1.16.2014

JUSTIÇA SUIÇA BLOQUEIA CONTAS DOS BENEFICIADOS DO MENSALÃO DO DEM (PFL)

Documento não cita nomes, mas menciona "37 pessoas acusadas de participar" de esquema

Terra

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A partir de informações da Procuradoria-Geral da República, a Justiça da Suíça bloqueou US$ 6,8 milhões nove contas secretas de Genebra e Zurique, suspeitando que o dinheiro esteja ligado ao esquema de desvio de recursos públicos do Distrito Federal - no caso que ficou conhecido como mensalão do DEM. As informações foram repassadas em setembro de 2012, após indícios encontrados pelo órgão brasileiro apontarem sinais de corrupção, lavagem de dinheiro e remessa de quantias que teriam sido desviadas do DF para as duas cidades suíças. As contas foram congeladas em março do ano passado, como mostra reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo desta quinta-feira.
Um documento obtido com exclusividade pelo jornal mostra que houve duas tentativas de reverter a decisão de congelar as contas. A Justiça da Suíça, porém, não revela quem são os envolvidos no esquema. O documento menciona "37 pessoas acusadas de participar de desvios de dinheiro público e de atos de corrupção de funcionários do Estado" e cita os suspeitos apenas na forma de letras: "H" e "J" - este último um "ex-governador do Distrito Federal suspeito de ser o responsável pela organização criminal". A Justiça suíça mantém os nomes dos suspeitos em sigilo.

O mensalão do DEM
O chamado mensalão do DEM, cujos vídeos foram divulgados no final de 2009, é resultado das investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O esquema de desvio de recursos públicos envolvia empresas de tecnologia para o pagamento de propina a deputados da base aliada.

O então governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) aparece em um dos vídeos recebendo maços de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que, na condição de réu em 37 processos, denunciou o esquema por conta da delação premiada. Em sua defesa, Arruda afirmou que os recursos recebidos durante a campanha foram "regularmente registrados e contabilizados". Em meio ao escândalo, ele deixou o Democratas.

As investigações da Operação Caixa de Pandora apontam indícios de que Arruda, assessores, deputados e empresários podem ter cometido os crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, crime eleitoral e crime tributário.

Acusado de tentar subornar o jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra, testemunha do caso, Arruda foi preso preventivamente em fevereiro de 2010, por determinação do Superior Tribunal de Justiça, que ainda o afastou do cargo de governador. Ele ficou preso por dois meses e, neste período, teve o mandato cassado por desfiliação partidária.

Em junho de 2012, o procurador-geral da República Roberto Gurgel denunciou 37 suspeitos de envolvimento no esquema. Segundo a ação, o valor desviado entre 2005 e 2010 seria de aproximadamente R$ 110 milhões. A denúncia não incluiu o ex-governador Joaquim Roriz (amigo do Gurgel), acusado de formação de quadrilha. O processo contra os 37 réus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) está em fase de notificação.

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