro.
Ou, ainda, que ele vá para a
iminente confrontação contra Bolsonaro desprovido do compromisso
antissistema, que é a essência da política que permitiu ao PT retomar o
fio da história e reencarnar a esperança de libertação do povo
brasileiro.
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