sex, 15/04/2016 - 14:45
Enviado por José Carlos Galvão, via facebook
por Fábio Lucas Oliveira
Pessoal vou postar aqui uma das melhores análises dessa guerra de números:
Para conhecimento:
Cansado de tantos placares e notícias
que parecem mais querer influenciar a decisão do que propriamente
fornecer bases sólidas para uma avaliação coerente, resolvi eu mesmo
fazer um raciocínio numérico sobre a decisão de domingo, em relação ao
impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Para facilitar, resolvi contar os votos
governistas, que precisam ser de apenas 33,3% (172 votos) dos deputados
federais. Faço uma conta pessimista, do ponto de vista do governo, que é
quem precisa do menor número. Desta forma, consigo uma margem de erro
bem baixa. Não podemos esquecer que quem deve buscar os votos certos é a
oposição, já que a abstenção – legítima no processo democrático -,
favorece o governo.
Vamos partir do princípio de que o
governo começa com todos os votos do seu partido (o PT) e do PCdoB,
certo? Logo, Dilma parte de 68 votos (57 + 11).
Já há uma manifestação clara dos
parlamentares do PSOL que, embora não apoiem Dilma, consideram o
impeachment um “golpe institucional”, conforme nota da bancada. Todos os
6 parlamentares já se pronunciaram . Logo: 68 + 6 = 74.
A Rede Sustentabilidade se posicionou
contra Dilma, por meio de Marina Silva. Mas 2 de seus parlamentares -
Aliel Machado (PR) e Alessandro Molon (RJ) - já se posicionaram contra o
impeachment, inclusive na comissão de admissibilidade. Temos: 74 +2 =
76.
O PSB saiu do governo em 2013. Logo, dos seus 30 votos, 3 se declararam contra o impeachment. Então: 76 + 3 = 79.
O PDT tem 20 votos, mas 2 se declararam a
favor do impeachment. Dos restantes, 7 estão indecisos e 12 se
declararam a favor de Dilma. Mas, um deles (Flávio Nogueira - PI), é
suplente e deve sair para ser substituído pelo titular do mandato. Como
ele não se posicionou, sobram 11 certos, na pior das hipóteses: 79 + 11 =
90.
O PP orientou voto a favor do
impeachment, mas avisou que não haverá punição para dissidentes e abriu
uma votação interna. Nela, dos 51 parlamentares, 9 se posicionaram ao
lado do governo. Então, temos 99 + 9 = 99.
O PSD foi o assunto do dia. Seu líder,
que é o presidente da comissão do impeachment, disse que, após consulta à
bancada, está contra Dilma. Mas não divulgou números. 5 deputados
fizeram manifestações públicas a favor de Dilma e 15 estão indecisos,
sobrando 17 que podem ser contabilizados contra a presidente. Vamos
somar só os 5: 99 + 5 = 104.
O PRB tem 22 parlamentares. Apenas 1 se
posicionou a favor de Dilma e ainda existem 9 indecisos. Se todos esses
se posicionaram contra Dilma, sobrará apenas 1. Improvável, mas sigamos
pessimistas: 104 + 1 = 105.
Do PTN, 4 deputados são a favor do
impeachment, 6 estão indecisos e 3 são contra. Mantenhamos nosso
raciocínio o pior possível, do ponto de vista do governo: 105 + 3 =
108.
No PTB, dos 19 parlamentares, 4 do
nordeste - Arnon Bezerra (CE), Adalberto Cavalcanti (PE), Paes Landim
(PI) e Pedro Fernandes (MA) - ficam com Dilma e o partido já anunciou
que não haverá punição. 108 + 4 = 112.
No Prós, houve uma articulação para que
os parlamentares a favor do impeachment fossem substituídos pelos
suplentes na comissão de admissibilidade. Os 2 eram a favor. A bancada é
de 5 e 3 estão contra o impeachment. Logo, 112 + 3 = 115.
No PT do B, dos 4 parlamentares, 1 está
indeciso e 2 são a favor do impeachment. O que sobra é vice-lider do
governo na Câmara e já se manifestou na comissão de admissibilidade
contra o impedimento. 115 + 1 = 116.
No PHS também há apenas um apoio já declarado, da bancada de 7. 116 + 1 = 117.
No PTN, da bancada de 13, 2 deputados já
se posicionaram contra o impeachment e 4 estão indecisos.
Mantenhamo-nos pessimistas: 117 + 2 = 119.
No PEN, há 2 deputados e cada um está de um lado. Continuemos a conta dos votos do governo: 119 + 1 = 120.
No PMDB, 12 parlamentares já se
posicionaram contra o impedimento. Ainda devem voltar os 3 parlamentares
que ocupam ministério e o partido deve perder mais um voto para o PT,
de Patrus Ananias (MG), que também deve voltar para a votação, tirando
um indeciso do processo. Para facilitar a conta matemática, vamos
acrescentar o voto de Patrus à conta do PMDB. Logo, ficamos com 120 + 16
= 136.
No PR, fala-se em “ampla maioria” contra
o impeachment. Segundo o líder, recém-eleito depois de conversas do
partido justamente para ajustar o posicionamento, a legenda teria, dos
40 votos, 28 favoráveis a Dilma. 136 + 28 = 164.
Ou seja, faltando 3 dias para a votação,
o governo tem, pelo menos, 166 votos. Vejam como o número é diferente
dos 113 da Globo, 128 da Veja ou os 112 do “Mapa do Impeachment”. Isso
sem contar os indecisos que, como disse lá no começo do texto, podem
aderir ao governo ou oposição na última hora ou simplesmente não votar,
inviabilizando o impeachment.
Percebem a manipulação dos veículos de
comunicação? Dizer: “O governo vai perder a votação, porque cresce a
cada minuto a bancada pró-impeachment”, ou ainda “ Governo já admite
derrota” é bem diferente de dizer que nenhum dos lados iniciará a
votação com vitória certa.
Será uma disputa voto a voto, decidida
na última hora, e hoje o governo está mais perto da vitória. Repito:
pode mudar, mas HOJE o governo tem mais chances matemáticas do que a
oposição.
É esse “pode mudar”, que falei acima, o
grande diferencial. Há uma tentativa de forçar um clima entre os
deputados e na sociedade, uma vez que a vitória de Dilma, apesar de toda
a pressão, se coloca no horizonte. Agora, imaginem com que cara ficarão
Globo, Temer, Cunha, Moro e Gilmar, depois de tanta exposição, se
perderem no Congresso? Bate um desespero, certo?
Fábio Lucas Oliveira – Formado em
jornalismo, ex-editor de política em jornais impressos e eletrônicos de
Brasília, Campinas e Santos. Hoje é pequeno empreendedor do ramo de
construções em Campinas (SP) e se dedica à política apenas quando acha
importante desmistificar práticas antiéticas na cobertura jornalística
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