10.02.2014

As brigas no QG de Marina

Dirigentes do PSB jogam exclusivamente sobre a ex-senadora a responsabilidade pela queda nas pesquisas eleitorais

Mário Simas Filho

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“Eles fazem tudo errado, não ouvem ninguém e não assumem os próprios erros. Assim fica muito difícil mesmo”. Essa foi a frase proferida na manhã da segunda-feira 29 por um dos principais líderes nacionais do PSB, quando perguntado sobre as seguidas quedas da candidatura de Marina Silva nas pesquisas pré-eleitorais e o fraco desempenho da ex-senadora no debate de domingo à noite. Estava se referindo ao grupo mais próximo de Marina, que não conseguiu criar a Rede (partido idealizado pela candidata) e acabou se abrigando no PSB com as bênçãos Eduardo Campos. O ataque do pessebista traduz com exatidão a guerra instalada entre a Rede e o PSB em torno da candidatura de Marina.
Os dirigentes do partido jogam exclusivamente para Marina e seu grupo a responsabilidade pela queda nas pesquisas. Argumentam que, por quase um ano, Campos construiu uma estratégia de campanha que visava a apresentar ao eleitor uma terceira via e não mais um oposicionista. “O projeto de Campos era mostrar que os avanços obtidos no País são resultado de uma sucessão de políticas. Começou com FHC, passou por Lula, Dilma e agora precisa de uma nova gestão. Não de uma ruptura. Assim como Lula não promoveu rupturas em relação a FHC”, explicou o líder do PSB. “Mas a equipe de Marina ignorou tudo isso e se apresentou como mais uma candidata de oposição. Claro que não iria dar certo. Até ontem ela era do PT e do governo”.
 
O grupo de Marina também não faz mais questão de esconder as divergências. “Ficamos reféns de um programa carregado de lacunas e incoerências. E essa fragilidade programática acabou sendo transferida para a imagem da candidata”, afirmou um dos mais próximos colaboradores da Rede. Outro problema apontado pelos “sonháticos” de Marina é a falta de alianças. “Logo que chegamos, passaram a mensagem de que a Marina atrapalhava as parcerias regionais, mas o que vemos hoje é que o PSB não deixou nada bem costurado e interesses pessoais falaram mais alto do que a estratégia partidária”, diz um deputado ligado à ex-senadora.
 
É nesse clima absolutamente bélico que pessebistas e “sonháticos” precisam encontrar uma solução para tentar estancar a sangria de votos. Aos dois grupos, a candidata afirmou estar cansada e frustrada com a incapacidade de seus aliados de conseguir dar respostas mais duras aos ataques que vem sofrendo. A própria Marina também já avisou que caso passe para segundo turno irá promover profundas alterações no comando da campanha, principalmente na área de comunicação.  

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