10.06.2016

Delações da direita


"Tirar Lula da campanha eleitoral, senão ele ganha, e seguir perseguindo o PT. Essa a primeira confissão. A segunda, de Teori Zavascki, para quem as acusações dos promotores curitibanos foram um exagero de espetacularização. No entanto, ele não as invalida, menos ainda a sua assunção por Moro, que tomou convicções e ausência de provas como suficientes para tornar Lula réu. A terceira, a do ex-presidente do STF Ricardo Lewandowski, de que o impeachment foi 'um tropeço' da democracia", enumera o colunista e sociólogo Emir Sader; ele acrescenta que a quarta e "a mais explícita confissão" veio do juiz Sérgio Moro, que "afirmou que 'vivemos um período extraordinário', para justificar a aplicação de métodos extraordinários, isto é, autoritários, anti-constitucionais, nas ações contra o PT e Lula"
Não se trata de delações feitas sob a pressão do encarceramento, mas de momentos de sinceridade, em que a direita confessa o caráter da sua ação. Seleciono quatro, todas muito significativas para esclarecer o momento que o país está vivendo.
O governo escolheu o lema "Vamos tirar o Brasil do vermelho para voltar a crescer". Tanto no seu sentido explícito, quanto no implícito, o lema diz tudo a respeito do que o governo golpista é.
Por um lado, o único objetivo econômico do governo é impor o ajuste fiscal, conforme declarações do próprio Henrique Meirelles, de que seu único compromisso é com o ajuste. Temer até disse que o ajuste vai demorar três anos, para além do seu mandato.
E o segundo objetivo está na leitura política do lema: repressão ao PT, para o qual conta com o Judiciário, com a PF com a PGR, com os promotores e com a mídia. A perseguição a Lula e o uso das acusações a petistas com fins claramente eleitorais comprovam esse objetivo. Tirar Lula da campanha eleitoral, senão ele ganha, e seguir perseguindo o PT. Essa a primeira confissão.
A segunda, de Teori Zavascki, para quem as acusações dos promotores curitibanos foram um exagero de espetacularização. No entanto, ele não as invalida, menos ainda a sua assunção por Moro, que tomou convicções e ausência de provas como suficientes para tornar Lula réu.
A terceira, a do ex-presidente do STF Ricardo Lewandowski, de que o impeachment foi "um tropeço" da democracia. Depois de se manter calado na presidência das sessões do Senado que levaram a cabo esse "tropeço" e de, na presidência do STF, ter mantido o silêncio cúmplice diante do mais monstruoso golpe à democracia e à Constituição que se deu na história brasileira.
A quarta delação voluntária foi a do juiz Moro, de que "vivemos um período extraordinário", para justificar a aplicação de métodos extraordinários, isto é, autoritários, anti-constitucionais, nas ações contra o PT e Lula. É a mais explicita confissão de que estamos num Estado de emergência, forma conceitual mais precisa de dizer que vivemos num período extraordinário, que autorizaria métodos de exceção.
Nada mais explícito que as confissões, esses momentos de sinceridade dos próprios agentes do golpe, do Estado de exceção, da cumplicidade do Judiciário e da espetacularização das perseguições judiciais a Lula e ao PT.

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