2.14.2016

Bancos europeus e desempenho asiático alarmam mercados mundiais

Ásia e Europa estão no foco das atenções do mercado financeiro mundial. A desaceleração do crescimento da China, a desvalorização das bolsas asiáticas e a saúde econômica dos bancos europeus inquietam investidores ao redor do mundo. 

Em 2015, o PIB da China cresceu 6,9%, o pior crescimento desde 1990. A desaceleração preocupa mercados no mundo todo. Professor dos MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Mauro Rochling acredita que a economia mundial passa por um período de turbulência. 
"O pano de fundo dessa turbulência é a aterrissagem chinesa. Resta saber se a China vai conseguir fazer um softlanding (desaceleração gradual) ou hardlanding (desaceleração abrupta)", afirmou o professor. 
>> "Terremoto bancário": nova ameaça para a economia mundial
As ações dos bancos europeus estão perdendo mais valor do que na crise de 2008
As ações dos bancos europeus estão perdendo mais valor do que na crise de 2008
Há alguns anos, a economia desse país crescia 12% ao ano. Atualmente tem crescido à metade. "Essa desaceleração provoca a queda das commodities e diversos países que dependem desse tipo de exportação foram prejudicados", afirmou Rochling. 
O Brasil é um dos que pode ser afetado pelo crescimento mais lento. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 27,2% do total exportado, em 2015, teve como destino o país asiático. 
Rochling ressaltou, ainda, que haveria um fator positivo para o Brasil. "A queda das commodities ajuda a combater a inflação. Se não fosse por isso, teríamos uma alta extensiva nos preços dos combustíveis. Seria um impacto desastroso na inflação", afirmou o professor.
As bolsas asiáticas também chamam atenção de investidores. Nessa semana, o mercado asiático perdeu os ganhos acumulados em um ano e meio. Na sexta-feira (12), as ações da Ásia caíram pela sexta sessão seguida. Nesse dia, o índice Nikkei, do Japão, recuou 4,8% e fechou a semana com perdas de 11%. Na terça-feira (9), a queda foi de 5,4%, a maior em quase três anos.
Terremoto bancário
Outro fator que também contribui para intensificar esse ambiente de crise é o sistema bancário. As ações dos bancos europeus estão perdendo mais valor do que na crise de 2008. Desde janeiro, as instituições financeiras do continente já perderam US$ 240 bilhões. 
Um dos mais afetados é o alemão Deutsche Bank, que teve recuo de 9,5% no valor de suas ações na sessão de segunda-feira (8). O CEO da instituição, John Cryan, precisou se manifestar publicamente para tranquilizar os ânimos dos investidores. A imprensa alemã já chama essa crise de "terremoto bancário".
Deflação
Para Maryse Farhi, economista e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), além da crise financeira, alardeada pelos mercados, também há o risco de uma crise provocada pela deflação.
"Ainda não estamos lá, mas pode estar se delineando uma crise provocada pela deflação. Existe a possibilidade de os preços caírem, como acontece com o petróleo. Isso sim impactaria a economia real, já que as pessoas vão postergar o consumo, uma vez que os produtos podem estar mais baratos no dia seguinte", declarou a professora.
André Borba *

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