4.24.2011

Transtornos no paladar pode ser indicação para obesidade ou anorexia

Trabalho de pesquisadores australianos indica que as crianças com dificuldades para identificar sabores podem ter transtornos alimentares


Transtornos no paladar podem contribuir significativamente para a obesidade infantil ou, no outro extremo, para a anorexia, segundo sugere um estudo feito por cientistas australianos.

Embora não seja a totalidade de crianças obesas que apresentam transtornos gustativos, "haveria uma porcentagem razoável de crianças que são obesas ou anoréxicas por uma mudança no paladar derivada de diversas doenças e remédios", disse o neuropsicólogo David Laing, da Universidade de Nova Gales do Sul, coautor do estudo divulgado na publicação especializada "Acta Paediatrica".

Laing e seus colegas descobriram que uma em cada dez crianças australianas entre 8 e 12 anos é incapaz de saborear adequadamente sua comida. Esta taxa aumenta para 12% entre os aborígines, segundo o estudo realizado com 432 alunos de diversas escolas públicas.

O ser humano normalmente pode identificar pelo menos cinco sabores: doce, azedo, amargo, salgado e umami (similar ao agridoce). Mas quando uma pessoa sofre de um transtorno gustativo e é incapaz de detectar um ou mais sabores, seus hábitos alimentares mudam devido ao fato de que os sabores das comidas se tornam desagradáveis.

Por isso, "na maioria dos casos, e até onde se conhece, a pessoa fica ou muito obesa ou anoréxica", explicou Laing à rádio australiana "ABC". "Os efeitos da perda do paladar nos hábitos alimentares e na saúde das crianças a longo prazo ainda são desconhecidos e por isso é preciso que sejam feitas mais pesquisas para analisar os comportamentos de suas dietas", acrescentou o cientista australiano.

Laing explicou que a situação na Austrália é "dramática", já que a taxa de crianças com transtornos gustativos está acima do nível tolerável fixado pela Organização Mundial da Saúde para qualquer tipo de doença, que é de 4%. Os transtornos gustativos são causados ainda por doenças como a paralisia de Bell, a insuficiência renal e o diabetes, assim como por problemas na cavidade oral, nas glândulas salivares e infecções no ouvido médio.
Agência EFE

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