4.09.2008

TPM AFETA 80% DAS BRASILEIRAS

O PAÍS DA TPM
Estudo diz que problema afeta 80% das brasileiras. A primeira pesquisa abrangente sobre a ocorrência da Tensão Pré-Menstrual (TPM) entre as brasileiras revelou que 80% das entrevistadas disseram ter ou já ter sofrido com a síndrome. O percentual é bem mais alto do que os encontrados na Europa e nos Estados Unidos, onde pesquisas mostraram percentuais que variam de 40% a 50%. Seriam as brasileiras mais sujeitas ao problema? Ou estaria havendo uma interpretação errônea dos sintomas? A verdade é que os médicos não têm respostas precisas para essas questões. Mas estão em busca de uma compreensão maior sobre um problema que afeta muitas mulheres e, nas formas mais severas, pode levar a conflitos familiares e no trabalho e até mesmo a crises graves de depressão. O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Centro de Pesquisa em Saúde Reprodutiva de Campinas (Cemicamp) em grandes cidades das cinco regiões do país, com 860 mulheres entre 18 e 35 anos de idade. A análise mostrou que 62% entrevistadas afirmaram ter TPM, enquanto 18% disseram que já tiveram. - É difícil dizer que a brasileira é realmente mais afetada do que a americana ou a européia. A pesquisa é feita com questionário e depende muito de como as perguntas são formuladas - pondera o ginecologista Carlos Alberto Petta, da Unicamp, coordenador do estudo, financiado pela Bayer. - Mas as mulheres relatam que a TPM incomoda mais e isso deve ser levado em conta. O estudo é representativo da mulher moderna, que vive nas grandes cidades, trabalha e cuida dos filhos. Elas são bem diferentes das mulheres de 30, 40 anos atrás, que ficavam quietas em casa, não reclamavam com ninguém. Hoje, elas têm mais conhecimento e relatam o problema com maior freqüência. A TPM se caracteriza por uma série de sintomas físicos (como inchaço dos seios, dor muscular, dor de cabeça) e emocionais (irritabilidade, depressão, vontade de chorar, entre outros) provocados por alterações hormonais no organismo feminino, que ocorrem nos dias que antecedem a menstruação e somem dois ou três dias depois do início do fluxo. A grande maioria das entrevistadas (95%) revelou ter sintomas físicos e emocionais, sendo "nervosismo e ansiedade" e "dores e inchaços" os mais citados. APENAS 40% PROCURAM MÉDICO - Como os sintomas são muitos, diversos e compatíveis também com outros problemas, há o temor de que muitas mulheres possam ter a síndrome sem se dar conta ou ainda atribuir a ela efeitos de outras doenças. - Existem os dois lados - reconhece Petta. - Algumas mulheres não identificam dor de cabeça e depressão como sintomas de TPM, por exemplo. E há o outro lado, o daquelas que subestimam problemas dizendo que é TPM. De fato, desde que a TPM foi identificada como um problema real na década de 80, as revistas femininas trataram de popularizar a questão, produzindo milhares de reportagens sobre o tema. A TPM passou a ser assunto corriqueiro, tema de conversas informais e, claro, motivo de piada, sobretudo por parte dos homens afetados pela brusca mudança de humor de suas companheiras. - Pode ser que muitas mulheres estejam refletindo o efeito desse verdadeiro bombardeio de informação sobre o tema - reconhece o ginecologista Luis Bahamondes, também da Unicamp, coordenador do primeiro consenso latino-americano para o diagnóstico e tratamento da TPM. - Mas a pesquisa, que é bem abrangente, revela um problema freqüente e que merece atenção por parte dos médicos. E não estamos dando a atenção devida. A pesquisa mostra que apenas 40% das mulheres que se disseram afetadas pelo problema procuraram um médico. E boa parte dos médicos, por sua vez, sabe pouco sobre a síndrome, admite Bahamondes. As mulheres relatam que a maior parte dos médicos diz que o problema "é normal" e "que não há nada a fazer". A grande verdade é que ainda se sabe pouco sobre a TPM. Para os casos mais brandos, a receita é a de sempre: alimentação saudável, prática regular de exercícios físicos, consumo moderado de álcool. Alguns médicos prescrevem fitoterápicos e vitaminas, embora não haja estudo conclusivo sobre seus efeitos. Na manifestação mais severa, conhecida como Síndrome Disfórica PréMenstrual, quando há um impacto direto nas relações pessoais, nas atividades sociais e na produtividade profissional, os médicos podem lançar mão de pílulas contraceptivas (que regulam o ciclo) e de antidepressivos. Mas os especialistas estão em busca de mais respostas. O próximo passo será avaliar a opinião dos homens brasileiros sobre a TPM para identificar como a síndrome das mulheres os afeta e o que eles fazem para lidar com o tema. A pesquisa também vai analisa a opinião dos médicos para saber quais as perspectivas em relação à TPM e como o assunto é tratado com as pacientes. VEJA SE VOCÊ SOFRE DA SÍNDROME - A TPM se caracteriza pela manifestação recorrente (por mais de três ciclos seguidos) de sintomas físicos e/ou emocionais entre os dias que antecedem a menstruação e até dois ou três dias após o início do fluxo. De acordo com especialistas, a ocorrência repetida de apenas um sintoma (físico ou emocional) já caracteriza a forma mais branda da síndrome. Recomendase mudança de hábitos alimentares e estilo de vida. Se a mulher apresenta pelo menos cinco sintomas (sendo pelo menos um deles obrigatoriamente emocional), em sete ciclos ao longo de um ano está caracterizada a forma mais severa do problema, a Síndrome Disfórica Pré-Menstrual. Nesses casos, a mulher deve procurar um médico. O tratamento pode incluir pílulas anticoncepcional ou antidepressivos. SINTOMAS FÍSICOS - _ Fadiga; _ Dor de cabeça (cefaléia); _ Inchaço dos pés e das mãos; _ Dor nas mamas; _ Distensão abdominal; _ Cólicas; _ Alteração do apetite; _ Alteração do sono (aumento do sono ou insônia); _ Dor nas articulações e nos músculos. SINTOMAS EMOCIONAIS - Irritabilidade; _ Depressão ou desespero; _ Ansiedade e tensão; _ Tristeza repentina; _ Choro; _ Raiva e fúria; _ Oscilações súbitas de humor; _ Dificuldade de concentração; _ Baixa auto-estima; _ Desinteresse nas atividades habituais; _ Falta de energia.
Fonte: O Globo

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