Tamoxifen parece promissor como agente antimaníaco em transtornos bipolares
Publicado em 02/04/2008
Novas pesquisas mostram que a droga usada em câncer de mama, tamoxifen, apresenta um efeito antimaníaco similar ao do lítio que foi bem tolerado tanto em homens como em mulheres com transtorno bipolar.
O estudo observou que 48% dos pacientes que fizeram uso de tamoxifen, um modulador seletivo dos receptores estrogênicos, apresentaram 50% de melhora nos sinais de mania, após 21 dias, em comparação a 5% dos pacientes que receberam placebo.
Pesquisas prévias sugerem que o tamoxifen corrige a atividade anormal da proteína C quinase no cérebro. A ativação excessiva da proteína C quinase no cérebro pode quebrar a regulação comportamental pré-frontal, possivelmente contribuindo para dificultar o julgamento, a impulsividade e outras características do distúrbio bipolar, principalmente, durante a mania.
Dr. Aysegul Yildiz, professor adjunto de psiquiatria da Dokuz Eylül University, em Izmir, Turquia, destacou ser esse o primeiro estudo “prova–de-conceito” do papel da proteína C quinase no desenvolvimento e tratamento da mania, com um desenho e com poder estatístico adequados. O estudo foi importante na compreensão da fisiopatologia do transtorno bipolar, que afeta milhões de pessoas em todo mundo. O artigo foi publicado no volume de março do Archives of General Psychiatry.
O estudo randomizado, duplo-cego de três semanas incluiu pacientes com transtorno bipolar de 18 a 60 anos que foram admitidos no Dokuz Eylül University Medical Center. A maior parte dos pacientes admitidos no estudo foi referida por dificuldade terapêutica. O escore inicial do Young Mania Rating Scale (YMRS) era, em média, de 38 em uma escala máxima de 60.
Após três semanas, o índice de resposta, definido como uma redução de 50% ou mais no escore YMRS inicial, foi de 48% (14 de 29) para o tamoxifen e de 5% (1 de 21) para o placebo.
O autor, contudo, relata que, apesar de seguro e efetivo para tratamento de curta duração, o uso prolongado de tamoxifen não é recomendado devido a seus efeitos colaterais como plaquetopenia.
Em um editorial que acompanha o artigo, Dr. Mauricio Tohen, do Lilly Research Laboratories, comenta que a piora dos pacientes com placebo poderia ser devido a apenas um centro focado no estudo. Ele diz que o estudo não pode ser generalizado.
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