Pedidos de intervenção militar e a prisão do ex-presidente Lula apareceram nos cartazes cariocas. Cunha e Aécio foram esquecidos.
Rio - Milhares de pessoas foram às ruas ontem em todo o Brasil
para pedir a saída da presidenta Dilma Rousseff (PT). O ex-presidente
Lula também foi alvo e muitos também a intervenção militar No Rio, a orla de Copacabana foi tomada pela
terceira vez desde a reeleição da petista, mas a multidão foi menor do
que a presente às passeatas de março e abril. A PM não divulgou o número
de manifestantes na capital. No país inteiro, 874 mil foram as ruas, de
acordo com dados da Polícia Militar até o fechamento desta edição. Em
março 2,4 milhões foram protestar.
A manifestação deu prejuízo ao comércio na orla. O ato afastou turistas dos quiosques. “Só compram água”, reclamou um atendente. Já o aluguel de quadriciclo foi encerrado. “Foi um dia perdido”, disse Weverson Souza, que oferece o serviço. Restaurantes da orla tiveram publico menor. “O ato assusta os clientes”, disse uma atendente. Já vendedores de camisetas reclamaram que ninguém comprava.
Faixas e camisetas de apoio a Moro
O nome mais citado ontem no Rio foi o homem que sempre se veste de preto e é implacável em suas decisões: o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato. Diversas faixas de apoio ao juiz foram carregadas na passeata e pelo menos dois grupos customizaram camisas com frases de exaltação a Moro. Algumas tinham até fotos do magistrado.
Mobilização foi menor em relação com os protestos do começo do ano. Só em março foram 2,4 milhões
No fim do dia, a cúpula do
governo se reuniu para avaliar o impacto das ruas e o ministro-chefe da
Secretaria de Comunicação Social Edinho Silva declarou que os protestos
ocorreram “dentro da normalidade democrática”. Aproveitando
a impopularidade do governo, o candidato derrotado à Presidência e
senador Aécio Neves (PSDB-MG) participou diretamente dos atos pela
primeira vez e fez discurso em Belo Horizonte.
Os ciclistas que participaram
do evento-teste para as Olimpíadas de 2016 foram substituídos pelos
manifestantes antipetistas ainda no começo da manhã, em Copacabana. A
partir das 11h, grupos se concentraram atrás dos seis trios elétricos
que desfilaram pela Avenida Atlântica: em comum, a defesa da saída de
Dilma, a prisão de Lula e a exaltação ao juiz federal Sérgio Moro,
responsável pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, que apura o
escândalo de corrupção na Petrobras. O julgamento das contas do governo
Dilma em 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU) também foi
mencionado. Grupos como o Movimento Brasil Livre, Vem Pra Rua e
Revoltados Online colocaram carros.
Destacados como uma ‘ala’ no desfile
de carros de som antiPT, os defensores de uma intervenção militar no
Brasil levaram faixas até em inglês para “salvar o país do comunismo”,
mas foram vaiados em alguns momentos. “Vim a todos os protestos, sou
contra o PT, mas não quero ditadura de novo”, afirmou a aposentada
Bernadete Simonele, 63 anos. Em determinado momento, um dos líderes
chegou a prometer que queimaria todas as suas camisas vermelhas. “Há
quem discorde de nós, mas isso é democracia”, afirmou Marco Antônio dos
Santos, 56, militar e um dos líderes do Acorda Brasil, ao falar sobre o
isolamento dos intervencionistas.
Jornalistas foram hostilizados por
manifestantes nos carros de som, assim como defensores de Dilma que
foram expulsos ao som de “vai para Cuba”. Eles foram escoltados pela PM.
São Paulo reúne mais manifestantes
Treze anos depois de dizer na TV que tinha “medo” do PT, em 2002, a atriz Regina Duarte foi ao protesto de ontem, no Rio, subiu numa árvore e postou ‘selfies’ contra Dilma nas redes sociais.
Treze anos depois de dizer na TV que tinha “medo” do PT, em 2002, a atriz Regina Duarte foi ao protesto de ontem, no Rio, subiu numa árvore e postou ‘selfies’ contra Dilma nas redes sociais.
São Paulo voltou a ser a cidade
de maior adesão aos protestos: 130 mil pessoas, segundo o Datafolha. A
Secretaria de Segurança afirmou que 350 mil pessoas passaram pela via. O
senador José Serra (PSDB-SP), derrotado por Dilma nas eleições
presidenciais de 2010, participou do ato. Um protesto a favor do governo
foi organizado na sede do Instituto Lula, na Zona Sul da cidade, com
churrasco. No mês passado, o local foi alvo de um atentado.
Ex-governador de Minas e candidato
derrotado à Presidência ano passado, Aécio Neves (PSDB-MG) subiu ao
carro de som em Belo Horizonte e cantou o Hino Nacional junto com os
manifestantes. Em Brasília, um boneco inflável gigante com a imagem do
ex-presidente Lula vestido de presidiário, como se fosse preso da
Operação Lava Jato, desfilou na Esplanada dos Ministérios.
Comércio ficou no prejuízo
A manifestação deu prejuízo ao comércio na orla. O ato afastou turistas dos quiosques. “Só compram água”, reclamou um atendente. Já o aluguel de quadriciclo foi encerrado. “Foi um dia perdido”, disse Weverson Souza, que oferece o serviço. Restaurantes da orla tiveram publico menor. “O ato assusta os clientes”, disse uma atendente. Já vendedores de camisetas reclamaram que ninguém comprava.
Faixas e camisetas de apoio a Moro
O nome mais citado ontem no Rio foi o homem que sempre se veste de preto e é implacável em suas decisões: o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato. Diversas faixas de apoio ao juiz foram carregadas na passeata e pelo menos dois grupos customizaram camisas com frases de exaltação a Moro. Algumas tinham até fotos do magistrado.
Um dos manifestantes que exaltavam o
juiz, o médico Samuel Cukierman, de 62 anos, chegou até a dizer que, se a
Operação Lava Jato fosse uma pessoa física, ela deveria ser presidente
da República. “Só não digo que deveria ser o Moro porque ele deve
continuar o que está fazendo, e não deixar que a investigação seja
interrompida”, declarou.
Uma ala com um carro de som defendendo a
intervenção militar e pessoas vestidas de trajes do exército também
chamou a atenção durante a passeata. Uma das integrantes da ‘comissão’,
Marillac Silva Santos, de 49 anos, defendeu a volta dos militares ao
poder por pelo menos um pequeno período. “Não acho que eles deveriam
permanecer, mas entrar para limpar a corrupção e acabar com a crise
financeira. As lojas estão fechando”, disse a moradora do Leblon, que
trabalha com administração de empresas.
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