8.24.2018

Cidadãos do Nada

Hoje dias ruins e noites ruins acontecem
Demais,
O velho sonho de ter alguns anos
Tranquilos antes de morrer-
Aquele sonho desapareceu assim como os outros
Sonhos.
Uma pena, uma pena, uma pena.
Desde o início, ao longo dos
Anos e próximo ao fim:
Uma pena, uma pena, uma pena.
Houve momentos,
Faíscas de esperança
Mas eles dissolveram rápido
Voltando à velha e mesma
Fórmula:
O fedor da realidade.
Mesmo quando havia
Sorte
E vida dançando na
Carne,
Sabíamos que e permanência
Seria
Curta.
Uma pena, uma pena, uma pena.
Queríamos mais do que
Algum dia pudesse haver:
Mulheres com amor e
Com risadas,
Noites selvagens o bastante para o
Tigre,
Queríamos dias que passeassem pela
Vida
Com alguma graça,
Um pouquinho de
Sentido,
Uma utilidade razoável,
E não algo
Apenas para
Desperdiçar,
Mas algo para
Lembrar,
Algo para
Dar um soco
Nas entranhas
Da morte.
Uma pena, uma pena, uma pena.
Somando todas
As coisas, é claro, nossa pequena agonia é
Estúpida
E fútil
Mas sinto que os nossos
Sonhos não
São.
E nós não estamos sós
Os fatores implacáveis não
São uma vingança
Pessoal contra um
Único
Indivíduo.
Outros sentem a mesma
Queimadura do
Desconcerto, enlouquecem, suicidam-se, ficam
Estúpidos, correm feridos para
Deuses
Imaginários, ou embriagam-se, drogam-se, emburrecem
Naturalmente
Desaparecem nessa multidão de nadas
Que nós chamamos de famílias,
Cidades,
Nações.
Mas o destino não é o único
Culpado
Nós desperdiçamos
Nossas oportunidades,
Nós estrangulamos
Nossos próprios corações.
Uma pena, uma pena, uma pena.
Hoje nós somos cidadãos do
Nada(...)"
Charles Bukovski

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