Cientistas cariocas também participam da experiência que simulou criação do universo
Rio - Mesmo a milhares de quilômetros do Grande Colisor de Hádrons (LHC) — o super acelerador de partículas que reproduziu terça-feira, na Europa, condições semelhantes às do Big Bang, explosão que criou o universo —, cientistas cariocas podem ajudar em algumas das descobertas mais importantes da física. Entre elas, até a comprovação da existência da chamada ‘Partícula de Deus’, que teria dado origem a galáxias, planetas e tudo o que existe.
Equipe de seis professores e dez alunos do Departamento de Física Nuclear e Altas Energias da Uerj farão plantão nos próximos meses de madrugada, de olho em monitores com imagens enviadas direto do LHC.
A missão é monitorar o funcionamento dele, especificamente da parte da supermáquina identificada pela sigla CMS.
É justamente neste ponto da imensa estrutura que pode ser identificado o Bóson de Higgs — ou ‘Partícula de Deus’. “Vamos ajudar, em plantões de madrugada, a controlar a qualidade e o funcionamento dos muitos detectores do CMS.
Se algum deles não estiver funcionando corretamente, por exemplo, avisaremos quem está lá no LHC”, explica o chefe do departamento da Uerj, Luiz Mundim.
MISSÃO DIFÍCIL
“A identificação do bóson é muito difícil para um cientista individualmente, porque se acredita que é preciso observar muitas colisões para se perceber a presença dele”, explica Luiz Mundim.
A colaboração do Brasil é importante. Para se ter uma ideia da grandiosidade do experimento e do trabalho que ele dará a cientistas do mundo inteiro, só o CMS, que conta com a atenção de 3,6 mil cientistas ao redor da Terra, detectou em três horas e meia, na última terça-feira, 600 mil colisões. Isto porque os detectores só registram as colisões que julgam mais importantes.
Novos experimentos continuarão gerando dados nos próximos 15 anos, período durante o qual os cientistas vão produzir relatórios preliminares.
Para quem acha pouco, o LHC vai produzir, nesse período, 15 petabytes de dados por ano — cada um deles equivale a mil terabytes, cuja unidade, por sua vez, tem mil gigabytes (medida usada atualmente para medir o tamanho de HDs de computadores domésticos).
Um túnel gigantesco debaixo da terra na Europa
O Grande Colisor de Hádrons (LHC) é gigantesco: seus 27 quilômetros de circunferência estão localizados 100 metros abaixo da terra, na fronteira entre a França e a Suíça. Um dos objetivos da construção de toda esta estrutura é comprovar a existência do Bóson de Higgs.
A partícula, que carrega energia, é descrita por alguns físicos como a “cola” que permite a outras partículas agregarem massa, conforme interagem com ela, e, portanto, formar tudo o que existe. Se o bóson não for encontrado, a Ciência terá que provar a existência de várias outras partículas para entender o universo.
POR JOÃO RICARDO GONÇALVES
O Dia
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