Descoberta é duplamente surpreendente, já que consiste na colisão entre dois buracos negros ocorrida há 1 bilhão de anos
A descoberta das ondas, criadas por violentas colisões no Universo, empolgou cientistas, porque abre a porta para nova maneira de observar o Cosmo. Para eles, é como passar do cinema mudo ao falado, porque as ondas são a ‘trilha sonora do Universo’.
“Até este momento,
nós tínhamos nossos olhos no céu e não podíamos escutar a música”,
comparou o astrofísico Szabolcs Marka, da Universidade Columbia, da
equipe da descoberta. “Os céus nunca mais serão os mesmos.”
Um time internacional
de astrofísicos de ponta usou um instrumento recentemente atualizado e
bastante sensível, de US$ 1,1 bilhão, conhecido como Laser
Interferometer Gravitational-Wave Observatory (Ligo), para detectar a
onda gravitacional de colisão distante de dois buracos negros, uma das
maneiras de gerar reverberações. Para dar sentido ao material bruto, os
cientistas traduziram a onda em som. Em entrevista coletiva, eles
‘tocaram’ o que chamaram de ‘chirp’, o sinal ouvido em 14 de setembro,
que foi pouco perceptível mesmo quando aumentado o som.As ondas gravitacionais, primeiro teorizadas por Albert Einstein em 1916 como parte de sua Teoria Geral da Relatividade, são extraordinariamente débeis reverberações no espaço-tempo, a difícil de penetrar quarta dimensão, que combina o tempo com as outras três dimensões espaciais. Quanto objetos com muita massa, porém compactos, como os buracos negros ou as estrelas de nêutrons, colidem, eles emitem reverberações.
O próprio Einstein, ao teorizar sobre o assunto, achou que os cientistas nunca conseguiriam ouvir as ondas gravitacionais. Posteriormente, Einstein chegou a questionar se essas ondas realmente existiam, nos anos 1930, mas nos anos 1960 cientistas concluíram que provavelmente sim.
Foco de ‘Interestelar’
Um dos membros da equipe que ouviu as ondas gravitacionais é Kip Thorne, cofundador do superinterferômetro Ligo. Kip não por acaso foi consultor de Christopher Nolan em ‘Interestelar’, filme de ficção científica que tem justamente o fenômeno anunciado como ‘protagonista’. Na trama, buracos de minhoca, distorção do espaço-tempo e manipulação da gravidade aparecem como elementos para salvar a humanidade de uma Terra estéril e refém de tempestades de areia.
O que no início do filme parece um fantasma se divertindo na verdade é o astronauta vivido por Matthew McConaughey em outra galáxia usando ondas gravitacionais para transmitir à filha instruções para concluir uma equação.
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