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2.20.2009
Cólicas menstruais atingem 65% das brasileiras
Cólicas menstruais atingem 65% das brasileiras
Médicos defendem que mulheres não devem sofrer com as dores
Cerca de 65% das brasileiras sofrem com as cólicas menstruais todo mês, e 30% destas mulheres acabam perdendo de um a dois dias de trabalho mensalmente por causa das dores. É o que indica a pesquisa Dismenorréia e Absenteísmo no Brasil (Disab), primeiro estudo brasileiro que mostra como os sintomas associados à menstruação afetam a produtividade feminina. Ao longo do ano, as faltas causadas pelas cólicas menstruais equivalem a um mês a menos de trabalho.
De acordo com as estatísticas, além das cólicas, quase 33 milhões das mulheres se sentem mais cansadas (59,8%) e têm enjôos (51%), dor de cabeça (46,1%), diarréia (25,5%), dores nas costas e pelo corpo (16,7%) e vômitos (14,7%). Os remédios mais usados para aliviar a dor são os analgésicos, os antiinflamatórios e os antiespasmódicos, mas metade das mulheres afirma que a medicação não traz uma melhora significativa do quadro.
Este estudo permite concluir que a dismenorréia primária e a intensidade da cólica menstrual são fatores fortemente associados à perda de produtividade no trabalho profissional e na realização das atividades entre mulheres brasileiras durante o seu período de vida produtiva – avalia o ginecologista César Eduardo Fernandes, secretário-geral da Sociedade de Ginecologia do Estado de São Paulo.
Para 64% das brasileiras que participaram do estudo, suas dores são “intensas”, um número 14% maior do que a média mundial, e mais da metade acredita que as cólicas atrapalham o rendimento no trabalho e a disposição para atividades sociais. As que mais reclamam de desconforto neste período estão na faixa dos 25 anos.
Sentir muita dor não é normal, diz ginecologista
A ginecologista Carolina Carvalho, do Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo, alerta que sentir muita dor todo mês não é normal, principalmente se o desconforto vir acompanhado de enjôos, queda de pressão e desmaios.
– A cólica precisa de tratamento médico quando interfere na rotina da mulher. Cada pessoa tem seu nível de tolerância e de sensibilidade, mas nenhuma mulher deve sofrer em silêncio – avisa a médica.
Quem tem sintomas leves pode conseguir alívio fazendo pequenas mudanças na alimentação, praticando exercícios e adotando terapias complementares como a ioga, a acupuntura e massagens, principalmente nas duas semanas que antecedem a menstruação. Se o desconforto for intenso, o ideal é procurar um médico, que vai indicar medicamentos específicos ou até mesmo a interrupção do ciclo.
Especialistas esclarecem dúvidas mais freqüentes sobre cólicas menstruais
Sentir cólica é normal?
A ginecologista Carolina Carvalho, da Unifesp, lembra que a cólica afeta 80% das mulheres. Mas, como a dor é subjetiva e depende da sensibilidade de cada um, fica difícil determinar o que é normal ou não. De acordo com a especialista, a cólica precisa de tratamento médico quando interfere na rotina da mulher. Deixar de sair com os amigos ou de trabalhar, depender de analgésicos todo mês ou parar no hospital por causa da dor não é normal.
Além da cólica, costumo sentir tonteiras, enjôo e às vezes até desmaio. O que fazer?
Procure seu ginecologista, indica o médico Marco Aurélio Pinho de Oliveira. Ele alerta que cólicas intensas podem ser sinal de outras doenças. A endometriose – quadro em que o endométrio, tecido que reveste a parede uterina, também se encontra fora do útero – tem como principal sintoma a cólica menstrual intensa. Segundo o ginecologista, a doença é a principal causa da infertilidade entre as mulheres porque elas demoram a procurar tratamento, achando que a dor faz parte do ciclo.
Mudar a alimentação ou tomar suplementos alimentares ajuda a aliviar a dor?
Não muito, diz Carolina Carvalho. Segundo a médica, mudanças na alimentação servem para aliviar os sintomas da TPM, mas tem pouco resultado na dor. Complementos como óleo de prímula e ácido linoléico também têm pouca eficácia.
É verdade que depois da gravidez a cólica costuma melhorar?
Não com todas, mas é um fato relativamente comum.
– Isto acontece porque há uma distensão das fibras uterinas. A cólica é o resultado do excesso de contração do útero por causa da secreção de uma substância chamada prostaglandina durante o período menstrual. Mesmo se o organismo estiver secretando a substância, as fibras musculares já não vão se contrair mais tanto – explica Carolina Carvalho.
Cólicas intensas podem ser sinal de outra doença?
Sim. É preciso ficar atenta a cólicas que foram ficando mais severas com o passar dos anos ou que de uma hora para outra começaram a incomodar mais do que o normal. Em geral, cólicas intensas podem ser sinal de endometriose ou miomas (nódulos benignos que distendem o útero). Por isso, não hesite em procurar um especialista.
Quais as novidades para mulheres que todo mês têm cólicas de intensidade moderada ou forte?
A solução, para os especialistas, é interromper a menstruação ou adotar métodos contraceptivos à base de hormônios que diminuem bastante o fluxo. Carolina Carvalho indica os novos modelos do dispositivo intra-uterino (DIU):
– Eles contêm progesterona, substância que ajuda a atrofiar o endométrio. Além disso, a mulher pára de menstruar ou fica com um sangramento muito leve. Como o DIU é colocado dentro do útero e sua ação é local, ou seja, os hormônios não passam pela corrente sangüínea, o método também é indicado para mulheres que não se adaptaram à pílula
A pílula anticoncepcional ajuda a diminuir a dor?
Sim. Todo contraceptivo à base de hormônios ajuda a diminuir o fluxo menstrual e regulam os sintomas da tensão pré-menstrual. Se a melhora não acontecer, o ideal é consultar o ginecologista, já que a cólica pode ser sintoma de outro problema.
Minhas cólicas são leves. O que posso fazer para não sentir dor?
A dica de Carolina Carvalho é investir na atividade física, que aumenta a circulação sangüínea de todo o corpo, inclusive do útero. O exercício também ajuda a aliviar as crises. Se durante o período menstrual o desconforto for grande para se exercitar, a médica sugere aulas de alongamento e ioga. Além da atividade física, ela recomenda massagens e acupuntura, que liberam serotonina e aumentam a sensação de bem-estar. Por último, a boa e velha bolsa de água quente continua valendo, já que o calor relaxa a musculatura e melhora a circulação do sangue.
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Um comentário:
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Danilo Indalécio.
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