Após assinar Acordo de Paris na sede das Nações Unidas, presidente
conversa com a imprensa brasileira. Dilma reafirma que se sente "vítima
de um golpe em curso" e revela que recebeu solidariedade de líderes em
Nova York.
Depois de discursar na Assembleia das Nações Unidas em Nova York nesta
sexta-feira (22/04), a presidente Dilma Rousseff dedicou uns minutos
para conversar com a imprensa brasileira.
"Eu vim à ONU para falar a verdade. E a verdade aqui é a seguinte:
tivemos uma grande atuação na COP 21. Sem nós, a conferência não teria o
resultado que teve", afirmou ela, justificando o discurso moderado
durante sua fala na plenária.
Dilma admitiu que fez uma referência genérica sobre a situação política
brasileira. "Agora, eu falo em golpe para a imprensa internacional
aqui, porque não estou na ONU", disse a presidenta, explicando a
conversa prévia que teve com jornalistas estrangeiros na residência do
embaixador na cidade.
Segundo Dilma, alguns líderes mundiais reunidos em Nova York
manifestaram seu apoio e solidariedade. "Eu me julgo uma vítima,
injustiçada. Se eu, que sou presidente, me sinto vítima de um processo
ilegal, golpista e conspirador, o que dizer da população do Brasil
quando seus direitos forem afetados?", questionou.
A presidenta voltou a dizer que um golpe está em curso no país, e que
está sofrendo impeachment sem que existam acusações de crime plausíveis.
Ela classificou o processo de impedimento como uma "eleição indireta
travestida de impeachment".
"Pergunto a vocês: quem assumirá o destino do país? Pessoas ilegítimas,
que não tiveram voto como presidenta da República, ou que têm, na sua
trajetória, acusações de lavagem de dinheiro, conta no exterior e
processo contra corrupção?" disse a líder, fazendo referência indireta
ao vice-presidente, Michel Temer, e ao presidente da Câmara, Eduardo
Cunha.
O processo, já aprovado pelos deputados, será agora analisado pelo
Senado. "Eu vou me esforçar muito. Não só eu, como os ministros da
Justiça e da Fazenda. Todos nós vamos debater juntos e dar todas as
informações necessárias aos senadores."
Sobre a contra-argumentação da oposição de que o impeachment não é um
ato ilegal, Dilma acredita que essa postura é de quem tem medo. "E o
medo decorre da absoluta ilegalidade. É subestimar a consciência das
pessoas, a capacidade de compreensão das pessoas, tanto dentro do Brasil
como fora."
A líder afirmou ainda não que não é contra a convocação de novas
eleições, alternativa defendida por algumas alas do PT. "Mas eu acho que
tem que ser me dado o direito de defender o meu mandato. Eu devo isso aos
meus 54 milhões de eleitores".
Protestos em Nova York Pró - Dilma
Um grupo pró-Dilma gritava frases de apoio enquanto
policiais locais se esforçavam para deixar a passagem livre para
pedestres entre os manifestantes.
O movimento chamado "Defend democracy in Brazil" é composto, em sua
maioria, por mulheres.
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