Abuso de meta-anfetaminas pode levar a danos cerebrais
Fonte: Neurology,
Meta-anfetamina, também conhecida como speed, crant, cristal ou gelo, causa danos para as células cerebrais mesmo muito tempo depois da interrupção de seu uso, conforme estudo publicado na edição de hoje do jornal Neurology.
Como a meta-anfetamina pode alterar a química do cérebro a longo prazo, sua dependência, bem como a dependência de outras drogas, deve ser considerada como uma doença cerebral orgânica, conforme afirma Thomas Ernst, Ph.D., autor do estudo.
Os pesquisadores utilizaram uma técnica não-invasiva para avaliar os níveis de certos metabólitos e substâncias químicas no cérebro. Estudos prévios demonstraram que anormalidades nos níveis destas substâncias consistem em indicadores sensíveis de danos nas células cerebrais.
Os resultados do teste para 26 ex-usuários de meta-anfetamina foram comparados àqueles obtidos com 24 pessoas saudáveis, sem história de abuso de drogas.
Os usuários não fizeram uso do composto por, no mínimo, duas semanas ou até 21 meses. Entre eles, a concentração de N-acetil-aspartato foi reduzida de 5% na região cerebral do gânglio basal e de 6% na matéria branca frontal. Essa substância é um metabólito cerebral, presente apenas nos neurônios, células utilizadas no pensamento.
Muitas doenças relacionadas a perda/dano das células cerebrais e de neurônios, tais como Mal de Alzheimer, demências, epilepsia, esclerose múltipla, tumores cerebrais, derrames e aquelas relacionadas ao HIV, também apresentam uma redução dos níveis de N-acetil-aspartato. Logo, a concentração reduzida de N-acetil-aspartato nos cérebros dos usuários indica perda ou dano de neurônios como resultado do abuso da substância. A meta-anfetamina acarreta liberação maciça de dopamina no cérebro.
O gânglio basal possui alta densidade de neurônios dopaminérgicos, o que pode explicar tamanha toxicidade da meta-anfetamina. Altas doses desta substância também causam danos na matéria branca frontal do cérebro. Além disso, observou-se uma redução de 8% no nível de creatina no gânglio basal, aumento de 13% em compostos contentores de colina e de 11% no nível de mio-inositol na massa cinzenta frontal dos usuários.
Maiores concentrações destas duas últimas substâncias representam aumento de tamanho ou do número de células gliais (tipo de célula cerebral), como resposta aos efeitos da meta-anfetamina. Ainda não se sabe se os efeitos danosos são permanentes.
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