4.26.2011

Câncer ósseo: são muitas as chances de cura


O diagnostico precoce é o caminho adequado

Os joelhos são normalmente afetados
Conhecido há séculos e com tratamento, antigamente, restrito a amputações, o tumor ósseo, até a metade do século XX, era tão pouco avaliado, assim como a oncologia ortopédica, que não passava de um embrião de tudo que é conhecido nos dias de hoje. Após duas décadas, em torno dos anos de 1970, novas modalidades de doença foram descritas, segundo o site tumor ósseo.com, do professor doutor Márcio Moura. E é nesta nova direção que caminha o médico Jairo Andrade Lima, professor de Ortopedia, da Universidade Federal de Pernambuco, Mestre em Cirurgia, pela mesma universidade, e Doutor em Ortopedia pela Unifesf – Universidade Federal de São Paulo. Em 1982, ele se especializou em ortopedia pediátrica e, quatro anos depois, em oncologia ortopédica, pela USP – Universidade São Paulo.

Voltar-se para o tratamento do tumor ósseo foi uma opção natural na vida desde médico, que convivia com o problema há muitos anos. “Eu já era voluntário do Hospital do Câncer, isto desde 1972, e via o sofrimento das crianças. Como médico, foram 20 anos no trabalho voluntário”, conta dr. Jairo, lembrando que se a doença for considerada como tumor primitivo, representa 3% de todo tipo de câncer. “Se partirmos para a metástase, este percentual triplica, já que câncer de mama, próstata e pulmão, todos eles dão metástase para o osso”, alerta.


Segundo ele, o sintoma da doença, bem característico, é o de uma dor que não passa, em crianças e adolescentes, na proximidade dos joelhos. Em idosos, a dor aparece na coluna, cintura, escapular (omoplatas e clavículas) e bacia. “Longe de ser uma doença hereditária, o câncer de osso é uma ocorrência na vida da pessoa, que já nasce sem esta defesa no organismo. E o local mais comum, no corpo humano, é próximo ao joelho. Acredita-se que esta incidência maior acontece por ser a maior articulação do corpo humano, e com uma baixa circulação sanguínea”, diz o médico Jairo Andrade Lima.


Sobre as chances de cura, ele é claro em mostrar que, como em todo tumor, há os benignos e os malignos. “Quanto aos primeiros, todos têm cura. Os malignos, com tratamento de quimioterapia e cirurgia, têm cura em 70% dos casos. Hoje em dia, eventualmente fazemos uma amputação, bem diferente do tratamento feito antigamente”, compara. Como em qualquer tipo de câncer, o de tumor ósseo tem maior chance de cura quando o diagnóstico é precoce. “Quanto mais cedo, maior é a chance de vida. E o tratamento é praticamente o mesmo de outros cânceres: realiza-se a biópsia, é feita a quimioterapia, depois a cirurgia, depois mais quimioterapia. Para o tumor ósseo, especificamente, são cinco ciclos pré-operatórios (um por mês), cirurgia, e mais sete ciclos (também de um por mês). O tratamento leva um ano para ser feito.”


Este tratamento pode parecer longo, mas o resultado é dos melhores, com sobrevida média por cinco anos. Há, ainda, 50% de chances para uma sobrevida de 10 anos. E depois de 10 anos de sobrevida, raramente a doença retorna. “São estas as normas para o tratamento do Osteosarcoma e para o Tumor de Ewing, que são tumores da infância e adolescência e que incidem perto do joelho. No paciente adulto, o tumor mais freqüente é o Mieloma Múltiplo, que abrange vários ossos, como coluna, bacia e crânio. Para este, não há indicação de cirurgia. Só se o osso estiver fraco e quebrar. O tratamento é só através da quimioterapia.”


Mas como encarar uma doença que tem maior incidência na criança e no adolescente, faixa etária cheia de planos, de sonhos, e com a perspectiva de uma vida inteira pela frente? Jairo Andrade Lima responde que a primeira coisa é ter o problema da morte resolvido. E a questão é dividida em grupo, já que o onco ortopedista não trabalha só. “Formamos uma equipe com o onco pediatra, psicólogo, assistente social, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e o oncologista ortopédico”, explica o médico, que mostra que a maior incidência do Osteosarcoma é um pouco maior nas mulheres, sem que, para isto, haja uma explicação científica.


Para quem imagina que a atividade física possa ter importância no aparecimento de tumor ósseo, dr. Jairo Andrade Lima nega a afirmativa. “Não se conhecem fatores que predisponham a estes tumores. E mais uma vez eu alerto para o diagnóstico precoce, como um dos maiores combates à doença. Sempre que se diagnosticar precocemente, as chances de cura serão maiores. Temos que ficar atentos à dor que não passa. A melhor saída é ir direto ao ortopedista”, ressalta, acreditando que exista um novo caminho para o tratamento do câncer em geral e não só do câncer do tumor ósseo: “Este caminho é o tratamento de câncer pela imunoterapia, desenvolvendo no organismo das pessoas imunidade para a doença. Falo aqui sobre qualquer tipo de câncer. Acho que o caminho é esse: ativar o corpo da pessoa a se defender”.


Dr.Jairo Andrade e a fisioterapeuta Andiara Vilefort

Jairo Andrade Lima

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