Por que pessoas morrem em cirurgias consideradas simples ou de “correção” estética? Existem várias respostas sobre esse questionamento. Respostas médicas e, mais grave, respostas econômico-financeiras.
É
importante lembrar que os fatores econômico-financeiros também aumentam
sobremaneira o risco de morte por falha médica ocorrer, pois clínicas e
profissionais menos qualificados são escolhidos para dar um “jeitinho”
naquelas gordurinhas do culote ou no levantamento de peitos
“tristinhos”.
É importante lembrar que qualquer procedimento cirúrgico apresenta riscos para a saúde e para a vida. Qualquer um! E vários são os riscos envolvidos. (infelizmente, mesmo não participando, presenciei a morte de uma criança de 11 anos após a anestesia local para uma cirurgia de fimose, em 1990, e até hoje não esqueci).
Antes de se submeter a uma cirurgia, o paciente
tem que obrigatoriamente realizar exames pré-operatórios, que visam
mostrar o nível de saúde em que se encontra.
Basicamente (podem ser necessários mais), são estes os exames:
Avaliação cardiológica (às vezes, pulmonar) – ritmo cardíaco, pressão arterial, avaliação da função elétrica e anatomia do coração;
Glicemia em jejum – dosagem de glicose no sangue após 12 horas de jejum;
Creatinina e Uréia – avaliação da função renal
Hemograma - avali ação global do sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas)
Coagulograma – avaliação da capacidade de coagulação sanguínea
Radiografia do tórax – estado pulmonar e pleural, tamanho da área cardíaca e condições do mediastino (espaço entre os pulmões).
Obviamente, esses exames acima são dispensáveis em caso de emergência, quando a morte do paciente é iminente e a rapidez do procedimento é ponto crucial.
Voltando ao tema inicial, sobre a morte aparentemente boba de pacientes - especialmente mulheres - durante cirurgias plásticas, alguns fatos precisam ser analisados.
Esses fatos dependem do paciente, do médico e do serviço hospitalar contratado.
Sobre a paciente
Sem querer aqui avaliar se a paciente precisa ou não de uma “lipo” ou de uma “plástica de barriga” e deixando de lado os fatores emocionais e psiquiátricos envolvidos na decisão de ser operada, a paciente tem que estar em ótimas condições de saúde e ter dinheiro para bancar o procedimento.
Um médico responsável – sem dúvida – jamais
submeteria uma pessoa com alguns problemas de saúde, às vezes
eufemisticamente denominados de “bobagens” ou “probleminhas”, a um
procedimento cirúrgico estético, pois, a rigor, o motivo da cirurgia não
se referia diretamente à cura operatória de doenças.
Mas, nem todos são tão responsáveis e éticos assim.
Não
é raro que uma paciente “force a barra” e até falsifique exames (coisa
muito simples de ser feita) para que se enquadre na faixa de segurança
operatória, tal o desejo de corrigir pequenas “imperfeições”.
Além
do mais, nem todas possuem o dinheiro necessário para serem operadas.
Daí, fazem empréstimos, dividem no cartão, pedem uma grana a um parente
e..., o pior de tudo, contratam médicos de competência duvidosa (pois
são mais baratos) e escolhem clínicas insuficientemente equipadas em
material e pessoal caso uma situação emergencial ocorra. Pronto: estão
aí os elementos plantados para uma tragédia.
Sobre o médico
Na Medicina brasileira – e, sobretudo na norteamericana – o dinheiro é fator primordial na relação médico paciente. Médicos bons e hospitais excelentes custam caro, muito caro! Mas, suponha, que um médico competente não resista tanto a engordar sua conta bancária ou não esteja em uma boa situação financeira atual.
Certamente vai
sugerir um hospital ou clínica “mais em conta”, apesar dos riscos que
acabou de abraçar quando isso fez. Ele terá um argumento imbatível para
convencer a paciente, estando esta já disposta a “fazer tudo” para
melhorar o “corpinho”.
Trata-se da tal “estatística” dele
próprio (como se acredita facilmente no que se é dito sem
comprovação!): “Já operei 150 pacientes nessa clínica e nunca tive
nenhuma complicação. Todas saíram bem!”. Pronto! A paciente caiu na
armadilha!
Agora vai correr o risco (alto, na maioria
vezes), se não sucumbir na sala de cirurgia. Suponha também que o médico
nem seja tão bom, mas que tenha um “papo que derruba avião”.
Aí então é que a paciente fica com a “espada na cabeça”, embora nem imagine os riscos que irá correr.
Médico
ético não opera em hospital ou clínica “mequetrefe”. Jamais!
Particularmente, se o motivo cirúrgico for estético. Médico ético se
cerca de todas as condições de segurança necessárias ao sucesso do
procedimento e recusa qualquer situação que ponha em risco a saúde da
paciente, mesmo que perca a cliente para outro menos capaz. Médico ético
não cede aos apelos de pacientes paranóicas e nem a uma redução no
preço de um “hospitalzinho mais simples” ou de uma clínica de fachada.
Sobre o hospital ou clínica
Grandes hospitais têm equipamentos de ponta e pessoal treinado em emergência. Tem UTI e medicamentos de qualidade (não usam similares ou substitutos). Pelo menos em teoria. Sendo a teoria verdadeira, a segurança atinge seu ponto mais elevado.
É lógico que acidentes e imprevistos
acontecem e sempre acontecerão, mesmo com os melhores médicos e
hospitais. Mas, colocar-se na mão de médicos e serviços hospitales de
araque e clínicas mercenárias é brincar de “roleta russa”, especialmente
se a paciente for paranóica e tope qualquer coisa para “esculpir” o
corpo.
Essas clínicas não têm condições de atuar numa
emergência, isso é um fato. Algumas têm convênios com hospitais próximos
que tenham UTI, para casos de risco de vida (como se a vida esperasse
uma transferência em ambulâncias precariamente equipadas e a atuação de
médicos competente em outro local!)
Portanto, mulheres (em especial), raramente um só erro leva a estragos; é uma sequência de erros, imperícias, imprudências e negligências que detonam vidas. Segue abaixo a equação do insucesso, que, felizmente, nem sempre ocorre, mas que muitas clientes passam perto
Fonte: Sol Saúde On Line
SAIBA MAIS:
A cirurgia plástica pode ser feita em adolescentes?
Além do público feminino, a cirurgia estética está atraindo cada vez mais o público jovem. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), em 2006 foram realizadas 700 mil plásticas estéticas no país, sendo que os adolescentes – entre 14 e 18 anos – representaram 15% deste total, ou seja, 105 mil jovens se submeteram a algum tipo de intervenção estética.
Na lista dos procedimentos mais procurados por este público estão: rinoplastia, mamoplastia redutora, mamoplastia de aumento, lipoaspiração, correção de orelhas em abano e a ginecomastia (aumento do volume das mamas no homem).
Sob o ponto de vista clínico, a plástica na adolescência precisa ser cuidadosa, pois é uma cirurgia com todos os riscos de qualquer outra.
O
cirurgião deve solicitar todos os exames pré-operatórios necessários e,
inclusive, encaminhá-los para avaliação de outros especialistas, se for
o caso.
Desde que o jovem seja saudável e todos os exames pré-operatórios sejam realizados, não existe uma idade exata a partir da qual as cirurgias plásticas possam ser realizadas. É preciso considerar o desenvolvimento físico e emocional de cada paciente.
Em casos de mamas chamadas gigantes, ou seja, quando notadamente as mamas têm um tamanho desproporcional ao corpo, a cirurgia plástica pode ser feita mesmo precocemente, entre os 14 ou 15 anos, uma vez que comprometem o bom desenvolvimento postural da jovem e limitam as atividades físicas.
Quanto às lipoaspirações, elas estão praticamente contra-indicadas na adolescência, pois podemos perder a oportunidade de incentivar o adolescente a adotar hábitos saudáveis como uma boa alimentação e a prática de atividades físicas.
Mesmo seguindo todas essas regras, no entanto, a avaliação criteriosa do cirurgião plástico sempre será fundamental, pois em muitos casos pode haver exceções e outras orientações.
Ruben Penteado, cirurgião plástico (SP)
2 comentários:
Minha consulta com meu cirurgião está marcada semana que vem.Mas gostaria de esclarecer essa dúvida antes !
Obrigada
O nosso blog é informativo.
Boa sorte
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