Após a admissão do pedido de impeachment contra a presidenta
Dilma Rousseff, aprovada no domingo (17) no plenário da Câmara dos
Deputados, o plano dos movimentos sociais agora é promover uma
paralisação geral antes do fim do processo no Senado, com o objetivo de
inviabilizar um possível governo Temer, afirmou João Pedro Stédile, um
dos principais dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST), em entrevista ao programa Espaço Público, da TV Brasil. Para Stédile, quem articula o que ele chamou de “golpe” contra Dilma é uma parcela
da burguesia, principalmente aquela ligada ao setor financeiro, cuja
meta principal não é a troca do presidente, mas a implantação de medidas
neoliberais que os movimentos sociais "não aceitarão". Plano
dos movimentos sociais agora é promover uma paralisação geral antes do
fim do processo no Senado, com o objetivo de inviabilizar um possível
governo Temer, afirmou João Pedro StédileStédile
descartou que o pedido por novas eleições gerais entre na pauta de
reivindicações. “Neste momento, temos que barrar o golpe e inviabilizar o
governo
Temer”, afirmou Stédile na entrevista, que foi ao ar ontem (19) à
noite. Os movimentos reunidos sob a Frente Brasil Popular, entre eles
grandes centrais sindicais, como a CUT, reúnem-se entre hoje e amanhã
para definir uma data para uma eventual paralisação geral, antes da
conclusão do processo de impeachment no Senado. “Isso eu defendi no sábado, no acampamento lá de Brasília. O que a burguesia quer, no Brasil,
não é trocar de presidente, é implementar um programa neoliberal para
recuperar sua taxa de lucro e ela sair da crise. O povo, se me permitem,
que se lasque. Qual é a arma que a classe trabalhadora tem nesse
momento? É dizer para a burguesia: olha, nós não aceitamos plano
neoliberal, não aceitamos perder direitos e não aceitamos perder
salário. Para ela dizer isso para os golpistas, tem que fazer uma
paralisação nacional”, disse o economista e ativista social. Perguntado
se diante do desemprego crescente, os trabalhadores iriam aderir a um
greve geral, Stédile respondeu: “É esse o termômetro que nós vamos
levantar amanhã [hoje (20)]. Eu acho que tem muitos sindicatos que têm
base organizada nas fábricas, como no ABC Paulista, no Vale do Paraíba.
No Rio de Janeiro, os petroleiros da Petrobras, se quiserem, param o a
Petrobras. Nós, na agricultura, temos condição de parar, parar as
estradas, o transporte de mercadorias.” O dirigente do MST
reconheceu que, para além da militância organizada, os movimentos
sociais não conseguiram angariar, até agora, uma adesão expressiva da
grande “massa” da população às manifestações contra o afastamento de
Dilma, mas ele disse acreditar que a juventude deva reagir. Ressaltando
que o MST foi um dos primeiros a criticar o segundo governo Dilma por
sua política de ajuste fiscal, Stédile avaliou que, mesmo que consiga
barrar o impeachment, o governo Dilma de 2014 e 2015 estará “acabado”,
dando lugar a um governo “Lula 3”, no qual o ex-presidente terá papel
central na formação de um novo gabinete de ministros e na implantação de
uma nova agenda econômica. “Se nós conseguirmos barrar o
impeachment no Senado, na verdade o governo Dilma de 2014 e 2015 acabou.
Nós teremos um outro governo, coordenado pelo Lula, que até nos
movimentos populares, nós brincamos que vai ser o Lula 3, porque ele que
vai ter que coordenar, e vai ter que reformar o ministério, e vai ter
que adotar um outra política econômica.” Com Agência Brasil
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