Positivamente. a medicina não é mais um sacerdócio
Com excessão aos "Médicos Sem Fronteiras" que trabalham em condições sub humanas(boaspraticasfarmaceuticas)
A proposta de trazer médicos de fora do Brasil para áreas carentes é sinal de que a época de Hipócrates acabou.
Após o rebuliço que a proposta governamental de trazer médicos
cubanos causou, o ministro da saúde Alexandre Padilha anuncia que será
apresentada em Genebra proposta de parceria entre Brasil e os países da
Península Ibérica, Portugal e Espanha, para a importação de médicos, sem
necessidade de revalidação do diploma.
Estes terão uma área restrita de trabalho – áreas carentes de médicos
e, muitas vezes, infraestrutura – e um período restrito – 2 a 3 anos –
após os quais necessitarão revalidar o diploma. Se o Conselho Federal de
Medicina quiser manter um mínimo de coerência, entretanto, tem de
exigir a revalidação do diploma dos médicos europeus da mesma forma.
Afinal, no total geral, apenas 8,6% passam no exame do Revalida – e os
europeus estão no meio do bolo.
Todas estas decisões, entretanto, esbarram no fundamental: ninguém
se questionou por que os médicos não desejam ir para as áreas carentes.
Por que há 3,46 médicos por mil habitantes no distrito federal, e apenas
0,58 no Macapá, sendo a média brasileira 1,8? Por falta de
universidades certamente não é, pois o Brasil ultrapassa em muito o
índice de faculdades de medicina/habitante de diversos outros países com
maior IDH.
A razão é elementar: a medicina não é mais um sacerdócio. A época
de Hipócrates acabou. A medicina não é mais exercida somente por
sacerdotes, padres, xamãs, curandeiros; é exercida por profissionais,
que recebem um pagamento, possuem chefes a quem responder, exigências,
responsabilidades e, acima de tudo estão sujeitos a processos por mal
prática, que crescem de forma exorbitante nos EUA e estão seguindo o
mesmo caminho aqui no Brasil.
Que médico iria querer trabalhar em um lugar onde falta energia
elétrica? Onde não há material para esterilizar instrumentos cirúrgicos?
Onde não há suporte sequer para atender um paciente sofrendo de
infarto? Quando o paciente morrer em suas mãos por falta de materiais
para tratamento, ele pode dizer para a família que tentou todo o
possível, mas, na hora em que
a família for procurar seus direitos, irá processar todos – hospital e equipe de saúde associada.
O código de ética médica dita que o médico deve não só se recusar
a trabalhar em locais onde não há recursos, como denunciar a situação
aos órgãos responsáveis. E este é apenas um dos motivos. Há outros: por
não serem mais sacerdotes, os médicos possuem família. No caso, cônjuges
que trabalham, que possuem uma vida profissional; filhos que necessitam
de educação de qualidade; uma vida social. Se são como qualquer
profissional liberal, por que não poderiam escolher lugares melhores
para viver e exercer sua profissão?
A decisão de mudar de uma capital para uma cidade do interior não
depende exclusivamente da boa vontade do médico e nem de um salário
vultoso; há diversos fatores a serem considerados. E isto leva ao
questionamento: há 20 mil médicos espanhóis desempregados neste momento.
Quando vierem ao Brasil (se vierem todos, pois a decisão não é
exclusiva de um membro da família), com a promessa de emprego e altos
salários (que muitas vezes não são pagos) e depararem com a situação
deplorável do aparato de saúde, o que farão? Continuarão lá, irão para
outras cidades, onde exercerão a medicina de forma ilegal, farão
a revalidação, para poderem trabalhar em qualquer lugar, ou
simplesmente retornarão para seus países?
Sobre o autor: David Nordon Veja todos os posts do autor David Nordon
David Nordon é médico e escritor. Seu
sonho é fazer pessoas plégicas recuperarem seus movimentos..
Médicos fazem protesto no Centro do Rio
Manifestação é realizada em todo o Brasil e cobra melhorias na saúde
Athos Moura
Rio - Cerca de 300 médicos realizam protesto na
manhã desta quarta-feira na Cinelândia, no Centro do Rio. Eles
reivindicam aumento no salário, revalidação do diploma para médicos
estrangeiros, realização de concursos públicos e mais investimento na
residência médica.
Médicos protestam no Centro
Foto: José Pedro Monteiro / Agência O Dia
De acordo com o presidente do
sindicato dos médicos do Rio, Jorge Darze, o setor precisa de mais
investimentos. “Uma das reivindicações é que 10% do PIB seja direcionado
para a Saúde. Isso elevaria o orçamento do Ministério da Saúde para R$
50 bilhões por ano", disse.
A presidente do Conselho Regional de
Medicina (Cremerj) Márcia Rosa de Araujo, pede mais estrutura na
categoria. "Colocar médicos com estetoscópio para trabalhar no interior
não é sinônimo de saúde de qualidade. É preciso estrutura para
trabalhar", afirmou.
Médicos pedem melhores condições de trabalho
De acordo com os manifestantes, o ato acontece em todo o Brasil, em diferentes horários.
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