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Sobre a Obra do Chico Xavier:
Conforto certo escrito nas linhas tortas de Chico
Três mães e uma missão: fazer a caridade e difundir o espiritismo. Nas cartas psicografadas pelo médium mais famoso do Brasil, elas encontraram conforto para a perda prematura e trágica dos filhos
POR MARIA LUISA BARROS
Rio - Ágil, a mão direita faz deslizar o lápis afiado sobre folhas de papel em branco. A esquerda encobre os olhos e, à vista de uma plateia silenciosa e emocionada, mensagens do além são psicografadas por Chico Xavier. Não é fácil compreender a grafia mediúnica com suas letras tortas. Mas pouco importa: as palavras trazem consolo e paz para mães aflitas que, por anos a fio, esperam recado dos filhos que já se foram. Denise d’Utra de Castro, 66 anos, é uma delas. Durante dois anos, a artesã moradora da Tijuca, enfrentou 900 km até Uberaba todos os meses na esperança de ser abençoada com uma carta do filho, Jomar d’Utra de Castro, morto, em 1981, com apenas 7 anos.
Foto: ReproduçãoComo todas as mães que chegavam em caravanas e enfrentavam filas a perder de vista, Denise recebia senha e precisava aguardar a vez. Àquelas que estavam ansiosas por um contato espiritual, Chico não se cansava de repetir: “O telefone só toca de lá para cá”.
Muitas vezes, o médium abraçava os pais atormentados pela dor e chorava com eles. Jornalista e biógrafo de Chico, Marcel Souto Maior conta que até os céticos saíam de Uberaba transformados. “As cartas eram escritas a jato, repletas de nomes, sobrenomes, apelidos de família e detalhes minuciosos sobre as circunstâncias da morte trágica e inesperada”, relata Marcel.
Denise não era espírita, mas acabara de perder o filho caçula. “Eu estava desesperada, mas não acreditava que uma pessoa depois de morta pudesse mandar uma mensagem para a família. Eu via reportagens sobre Chico na revista ‘O Cruzeiro’ e fiquei com muita vontade de chegar perto dele”, recorda a artesã, que recebeu 10 cartas de Chico.
Na primeira delas, Jomar procura acalmála: “Mãezinha, não se afl ija lembrando minha queda. O corpo frágil sem defesa era aquele mesmo que precisava para valorizar a vida. Agora tudo mudou. Estou muito mais forte”, leu. Naquele momento, Denise frisa que sentiu uma emoção muito forte. “Tive certeza de que era meu filho, quando disse o endereço da casa da minha mãe na Ilha do Governador, onde ele costumava ficar.
Jomar falava também da avó Mariana, que já era falecida. Nunca tinha falado desses detalhes para Chico. Não tinha como ele saber”, conta Denise, que guarda as cartas como um tesouro de valor inestimável. “Fui abençoada. Para mim, elas são ouro puro. Morro e levo todas comigo”. Jomar sofria de neutropenia congênita, uma doença rara provocada pela diminuição do número de neutrófilos no sangue, responsáveis pelas defesas do corpo.
Em abril de 1981, levou um tombo brincando no quintal de uma amiga e foi internado com complicações, vindo a morrer três dias depois. Em uma das mensagens, ele isenta a mãe de qualquer culpa. “Meu fi lho disse na carta que nada do que eu fi zesse mudaria o destino dele. Eu me sentia muito culpada porque ele não queria ir à casa da amiga, e eu insisti. E no hospital achei que deveria ter esbravejado para que o atendessem logo. Ele me mostrou que nada acontece por acaso. Tudo está nas mãos de Deus”, pondera Denise.
Ao longo de 29 anos de viagens a Uberaba, Denise recebeu cartas do filho por intermédio também do ourives Celso de Almeida Afonso, um dos médiuns de confiança de Chico. Nas mensagens psicografadas, Jomar manda recado para a avó Herondina, que havia perdido o interesse pela vida após a morte do neto. “Peço tomar os medicamentos e os cuidados necessários com a saúde”.
Ao pai, Jomar pede que maneire com a bebida. “Meu beijo e diga ao papai tomar só o aperitivo, já é o bastante. Estou de olho”. Em outra carta ele pergunta pelo pai, Sebastião. “E você, papai, como está? Você é meu Tarzan”. “Era assim que ele chamava o pai”, conta a mãe. No dia em que Jomar faria 15 anos, seus pais reuniram as mensagens no livro ‘Com muito amor’ e doaram os direitos autorais para o Centro Espírita Aurélio Agostinho, em Uberaba.
A atriz Nair Belo, já falecida, também recebeu uma carta psicografada por Chico Xavier. Era do filho Manoel Francisco Neto, morto aos 20 anos, num acidente de carro, em 1975, em São Paulo. O rapaz perdeu a direção do veículo, que bateu numa árvore perto de casa. Mané, como era chamado, ficou cinco dias em coma até a morte. Transtornada, Nair Belo viajou até o Grupo Espírita da Prece, em Uberaba.
“Precisava saber se ele não havia cometido suicídio”, contou a atriz na época. Pouco antes do desastre, Manoel abandonou a faculdade, o emprego e o noivado com jovem do Rio. Na mensagem, o fi lho tranquiliza os pais: “Estejam convencidos de que o carro deslizou sem que eu pudesse controlá-lo. A manobra infeliz veio fatal e com tamanha violência que a tese de suicídio não devia vir à baila”, dizia na carta, cheia de nomes de familiares — Vovó Maria, Dr. Trajano, bisavô Souza e Oduvaldo.
Médium acertou todos os nomes na comunicação entre vivos e mortos
A correspondência entre vivos e mortos levou um grupo de espíritas a investigar a veracidade das mensagens psicografadas por Chico Xavier. Selecionaram 45 casos entre 100 catalogados pela Folha Espírita. E se surpreenderam com o resultado revelador sobre o conteúdo em comum que aparecia em todos os textos. De acordo com a pesquisa divulgada pelo jornalista Marcel Souto Maior, no livro ‘Por Trás do Véu de Ísis’, 100% dos espíritos relatam a presença e o apoio de parentes e amigos “desencarnados” (mortos) no lado de lá. Em 82,2% dos casos, pedem às famílias que cultivem bons pensamentos. Relatam que 75,6% descrevem como morreram. Chico citou mais de 100 nomes próprios. Em nenhuma das mensagens, o médium confundiu nomes e sobrenomes, misturou parentescos ou causas da morte.
Espírito de jovem morta no incêndio do Joelma ditou carta para Chico
Durante 20 anos — 1967 a 1987 —Chico Xavier cumpriu uma das mais difíceis missões: o contato direto com a dor e o desespero de famílias com a perda de entes queridos. As sessões de psicografi a aconteciam às sextas e sábados no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba. Familiares tinham que informar os nomes do falecido, de quem esperava pela mensagem, data e causa da morte.
Uma das cartas era de Volquimar, 21 anos, morta no incêndio do edifício Joelma em São Paulo. “Nossas irmãs (Volnéia e Volnelita) e os cunhados José e Wilson, sempre amigos, nosso Álvaro, nossos queridos Flávio e Cristiano, com a sua imagem materna em meu coração, prosseguem comigo, como não podia deixar de ser”.
Mesmo com tantas evidências, nem todos saíam convencidos da existência de vida após a morte. Certa vez, um senhor espírita duvidou da autenticidade de uma carta psicografada por Chico e cuspiu no rosto do médium. Chico enxugou com um lenço e chorou muito em casa. Emmanuel, seu guia espiritual, lhe disse: “Não reclame. Diga que a chuva molhou sua face”.
REENCARNAÇÃO
ONTEM, atraiçoamos a confiança de um companheiro, induzindo-o à derrocada moral.
HOJE, guardâmo-lo na condição do parente difícil, que nos pede sacrifício incessante.
ONTEM, abandonamos a jovem que nos amava, inclinando-a ao mergulho na lagoa do vício.
HOJE, têmo-la de volta por filha incompreensiva, necessitada do nosso amor.
ONTEM, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia os exemplos menos felizes.
HOJE, partilhamos com ele, à feição de esposo despótico ou de filho-problema, o cálice amargo da redenção.
ONTEM, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio.
HOJE, reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador de moléstia irreversível, tutelando-lhe, à custa de lágrimas, o trabalho de reajuste.
ONTEM, abandonamos a companheira inexperiente, à míngua de todo auxílio, situando-a nas garras da delinqüência.
HOJE, achamo-la ao nosso lado, na presença da esposa conturbada e doente, a exigir-nos a permanência no curso infatigável da tolerância.
ONTEM, dilaceramos a alma sensível de pais afetuosos e devotados, sangrando-lhes o espírito, a punhaladas de ingratidão.
HOJE, moramos no espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia, a fim de aprender a plantar carinho e fidelidade.
À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faze o melhor que possas.
Ajuda aos que te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem, sorri para os que te ferem e desculpa todos aqueles que te injuriam...
A humildade é a chave de nossa libertação.
E, sejam quais sejam os teus obstáculos na família, é preciso reconhecer que toda construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis da luta em casa.
Amor e Vida em Família.
Chico Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel
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