"Iniciada com a AP 470 e radicalizada pela Lava Jato, exibidas em tom
de espetáculo há mais de uma década, a criminalização da atividade
política mostrou seus efeitos daninhos nas eleições municipais", escreve
Paulo Moreira Leite; "Vitorioso com menos votos do que a soma de
brancos, nulos e abstenções, o candidato do PSDB João Doria
apresentava-se como não político, o que é, no mínimo, um caso de botox
ideológico", afirma; PML lembra que "na Itália o efeito da
criminalização da política foi o surgimento de Silvio Berlusconi,
empresário bilionário que se ganhava eleições com ajuda de sua rede
privada de TV e desnacionalizou a economia e reduziu o bem-estar social,
programas que alimentam muitos dos vitoriosos de ontem"
"Derrotado no chamado “triângulo eleitoral das Bermudas” (Rio, São
Paulo e Belo Horizonte), o partido de Temer venceu apenas em Boa Vista
(RR), com Teresa Jucá, no primeiro turno. Certamente um resultado
frustrante para quem patrocinou o golpe apostando na viabilização de um
projeto próprio de poder", diz a colunista Tereza Cruvinel; "O
rompimento da aliança com o PT não favoreceu o PMDB nas primeiras
eleições após o impeachment e resultou, pelo menos neste primeiro turno,
no favorecimento da ala tucana mais conservadora e na emergência de
candidatos de direita filiados a partidos pequenos e sem proeminência,
num aumento também nefasto da dispersão político-partidária"
A vitória de João Doria, na capital paulista, e do PSDB nas cidades
mais importantes de São Paulo, teve também um efeito colateral: matou,
com dois anos de antecedência, a guerra interna do partido para definir
quem será o candidato em 2018; com o controle das máquinas do governo
paulista e da prefeitura, Geraldo Alckmin só não disputará a presidência
da República se não quiser; o senador Aécio Neves (PSDB-MG), cujo
candidato João Leite enfrentará um dura eleição em Belo Horizonte, será
chamado a reconquistar Minas Gerais; o chanceler José Serra foi um dos
grandes derrotados, por ter apoiado, por baixo dos panos, Marta Suplicy;
na ponta inversa, quem ganhou força foi o governador de Goiás, Marconi
Perillo, que deverá ser vice de Alckmin, numa chapa puro-sangue
"O PSB é o partido de esquerda que mais elegeu prefeitos no primeiro
turno das eleições", anunciou a sigla, tripudiando sobre o PT, legenda
que mais encolheu depois da disputa desse domingo 2; texto divulgado à
imprensa diz que "os socialistas" conquistaram 414 cidades e destaca ter
reeleito o prefeito Carlos Amastha na capital de Tocantins, Palmas
(foto), e Jonas Donizette, em Campinas (SP), no primeiro turno
Após ter sido comparado a Fernando Collor pelo ex-presidente Lula, o
prefeito eleito da cidade de São Paulo, João Doria (PSDB), rebateu
afirmando que irá visitar o petista em Curitiba, sede das investigações e
prisões da Lava Jato; o tucano aproveitou ainda para afirmar que o
cenário das eleições municipais fortaleceu a candidatura de seu padrinho
político, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin, para a Presidência
em 2018
“Coloquei toda a equipe da prefeitura, a começar por mim, à inteira
disposição para efetuarmos a melhor transição possível, pensando nos
interesses da cidade”, disse o prefeito Fernando Haddad, derrotado neste
domingo para o tucano João Doria; “Em um país onde vemos fragilizadas
as instituições republicanas, e fragilidade da República, penso que
temos que dar exemplo e fortalecer as instituições, e uma das
instituições que mais prezo são as transições de governo, porque isso
revela espírito público, respeito à democracia, respeito ao resultado
das urnas e à vontade popular"
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