10.01.2014

Morre Luiz Hildebrando, pesquisador de doenças tropicais da Fiocruz

Pesquisador era consagrado mundialmente por trabalhos sobre a malária.
Considerado um dos maiores cientistas na área da saúde pública, foi professor da Faculdade de Medicina da USP, da Harvard University e atuou no Instituto Pasteur de Paris, onde foi gestor e pesquisador por quase 30 anos.

Gaia Quiquiô Do G1 RO
Morreu com falência múltipla dos órgãos, na noite desta quarta-feira (24), Luiz Hildebrando Pereira da Silva, um dos principais pesquisadores de doenças tropicais do mundo. O cientista atuou por quase 30 anos no Insituto Pasteur, em Paris, uma das mais tradicionais instituições de pesquisa em saúde. Desde 2003, era pesquisador e diretor do Instituto de Pesquisa em Patologias Tropicais de Rondônia (Ipepatro), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Porto Velho. 
Luiz Hildebrando, que se destacou principalmente por suas pesquisas em malária, tinha 86 anos e estava internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, onde era tratado, desde o dia 8 de setembro, de uma pneumonia.
 
Luiz Hildebrando era pesquisador honorário
da Fiocruz em RO (Foto: Divulgação)
O pesquisador se graduou pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em 1953. Logo depois, passou a desenvolver pesquisas sobre a epidemiologia da esquistossomose e da doença de Chagas na Faculdade de Medicina de João Pessoa, na Paraíba. Em seguida, ele voltou para a São Paulo, onde passou a atuar como professor assistente de Parasitologia na FMUSP. Em 1960, já tinha obtido a livre-docência em Parasitologia na instituição sobre a quimioterapia da toxoplasmose experimental.
Militante de esquerda, ele foi demitido duas vezes da USP: a primeira vez em 1964, quando era professor da FMUSP, e a segunda vez em 1969, quando lecionava na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP). Ele voltaria a ser admitido em 1997, quando passou a trabalhar no campus avançado de Rondônia no Centro de Pesquisa em Medicina Tropical.
Após a segunda demissão da USP, em 1969, Luiz Hildebrando foi para Paris, onde já tinha feito seu pós-doutorado. Lá, ele foi convidado a organizar uma nova unidade de Parasitologia. Foi nessa instituição que, entre 1977 e 1996, o pesquisador desenvolveu algumas de suas principais pesquisas na área de malária. Nesse período, ele isolou uma série de moléculas antigênicas, que foram testadas em primatas e em voluntários humanos, e permanecem até hoje como candidatas importantes para futuras vacinas contra a infecção.
Foi também em Paris que Luiz Hildebrando chegou a trabalhar com o pesquisador François Jacob, que foi laureado com o prêmio Nobel de Medicina em 1965 por seus trabalhos sobre o controle genético das enzimas e da síntese de vírus.
Voltando ao Brasil, depois de aposentar-se do Instituto Pasteur, o cientista optou por trabalhar na Amazônia para continuar pesquisando sobre malária e outras doenças tropicais em uma região realmente afetada por esses problemas.
O médico era professor emérito da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e foi idealizador e responsável pela criação do Ipepatro, onde era diretor e se dedicava à pesquisa em imunologia e epidemiologia da malária. O pesquisador tem 80 trabalhos científicos publicados sobre a doença e mais de 150 pesquisas sobre outras patologias. Aos 86 anos de idade, ele continuava ativo no desenvolvimento de suas pesquisas.
Luiz Hidelbrando era casado e pai de cinco filhos. O corpo do cientista será cremado em São Paulo e a família ainda irá decidir onde serão jogadas as cinzas do pesquisador.

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