Implementação de Ferramentas de Gestão da Qualidade
Boas Práticas de Fabricação: São normas e procedimentos exigidos na elaboração de produtos alimentícios industrializados para o consumo humano, conforme preconizado na portaria 368/97 do MAPA – Brasília –DF, com objetivo de garantir a qualidade sanitária dos alimentos evitando assim o prejuízo para a saúde humana.
Este conceito é negligenciado por falta de conhecimentos advindos das maneiras ou metodologias que são utilizadas para transmitir os cuidados higiênicos e as condições sanitárias exigidas pela natureza das operações de fabricação, equipamentos e utensílios usados no manuseio e manipulação das matérias primas até o produto final. Acreditamos que 90% da garantia na obtenção de produtos saudáveis e economicamente viáveis, estão na aplicação de BPF na indústria de alimentos. A primeira ferramenta de gestão da qualidade de processos e procedimentos a ser aplicada na industrialização de produtos alimentícios. A garantia de sua aplicação e consolidação de sua metodologia está no reconhecimento do proprietário da empresa ou de sua diretoria, que para fazer produtos com boa imagem e credibilidade é preciso garantir a aplicação de Boas Práticas de Fabricação, em toda cadeia do processo produtivo, desde a matéria prima até sua condições de distribuição.
Um processo de produção devidamente organizado e ordenado dentro dos princípios estabelecidos de BPF, facilita a gestão de sua fabricação em toda sua cadeia de produção, permitindo a identificação de falhas operacionais ou administrativas, que possam ocorrer durante o processo produtivo, facilitando e otimizando os custos de correção, reduzindo ou eliminando os prejuízos operacionais, que possam prejudicar e contribuir para inviabilizar o negócio.
A aplicação da ferramenta de BPF passa obrigatoriamente pelo conhecimento de processos e procedimentos, pois, o conhecimento puro da ferramenta de gestão da qualidade não garante sua aplicação e os resultados esperados pela gestão adequada desta ferramenta básica, para implantação de um verdadeiro sistema de gestão da qualidade. Pois, identificar as falhas, dificuldades, ordenar e buscar priorizar suas soluções, passa obrigatoriamente pelo conhecimento técnico operacional e de gestão do negócio.
As instruções operacionais devem fazer parte de um comportamento operacional dos manipuladores de uma maneira sistêmica e ordenada. Só possível de se conseguir com treinamento e capacitação dos manipuladores, tornando os verdadeiros proprietários de seus conhecimentos e responsáveis pelas suas ações e atos, é a chamada autogestão operacional dos processos e de conhecimentos.
Como aplicar estes princípios de BPF?
Fazer uma avaliação de cada planta de laticínios e estabelecer o trabalho a ser desenvolvido, cronograma de trabalho, necessidade de pessoal, investimentos, local de treinamento. Determinar o responsável e coordenador de cada planta, líder e provavelmente o facilitador e digitador das instruções operacionais. Isto precisará ser discutido pessoalmente, com o técnico, gestor de processos e procedimentos, respeitando as características e o volume operacional de cada planta, estabelecendo em conjunto com a equipe e o coordenador um planejamento de trabalho, que garanta a implementação de Boas Práticas de Fabricação. Para tanto é necessário um pré-estudo, que gerará um planejamento e um programa para aplicação de BPF, com cronograma de cada fase das tarefas e ações determinando as matrizes de responsabilidade desde diretores ou gestores de cada empresa – fábrica de laticínios, supervisores de processos, seção ou setores, garantindo desta forma o comprometimento e envolvimento de toda equipa de direção da empresa/fábrica.
Passos determinantes para implementação de BPF:
Demonstrar as vantagens técnicas gerenciais advindas da implementação das Boas Práticas de Fabricação, que vão além da obrigatoriedade regulamentada pela Portaria 368/97 do MAPA.
Treinar e capacitar os manipuladores, operadores criando um comprometimento de cada indivíduo com a equipe, estabelecer um conceito de relacionamento baseado na relação cliente fornecedor interno. (Mudança comportamental do individuo e equipe).
Respeitar os limites de capacidade de investimento de cada Fabricante ou empresa, garantindo o mínimo de condições para aplicação dos recursos necessários para produção de alimento.
Treinar e capacitar cada individuo manipulador de alimentos fornecendo conhecimento sobre BPF, dentro da necessidade efetiva para manipulação do alimento a ser produzido, respeitando as características determinantes de suas barreiras naturais, como sua microbiota natural, composição físico–química, e os tratamentos físicos a que são submetidos os produtos e a sua manipulação durante as diversas fases do processo de produção propriamente dita. Reduzindo e evitando o aumento da carga bacteriana, inviabilizando as condições sanitárias do produto manipulado.
Organizar, planejar a produção diariamente, evitando improvisações e desrespeito as Boas Práticas de fabricação. Estabelecer Matriz de Responsabilidade – definir Coordenador do Programa de Implementação de BPF – Líder – Analista de processo- multiplicador.
Ensinar e criar um novo conceito higiênico sanitário utilizando palavras claras, simples e de compreensão do publico alvo. Acompanhar o treinamento com explanação técnico teórico e verificando no local de trabalho a aplicação prática das BPFs.
Juntamente com a equipe buscar formas criativas e econômicas para facilitar o desempenho do trabalho dentro das condições exigidas para as práticas de BPF, no local de trabalho, equipamentos, processos, procedimentos, armazenagem, limpeza manuais, descrevendo sucintamente e claras estas normas de limpezas e cuidados sanitários, garantindo a aplicação e perpetuação de bons princípios operacionais, respeitando as BPF, características descritas e exigidas na portaria 368 /97.
Fazer uma auditoria periódica interna/externa, para avaliação dos cumprimentos das instruções de BPF e sua evolução na empresa. Avaliar as sugestões e sua validade técnica científica, o custo de implementação das modificações e o impacto no negócio.
A visão que temos sobre a utilização desta ferramenta garante 70% do sucesso de implantação de um sistema de gestão da qualidade, com a implementação também de outras ferramentas e sistemas de gestão como HACCP- Gestão Ambiental – ISSO 14000 – Qualificação de Fornecedores, Manutenção Seletiva – TPM – CDM , finalmente ou completando o ciclo Melhoria Contínua – ferramenta na filosofia ou conceito de Seis Sigmas.
Aproveitamos para esclarecer, por incrível que possa imaginar, a formação que adotamos na estruturação e formação de equipes para implementação de ferramentas de gestão da qualidade é a mesma estrutura utilizada para implementação de Melhoria Contínua. Onde utiliza a participação, o envolvimento e o comprometimento com os objetivos da equipe e de seus participantes, mantendo o espírito e a motivação utilizando da metodologia de implementação de sistema de melhoria contínua, não só determinando as matrizes de responsabilidades, mas, mantendo alimentação da automotivação necessária para implementação e implantação de mudanças comportamentais e de procedimentos operacionais, baseados em compensações e valorização de cada etapa cumprida dentro dos cronogramas traçados previamente, com conhecimento de toda a equipe. Os investimentos em equipamentos ou instalações são pequenos, cabendo ao engenheiro ou assessor responsável pela implantação o conhecimento do conceito principal da ferramenta de gestão de boas práticas de fabricação.
Levamos em consideração que os estabelecimentos que procuram implementar estas ferramentas de gestão da qualidade, já estão enquadrados dentro das normas sanitárias municipais, determinadas pelo ministério da saúde ou federais , enquadradas pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento, somado ainda as exigências técnicas-científicas que exigem os processos de segurança para industrialização de produtos alimentícios. O investimento é determinado pelo nível de conhecimento acadêmico formal e específico somado ao procedimento operacional e consciência da equipe da fábrica ou empresa que atua na industrialização de produtos alimentícios.
O fracasso da aplicação de ferramentas de gestão da qualidade ou de qualquer outra ferramenta de gestão da produção, passa essencialmente pelo fator comportamental, determinado pelo perfil da empresa e de seus dirigentes, gerentes e operadores,que determinam um comportamento padronizado, com uma visão otimista ou menos otimista. Isto dificulta e não permite o sucesso da implementação destas ferramentas.
Outro fator primordial advém de acumular aos gerentes ou supervisores de processo que estão envolvidos na administração diária da produção, a incumbência de implantar sistema ou ferramentas de gestão da qualidade, estes priorizam o curto prazo, se desorganizam, colocando em cheque a eficiência e credibilidade da ferramenta, devido a falta de tempo, conhecimento de metodologia para envolver seus subordinados e outros supervisores como mesmo nível na hierarquia de comando na fabrica ou empresa, pois, não consegue separar a assessoria do conhecimento, com julgamento de valor ou seja, faz juízo de valor da atuação de seus pares no desempenho de suas tarefas, gerando um comportamento de insatisfação da equipe e de seus pares que torcem par o insucesso do programa.
Em virtude do exposto, afirmamos e temos convicção que estas ferramentas devem seguir uma metodologia de transmissão de informação, conhecimento transmitidas ou ensinadas por técnicos com experiência e maturidade administrativa da produção, para capacitar multiplicadores de procedimentos operacionais requisitados pelas ferramentas , que não conflitam com as prioridades do negócio, qualidade, no custo e no tempo desejado e ditado pela necessidade do mercado consumidor.
Excesso de reuniões ou reuniões sem efeito de transformação, somente para trocas de idéias, sem resultado ou compromisso com datas de realizações das tarefas ou mesmo com suas efetivas realizações. Esta consultoria e assessoria poderão ser externas, mas os multiplicadores, analistas e os responsáveis pela sua implantação deverão ser membros da equipe, garantindo desta forma a atualização e manutenção do sistema.
Concluindo, a implementação e implantação das Boas Práticas de Fabricação são o termômetro para avaliar o sucesso do Sistema de Gestão Qualidade implantada pela empresa ou fábrica. O sucesso da implantação e implementação de ferramentas de gestão da qualidade não está nas suas formas autoritárias no cumprimento e utilização de seus uniformes de operadores e manipuladores. Vai mais além, pois contribuem para a formação de uma mentalidade progressista e para um ambiente sadio e progressista de trabalho.
Por: Marcos Antônio Macedo.
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